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Teto de gastos é para garantir o ganho do banqueiro no fim do ano, diz Lula

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

26/04/2022 12h12

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender hoje a revogação do teto de gastos em um possível terceiro governo. Em pré-campanha, o petista tem proposto a revisão das reformas ocorridas no governo Michel Temer (MDB).

Em entrevista coletiva nesta manhã, Lula voltou a falar sobre a criação de uma nova legislação trabalhista e disse que o teto de gastos só serve aos mais ricos. Como no programa da Federação PT, PCdoB e PV, o pré-candidato tem adotado um forte tom à esquerda na pauta econômica.

"Nós não aceitamos a lei do teto de gastos. Ela foi feita para garantir que os banqueiros tivessem o deles no final do ano. Nós queremos garantir que o povo tenha o seu todo dia, todo mês, todo ano", afirmou o presidente a jornalistas da mídia independente e youtubers.

A lei, sancionada por Temer em dezembro de 2016, determina que o gasto máximo que o governo pode ter é equivalente ao Orçamento do ano anterior, corrigido apenas pela inflação.

Segundo Lula, a iniciativa prejudicou os investimentos sociais, em educação e na saúde. "Fazer política social não é gasto, é investimento", criticou o ex-presidente.

Lula falou também sobre a nova proposta de legislação trabalhista, compromisso citado no governo da Federação do PT e feita por ele em encontro com as maiores centrais sindicais do país no começo do mês.

Um grupo de empresários que, quando nós falamos em rever a reforma trabalhista, ficaram assustados. Mas nós temos que criar uma reforma trabalhista que seja adaptada à atual realidade do mundo de trabalho. [...] A gente quer uma mudança na estrutura da relação patrão-empregado e capital-trabalho que seja levada em conta os direitos que a sociedade brasileira tem que ter: descanso semanal remunerado, saber quanto vai ganhar por mês, seguridade social. Tudo isso vamos ter de discutir.
Ex-presidente Lula, pré-candidato do PT

Entre outros assuntos, o documento da federação propões a "implementação de uma nova reforma trabalhista construída a partir da negociação tripartite, que proteja os trabalhadores, recomponha direitos, fortaleça a negociação coletiva e a representação sindical, com especial atenção aos trabalhadores informais e de aplicativos."

O texto não é o mesmo que o programa de governo da campanha de Lula, que deverá ser debatido ainda com o PSB, com quem compõe a chapa por meio do vice Geraldo Alckmin, mas deverá servir como base.

O trabalho intermitente e a luta por direitos dos entregadores de aplicativo têm sido duas das pautas mais citadas pelo ex-presidente na reformulação da legislação trabalhista.

"Cada vez se ganha menos, uma informalidade muito grande. [Dizem] que entregador de aplicativo é empreendedor, Uber é empreendedor. Mas são pessoas que foram levadas a acreditar numa forma de emprego que o torna praticamente escravo de um patrão que ele não conhece", criticou Lula.