Outonos e invernos mais quentes colocam vidas de abelhas em risco

Outonos e invernos mais longos, com bom clima para os voos das abelhas, tendem a causar colapso de colônias na primavera, de acordo com um novo estudo da Universidade Estadual de Washington publicado na revista Scientific Reports.

As abelhas têm um papel crucial na produção de alimentos e na segurança alimentar, mas enfrentam desafios de sobrevivência devido às mudanças climáticas.

A pesquisa liderada por Kirti Rajagopalan também analisou os efeitos de se colocar as abelhas em abrigos frios fechados para que se juntem em suas colmeias antes de se desgastarem voando em busca de flores.

"Este é um caso em que uma pequena quantidade de aquecimento, mesmo no futuro próximo, terá um grande impacto nas abelhas", disse Rajagopalan ao site da universidade.

O estudo se concentrou na região do Noroeste do Pacífico dos EUA e teve como objetivos quantificar o efeito de outonos e invernos mais quentes na atividade de forrageamento (a busca e coleta de pólen, néctar e água, essenciais à sobrevivência das abelhas) das abelhas, na estrutura etária da colônia na invernada e nas perdas de indivíduos na primavera, além de avaliar o uso de abrigos frios fechados como estratégia para evitar os impactos negativos das mudanças climáticas.

Para isso, foram realizadas simulações usando o modelo de dinâmica populacional VARROAPOP impulsionado por projeções climáticas futuras.

Os resultados indicam que áreas geográficas em expansão terão outonos e invernos mais quentes, o que prolongará o tempo de voo das abelhas. As simulações apontam que os voos tardios na estação alteram a estrutura etária da colônia durante a invernada, favorecendo a população de abelhas mais velhas e aumentando os riscos de falhas das colônias na primavera.

"Três aspectos dos impactos das mudanças climáticas na dinâmica das colônias são evidentes ao comparar simulações com condições futuras e históricas. Primeiro, há um aumento na taxa de declínio populacional das colônias no outono. Isso se deve ao futuro prolongado clima de outono favorável ao voo e à mortalidade relacionada. Segundo, o período com uma população de inverno estável diminui. Terceiro, as temperaturas da primavera propícias para o voo começam antes do nascimento das crias", diz o estudo.

A intervenção de gestão, como o transporte das colônias para instalações de armazenamento a frio durante a invernada, tem o potencial de reduzir as perdas de colônias de abelhas. O abrigo evita o prolongado forrageamento, mantendo as colônias a uma temperatura constante de 4 °C durante o outono e o inverno. Descobertas recentes indicam que o armazenamento a frio pode aliviar alguns dos efeitos da temperatura ambiente na estrutura etária e aumentar a sobrevivência da invernada.

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As populações de polinizadores têm declinado constantemente em todo o mundo, levantando a preocupações sobre a segurança alimentar global e destacando a necessidade de proteger polinizadores para o bem-estar humano e dos ecossistemas. As causas atribuídas para o declínio dos polinizadores incluem mudanças nos padrões de uso da terra, perda de habitat, pressões de pragas e doenças, exposição a pesticidas e falta de forragem, agravados pela crise climática.

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