Lázaro Ramos: 'Hoje a sala de aula é um lugar difícil de promover educação'

Dentro das universidades, das empresas, no setor de entretenimento onde ele brilha, Lázaro Ramos acredita que o país está começando a encontrar sua identidade diversa, que às vezes nega.

"Somos plurais por excelência, é nossa característica e o nosso maior talento. A gente se perde quando esquecemos disso e começamos a querer unificar, somos diferentes e tá tudo certo com isso", diz o ator e diretor em entrevista a Ecoa.

Diversidade, aliás, sempre esteve presente em sua vida. Lázaro nasceu em uma família plurirreligiosa, o avô materno era pastor da Assembleia de Deus, a tia-avó, na casa onde morou e foi criado, era do candomblé, com quarto de santo, com quintal cheio de ervas, porque era benzedeira, a mãe era espírita, o pai agnóstico, tinha uns amigos que eram budistas.

Embora não tenha se iniciado, Lázaro diz que, na casa onde morou, o candomblé sempre foi um lugar de acolhimento para ele. "Tenho respeito e conhecimento pela história da minha família."

Ele acrescenta que sua relação com o candomblé tem hoje também um papel político. "Quando existe por parte de algumas pessoas uma tentativa de impor apenas uma religião predominante é importante falar e valorizar e respeitar as religiões de matriz africana."

'A sala de aula deveria ser um lugar apaixonante'

Lázaro Ramos conversou com a reportagem de Ecoa, após participar de um debate sobre ancestralidade e futuros plurais, que abriu a segunda edição do Festival LED - Luz na Educação, que aconteceu este mês no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Cerca de 400 pessoas lotaram o auditório para a mesa que teve também as presenças da escritora Ana Maria Gonçalves e do escritor indígena Daniel Munduruku.

De olho no apresentador Luciano Huck, que fez a mediação do debate, muitas pessoas foram para o auditório com placas pedindo ajuda para encontrar familiares. Após o painel, não foi uma tarefa simples chegar até o ator, que atendeu praticamente todos os muitos pedidos de selfie.

Questionado pela reportagem sobre a possibilidade de escolas conectarem ensino com saberes ancestrais, tema da mesa que participou, Lázaro defende que, antes, é preciso repensar a educação.

"A sala de aula deveria ser um lugar apaixonante.Tem várias iniciativas positivas.Hoje em dia a sala de aula é um lugar muito difícil de proporcionar educação", diz.

Ele cita, por exemplo, o desafio de professores para transmitirem conteúdos que estão facilmente disponíveis em poucos cliques na internet. "A questão também passa por aí, a escola precisa evoluir", ressalta Lázaro.

Na opinião do ator, é preciso falar sobre tecnologia da educação e sobre a maneira de ensinar hoje em dia. "Ainda faz sentido uma sala de aula onde fica uma pessoa na frente e cadeiras em frente a ela observando? Será que a educação circular não faz mais sentido hoje em dia, onde um olha nos olhos do outro?", questiona o ator.

Para ele, não adianta falar da precarização da escola e da profissão de professor e esquecer do papel da tecnologia na educação. "A informação está em quase todos os lugares, o celular dá acesso ao mundo, mas o que é que se está fazendo com isso?", indaga Lázaro.

Sucesso nas telas

Lázaro acaba de estrear o filme "Um Ano Inesquecível - Outono", um musical, dirigido por ele para a plataforma Amazon Prime Video, que tem os atores Gabz e Lucas Leo no elenco principal e participações de Lulu Santos e a estreia da Iza como atriz. "É uma homenagem à música brasileira", diz.

Além disso, o ator conta que está participando de outros três filmes, ainda em fase de roteiro. Segundo ele, tem trama infantil, drama e ação. "Estou querendo experimentar novos gêneros."

O primeiro longa dirigido por Lázaro, "Medida Provisória", foi uma das maiores bilheterias de 2022. Neste ano, o longa concorre em mais de 10 categorias no 22º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, que acontece em agosto no Rio de Janeiro.

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