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Ruby Fofa: Cachorra adotada viaja na garupa de motoboy distribuindo ração

A dupla ganhou sucesso nas redes sociais e já doou mais de 5 toneladas. - Arquivo pessoal/Miguel Pereira de Souza Junior.
A dupla ganhou sucesso nas redes sociais e já doou mais de 5 toneladas. Imagem: Arquivo pessoal/Miguel Pereira de Souza Junior.

Giacomo Vicenzo

De Ecoa, Em São Paulo (SP)

10/01/2023 06h00

Com trajes de motociclista adaptado, capacete e óculos está a cachorrinha Ruby Fofa na garupa do motoboy Miguel Pereira de Souza Junior, 51. Ela o acompanha assim há cerca de nove anos em entregas e passeios.

Com mais de 136 mil seguidores nas redes sociais, a amizade entre cadelinha e o humano começou em 2013, quando Miguel a avistou molhada de chuva e assustada embaixo de um veículo estacionado no bairro do Capão Redondo, zona sul de São Paulo.

"Na época, visitava o irmão da minha ex-namorada e com a ajuda dela levamos para dentro da casa, demos banho quente e a enxugamos", recorda.

Sempre que saia para trabalhar, Ruby seguia. Até que Miguel decidiu levá-la em uma das entregas, o que garantiu muitos olhares curiosos pelas ruas e pessoas tirando fotos.

"Meus amigos sempre falavam que seria legal criar um perfil para mostrar o nosso dia a dia. Há cinco anos compartilho nossa rotina nas redes sociais e ganhamos muitos seguidores", conta o motoboy.

Delivery de ração para cãezinhos de rua a bordo da moto

Resgatar Ruby das ruas, tratar um tumor que o animal tinha no útero e outros problemas de saúde foram experiências que fez com que Miguel passasse a pensar também em outros animais abandonados, que não tiveram a mesma sorte da cachorrinha motoqueira.

Ruby Fofa e seu tutor Miguel distribuem ração pelas ruas da capital de São Paulo. - Arquivo pessoal/Miguel Pereira de Souza Junior. - Arquivo pessoal/Miguel Pereira de Souza Junior.
Ruby Fofa e seu tutor Miguel distribuem ração pelas ruas da capital de São Paulo.
Imagem: Arquivo pessoal/Miguel Pereira de Souza Junior.

"Esse amor que ela despertou em mim me fez querer fazer mais do que só postar nosso dia a dia nas redes. Pensei que enquanto ela come ração e franguinho desfiado, outros animais estão passando fome e frio nas ruas", dize o tutor de Ruby.

Foi nesse momento que as entregas pelo centro e pela zona sul de São Paulo ganharam paradas extras para ajudar outros animais abandonados ou de pessoas em situação de rua.

"Penso que até mesmo um motoboy como eu, que não tem um salário tão alto, pode fazer alguma coisa para ajudar", diz.

Bolsa ração para cachorro

O sucesso nas redes fez com que a empresa Specialdog, que é fabricante de rações, fechasse uma parceria com a dupla, passando a doar cerca de 150 quilos de ração por mês.

"Intensifiquei essas doações na pandemia de covid-19, pois percebi que os cães de rua tinham menos ajuda. Além disso, aumentou o número de pessoas desempregadas que não tinham mais como alimentar seus bichinhos", conta Miguel.

Miguel encontrou Ruby no Capão Redondo - Zona Sul de São Paulo. - Arquivo pessoal/Miguel Pereira de Souza Junior. - Arquivo pessoal/Miguel Pereira de Souza Junior.
Miguel encontrou Ruby no Capão Redondo - Zona Sul de São Paulo.
Imagem: Arquivo pessoal/Miguel Pereira de Souza Junior.

O motoboy, então, criou uma espécie de cadastro que ajuda algumas famílias que estão passando por dificuldades financeiras.

"Os saquinhos de ração que distribuía nas ruas eu chamava de 'saquinho mata fome', mas como tinha muita ração criei a 'Bolsa Ração Ruby Fofa', e doava principalmente para as pessoas que estavam em dificuldade por conta da pandemia", diz.

A ação ganhou nome: Projeto Ruby Fofa e com a cachorrinha na garupa, Miguel já doou mais de 5 toneladas de ração. Atualmente, porém, o foco é ajudar pessoas em situação de rua e cães abandonados.

"Mas ainda assim, quando alguém desempregado ou alguma ONG me pede ajuda com ração eu faço doações também", afirma.

Marcio Saad, 61, que trabalha na área comercial, foi um dos ajudados por Miguel e Ruby:

"Passei por um período de muita dificuldade financeira e de trabalho, principalmente durante a pandemia. Eles me ajudaram por cerca de um ano. Quando me restabeleci, os ajudei com alguns sacos de ração, para que pudessem ajudar outras pessoas", conta Saad.

Sucesso revertido em ajuda

Aproveitando o sucesso das redes, o motoboy criou produtos personalizados da Ruby Fofa, que ele transformou em marca registrada e usa parte do faturamento para ajudar no projeto de doação de ração.

"O faturamento dos produtos que vendo pelas redes sociais ainda é baixo, mas praticamente 50% do lucro é usado para ajudar no projeto e comprar ração para cães abandonados", conta o motoboy.

Colaborar e conscientizar a adoção de animais abandonados também faz parte das bandeiras defendidas pelo tutor da cachorra Ruby, que posta sobre o tema nas redes sociais e por vezes faz pontes que ajudam cachorros sem lar a encontrarem uma família adotante.

"Os animais abandonados também são um problema de saúde pública e todos temos o dever de cuidar da nossa sociedade. Todos esses cachorrinhos de rua têm o potencial de ser uma Ruby, eles só precisam de alguém que os resgate e dê amor, assim como eu fiz", comenta.

Como ajudar?

O Projeto Ruby Fofa aceita doações por meio da chave Pix: (projetorubyfofa@gmail.com). Para mais informações de como ajudar - entre em contato com o criador por meio das redes sociais.