Como um jardim comestível pode mudar a alimentação de moradores de SP

"Minha vida mudou ao conhecer o jardim. Comecei a ajudar por lá e percebi que poderia deixar minha alimentação mais saudável", quem diz é o ajudante de jardinagem Reginaldo Guaianazes. Ele foi um dos beneficiados pela criação de um jardim comestível na zona leste de São Paulo. Os jardins integram ação do projeto "Fértil Coletivo" e doará mini hortas para os moradores da região.

A primeira dessas hortas foi inaugurada no dia 20 de agosto, no Parque Municipal Linear Guaratiba, em Guaianases. Os canteiros ornamentais e comestíveis fazem parte da 1ª edição do projeto "Jardins Comestíveis", que foi idealizada em uma parceria entre o artista Jean Paul Ganem, referência em Land Art, e a eco cozinheira permacultora Bia Goll.

Relacionadas

Plantando miniflorestas em escolas, projeto aproxima crianças da natureza

Guerra, pirâmides e agrofloresta: Como era a Amazônia 8 mil anos atrás?

Não é mato, é PANC: Elas te fazem viver mais e ajudam a salvar o planeta

"A estação de trem próxima faz com que o parque esteja muito movimentado. Temos também muitos grupos escolares que são supervisionados por nossos educadores", ressalta Jean Paul.

De acordo com eles, a ação despertou a consciência das pessoas sobre a boa alimentação. "Devemos deixar a natureza voltar para a cidade. Flores e frutos no chão são adubo e vida, não sujeira. Deixar os chãos dos parques e ruas ricos em folhas, galhos, flores, fungos, bichinhos, insetos traz abundância de saúde e beleza. Também cuidar dos resíduos orgânicos e evitar gerar lixo não usando descartáveis ou sacolas plásticas, são algumas das mensagens que essa obra transmite", destacou Bia Goll.

Ela conta que a montagem foi feita pela equipe da dupla e de vizinhos contratados. As mudas foram plantadas por moradores do bairro e os canteiros que permanecem fazem parte da jardinagem do parque.

Reginaldo Guaianazes chegou como morador interessado no jardim e ficou. Trabalha nos canteiros e lembra que tinha uma alimentação muito desregrada antes de ter contato com a terra.

"Eu monto o jardim, monto os canteiros, rego as plantas todo dia. Para mim, foi diferente até porque nunca tinha trabalhado com isso. Estou mudando minha alimentação por causa disso. Eu não comia legumes, não comia verduras, salada... É incrível poder trabalhar com plantas", diz.

Outra mudança significativa que veio com o jardim tem a ver com a saúde. "Eu tinha muito problema com a saúde. Já estou eliminando esses problemas. Então, fez muito bem para mim poder estar trabalhando com essas plantas comestíveis. Poder ajudar a cuidar dessas plantas, virou um hobby. Já estou pensando em levar a ideia para minha casa. Dá para fazer uma hortinha para mim. Uma pequena na minha casa", diz.

Jean Paul e Bia são amigos há alguns anos e, segundo ele, a ideia de criar um jardim comestível surgiu ao perceber as ações da amiga relacionadas com a alimentação, plantas comestíveis e hortas.

O artista conta que entendeu rapidamente que uma parceria dos dois seria interessante e garantiria uma integração da obra ao ambiente social, com a participação de moradores locais.

O projeto foi conduzido respeitando a população local, ouvindo e incluindo moradores no processo. Escolheram as plantas comestíveis e muitos ajudaram na plantação.

"Servir comida de verdade todos os dias para os participantes do projeto, ter todos os dias educadores ecológicos apresentando o parque e a obra gerando envolvimento dos moradores com a natureza da cidade... Isso traz uma riqueza social importante para a obra, tornando-a além de inspiradora bem ativista socialmente", diz Bia Goll.

A intenção da dupla de amigos é levar os jardins a outros locais da cidade, sempre com o mesmo modelo de participação da população local. Para isso, o projeto está em contato com a prefeitura e com grupos privados, em busca de parcerias.