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Tony Marlon

Não desista da boa política

Tony Marlon

03/10/2020 04h00

O Fundo Partidário distribuiu pouco mais de 2 bilhões de reais para que candidatos e candidatas levem suas ideias às campanhas municipais em 2020. Dois dos 33 partidos existentes decidiram abrir mão do recurso.

Se faz ou não faz sentido botar dinheiro do público, o seu e o meu, em campanhas políticas cada vez mais caras, e que muitas vezes não apresentam nada ao eleitorado, isso pode ser tema de uma conversa de futuro próximo.

O fato é que, neste momento, dois bilhões de reais estão rodando intensamente em cofres de dezenas de partidos Brasil afora, o que cria uma falsa ideia de que todo mundo terá condições iguais de contar por que merece o seu voto. Acredite, as condições não serão iguais.

É bem provável que aquela pessoa que cresceu com você, moradora respeitada do bairro ou até mesmo uma parente próxima que está se candidatando tenha acesso a quase nada de dinheiro para fazer a campanha. Caso ela seja uma pessoa comum feito nós, obviamente.

Supondo que você confie e queira entregar seu voto a essa pessoa, quero dizer que as chances diminuem muito se uma candidatura não se torna conhecida de mais pessoas além de você e da sua rua.

A questão é que todo esse dinheiro rolando solto por aí, rola solto por aí em geral entre as mesmas pessoas, rodando entre as mesmas mãos de sempre. As portas trancadas, meia dúzia de quem manda no partido irá decidir quem ficará com o maior pedaço deste bolo chamado fundo eleitoral. E quem voltará dessa festa - a da democracia, como sempre dizem e já cansou - sem nem ter chegado perto da mesa em que o bolo estava.

Em resumo: apesar de o Fundo Eleitoral ser uma enormidade de dinheiro, e é uma enormidade de dinheiro, e do público, que somos eu e você, sua candidata ou candidato precisará do seu apoio, diga-se, dinheiro também, para conseguir carregar sua esperança de futuros melhores para dentro de um mandato eleito.

Não, uma campanha não é apenas sobre dinheiro. Você pode, por exemplo, fazer parte do grupo de voluntários, ajudar a espalhar as ideias que você acredita, contar a história do seu candidato, da sua candidata, em todo canto. Mas é que, mesmo assim, adesivos, bandeiras e afins vão precisar ser pagos em algum momento. E é aí que entra o dinheiro. E talvez, você.

Beatriz Mazzei, repórter da Alma Preta, contou há alguns dias em ECOA histórias de quem está criando jeitos mais democráticos de distribuir os recursos do fundo eleitoral entre as candidaturas. Falou também sobre as doações de pessoa física e jurídica - as empresas.

Sim, tem uma COVID-19 ali fora na espreita, só esperando a gente acreditar que é uma gripezinha, apesar de ter matado centenas de pessoas até aqui. Estamos em meio ao maior desafio da nossa geração e uma multidão de nós tem, quando não se equilibrado entre as necessidades, apoiado quem está sofrendo ainda mais com essa pandemia infinita. Obviamente, este convite não é para essa pessoa. Os dias tem pedido seus olhos para outras urgências, obviamente.

Fica aqui o convite para você que pode e tem interesse de estar de alguma maneira ajudando a carregar as ideias que acredita, por meio de uma candidatura. Como escutei outro dia, a política é importante demais para ficar apenas na mão dos políticos. Então, se você acreditar verdadeiramente em alguém, envolva-se.

Só confirme antes se a pessoa em questão acredita numa política que inspira e emociona esperança. Ou se é apenas o mais do mesmo que mobiliza pelo medo, com muita fake news e por um projeto de poder que não aceita a existência de quem pensa diferente. Se for este último caso, por favor, fuja.