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Eduardo Carvalho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

União pelo ambiente

Paloma Costa ao lado de Greta Thunberg durante Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York -  Johannes EISELE / AFP
Paloma Costa ao lado de Greta Thunberg durante Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York Imagem: Johannes EISELE / AFP

21/04/2021 06h00

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Num retrospecto dos últimos anos, poucas são as ações que unem com engajamento grande parte da sociedade civil brasileira por uma única causa. Ainda que no contexto da pandemia da covid-19 tenham sido eles (nós) a chamar pra si a responsabilidade em mobilizações para o combate à fome e ao vírus que faz, do Brasil, o país com mais mortes no mundo, o mesmo não se dá com outros temas, tidos como 'identitários' ou 'panfletários'.

Mas há um único assunto que provoca união neste polarizado cenário: o meio ambiente. Artistas das mais variadas vertentes, influenciadores, líderes de movimentos territoriais, todos em coro uníssono pela preservação daquilo que nos sustenta enquanto país e mundo.

Com um desmatamento da Floresta Amazônica sendo o maior registrado para o mês em dez anos, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em documento lançado na última segunda (19), revela a importância da mobilização.

Recentemente, líderes juvenis do grupo Fridays For Future Brasil elevaram a discussão para o campo jurídico em São Paulo, exigindo que a meta brasileira para o Acordo de Paris, assinada no fim de 2020, seja anulada. Para eles, o documento viola o tratado do clima. A ação é apoiada por oito ex-ministros do Meio Ambiente.

Além disso, os jovens Txai Bandeira Suruí, Paloma Costa, Paulo Ricardo Santos, Thalita Silva e Silva, Marcelo Rocha e Daniel Holanda, pedem para que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o ex-ministro Ernesto Araújo e a União sejam responsabilizados pela "pedalada" climática.

Em nível internacional, a Cúpula do Clima, chefiada pelo presidente dos Estados Unidos Joe Biden, começa amanhã, 21. Será o primeiro encontro do recém-eleito presidente com Bolsonaro, que traz na sua realização fatores urgentes.

Antevendo o momento, mais de 199 entidades brasileiras assinaram no início do mês uma carta aberta ao presidente dos EUA, alertando que um acordo de cooperação entre os Estados Unidos e o governo Bolsonaro traria riscos para o meio ambiente, os direitos humanos e a democracia. Para as proponentes do documento, as negociações a portas fechadas "representam um endosso à tragédia humanitária e ao retrocesso ambiental e civilizatório imposto por Bolsonaro".

Anteontem, parlamentares (senadores Randolfe Rodrigues e Jaques Wagner; o deputado Alessandro Molon) e integrantes de diferentes frentes (cantor Caetano Veloso, a produtora Paula Lavigne, a cientista política Ilona Szabó e o advogado Pedro Abramovay, diretor da organização não-governamental Open Society) se reuniram com líderes dos Estados Unidos, Alemanha, Noruega, Reino Unido e a delegação da União Europeia no Brasil para também pedir que haja atenção na negociação com o presidente Jair na área ambiental.

Defender a Amazônia, o clima e todo seu ciclo é um bem coletivo, e parece ser uma plataforma importante de defesa a ser observada para quem quer chegar ao poder em 2022. Quem desmata e não queremos, nós já sabemos.