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Montadoras globais esperam quedas no segundo semestre

Por Helen Massy-Beresford e Jo Winterbottom

Da Reuters, em Paris (França) e Milão (Itália)

01/07/2010 17h53

As montadoras de veículos esperam uma queda nas vendas do segundo semestre após o fim dos programas governamentais de incentivo ao consumo e pela cautela dos consumidores diante da incerteza da economia. Os programas de incentivo à troca de veículos estão finalizados ou se encerrando na Europa, e montadoras e analistas indicam que preocupações com a economia e medidas fiscais, como aumento de imposto na Espanha, possam prejudicar uma indústria que está caminhando para sair da crise com dificuldade.

As vendas de veículos na Itália caíram 19,12% em junho, apontam números do Ministério dos Transportes. Enquanto isso, as vendas do primeiro semestre foram 2,9% maiores na comparação anual, percentual que mascara a real tendência da demanda. "As vendas nos primeiros três meses, que pegaram o final dos incentivos de 2009, continuam, de fato, a ter um considerável peso no total acumulado", disse Gianni Filipponi, diretor geral da associação de montadoras estrangeiras (UNRAE).

O grupo de pesquisa Promotor afirma que o segundo semestre terá uma performance marcadamente negativa: "Uma recuperação moderada da economia está começando a surgir, mas parece ser incentivada primariamente pela demanda externa, enquanto a demanda por bens de consumo continua fraca no geral e particularmente fraca no setor de bens duráveis".

"A crise econômica está atingindo principalmente as famílias este ano", acrescenta a empresa. A venda de carros para consumidores caiu 30,45% em junho, enquanto as compras de clientes corporativos subiram 15,93%.

INCENTIVOS
Na França, as vendas de carros em junho caíram 1,2% sobre o ano anterior, informou a associação da indústria CCFA. O esquema de incentivo do governo para troca de veículos velhos por novos ainda continua, mas a partir desta quinta-feira (1) os motoristas recebem apenas 500 euros em vez de 700 para trocarem seus veículos. No ano, as vendas de veículos na França subiram 5,4%.

Na Espanha, as vendas subiram 25,6% em junho, último mês do programa de incentivo governamental às vendas de veículos. Em maio houve alta de 44,6%, e a associação de montadoras Anfac afirmou que o aumento não iria durar. "No segundo semestre esperamos que a tendência piore, com quedas de mais de 30% por causa da situação econômica, contração da demanda doméstica, aperto no crédito, alto desemprego, aumento de dois pontos no imposto sobre valor agregado e fim do Plano 2000E (subsídios do governo)", afirmou a Anfac.

Na Rússia, país que já foi considerado candidato a superar a Alemanha como maior mercado de veículos da Europa antes da crise atingir a demanda, incentivos e recuperação econômica impulsionaram as vendas da fabricante da marca Lada AutoVAZ, cujas vendas em junho dispararam 77%.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, dados desta quinta mostraram ganhos, mas analistas alertaram que os números podem mostrar que o ritmo de expansão está desacelerando, o que está disparando temores sobre uma interrupção na recuperação da economia. O presidente para América do Norte da General Motors, Mark Reuss, afirmou a analistas que a fase atual é de "uma recuperação ainda muito delicada".

No Japão, analistas evitam arriscar como serão as vendas depois de 30 de setembro, quando expira o programa de incentivo à compra de veículos novos. "É muito difícil ter uma leitura sobre as vendas em outubro e adiante", disse Michiro Saito, representante da associação de concessionários do Japão. "Sabemos que a demanda vai cair. A dúvida é em que intensidade e por quanto tempo."

(Reportagem adicional de Chang-Ran Kim, Nigel Davies, Suh Kyungmin, Ben Deighton e Soyoung Kim)