'Carro non grato': veja 10 modelos que não foram bem-vindos no Brasil

Após a polêmica levantada pelo discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra que ocorre na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu classificou o chefe do Executivo brasileiro como 'persona non grata'. Isso quer dizer que, até que faça algum tipo de retratação, Lula não é bem-vindo no país do Oriente Médio.

Quando o assunto são os carros, também podemos falar em modelos que fazem os brasileiros "torcerem o nariz". Ainda que as montadoras façam todo um trabalho aprofundado em sua linha para evitar comercializar um modelo que venha a se tornar "non grato", nem sempre conseguem evitar. Por isso, destacamos exemplos de modelos que sentiram o peso da rejeição e não conseguiram reverter a situação até hoje.

Fiat Marea

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Imagem: Divulgação

O que acontece quando a complexidade da mecânica é maior do que a capacidade das oficinas? O Marea mostra. Nos anos 2000, motores 5 cilindros e cabeçote multiválvulas ainda não eram muito difundidos.

Além de o Marea vir com eles, tinha bobinas individuais, variador de fase e até refrigeração a sódio na válvula de escape. Como as ferramentas e a execução dos reparos não eram refinados o bastante para ele, recebeu muitas gambiarras.

Ainda houve um erro da própria Fiat ao informar o intervalo de troca de óleo, definido para 20 mil km (sendo que o correto é até 10 mil). Além disso, seu motor requeria óleos de qualidade superior, mas nem sempre os donos os utilizavam.

Como resultado, alguns anos se passaram e era difícil encontrar um exemplar que não tivesse sido mal tratado. Muitos quebraram, a manutenção era cara e, assim, a má fama se instaurou.

Hyundai Veloster

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Imagem: Divulgação
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Por ter mecânica de HB20, o Veloster não era problemático, pelo contrário. Ainda assim, isso foi o que levou à sua má fama. Na época do seu lançamento, divulgava-se que tinha sistema de injeção direta, 140 cv e consumo que chegava aos 15,4 km/l.

O ponto é que não só tudo isso estava errado, como também era mais lento do que o hatch compacto da marca, por ser mais pesado. Ou seja, de veloz não tinha nada, e assim virou piada no país.

Com sistema de injeção indireta, desenvolvia até 128 cv e 16,1 kgfm no etanol, com capacidade de acelerar até 100 km/h em 12,8 segundos. Entre dezembro de 2011 e fevereiro de 2014, período em que o Veloster esteve oficialmente à venda no mercado brasileiro, foram 13.321 unidades emplacadas no total.

Ford Fiesta

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Imagem: Murilo Góes/UOL

O Fiesta da última geração, lançado em 2013, foi quem mais concentrou a má fama decorrente do câmbio automático Powershift, que também equipou Focus e EcoSport. Tamanha dor de cabeça por caras e recorrentes quebras, a transmissão chegou a virar alvo de abertura de processo administrativo pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor.

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Entre os principais sintomas do câmbio quando apresenta problemas estão trancos no engate das marchas, atrasos nas mudanças, seleção apenas de marchas pares ou ímpares, nenhuma marcha engatar, superaquecimento, ruídos estranhos e por aí vai.

Se não fosse pelo equipamento, o trio que o recebeu em seus conjuntos mecânicos não teriam má fama e a depreciação acelerada que os acomete no mercado de usados.

Chevrolet Captiva

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Apesar de ainda ser um SUV refinado até hoje, é "non grato" entre os brasileiros. Isso fez com que ficasse relativamente acessível no mercado de usados, algo que o torna uma tentação perigosa, por assim dizer.

Entre os principais defeitos crônicos que o levaram a ter má fama estão problemas de compressão de cilindro, quebras do câmbio em suas duas motorizações e defeito no módulo que faz o carro apagar do nada (e causar acidentes).

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Para piorar, o conserto dos problemas não costuma ser barato, pois envolve muito tempo de mão de obra e peças caras - principalmente em relação ao preço do carro em si. Além disso, como mais de uma década se passou em relação aos primeiros anos de fabricação do modelo, são grandes os potenciais danos acumulados em uma quantidade maior de carros nos dias atuais.

Citroën C4

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Com exceção ao Cactus, o C4 mais atual, os problemas são os mais diversos, a depender de qual modelo estivermos falando. Nos aspirados (hatch, Picasso e Pallas) com câmbio automático, são recorrentes os problemas de quebras do câmbio automático AL4.

Nas versões turbinadas (Lounge e Picasso) antes de 2016, o motor é famoso pelas quebras da bomba de alta pressão, junta de válvulas e do kit de corrente de comando.

Mais uma vez, os defeitos são caros de arrumar e nada impede que eles voltem a aparecer. Apesar de serem pontos bem conhecidos das oficinas, ainda há aquelas que recorrem a meios inadequados para o conserto, o que costuma aumentar ainda mais a rapidez com a qual o veículo apresenta problemas e agravar ainda mais a situação.

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Peugeot 207

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O carro é bem completo para a sua categoria e em relação aos rivais de sua época, ao mesmo tempo que custa abaixo da média nos classificados. Isso se deve por alguns motivos. O primeiro deles é o problema recorrente de queima da junta do cabeçote no motor 1.4, o que leva à mistura de óleo e líquido de arrefecimento - que mais parece uma espécie de doce de leite gosmento.

As outras questões são a quebra do câmbio automático (o mesmo que equipou o Citroën C3 e o C4), bem como fragilidade nas bieletas, no conjunto traseiro da suspensão e vazamento de um capacitor que atua dentro do módulo do carro (que, por sua vez, compromete a placa e leva à falha de funcionamento). A mão de obra tem que ser qualificada para diagnosticar e resolver alguns dos problemas que o carro apresenta.

Chery Celer

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Imagem: Divulgação
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O primeiro modelo nacional da marca chinesa é outro que costuma sobrar no mercado de usados e não faltam motivos para isso. Há donos que relatam folga no pedal de freio, problemas elétricos (alguns que podem impactar no funcionamento do motor, como defeitos no módulo), ruídos nas caixas de marchas e até mesmo quebras. Além disso, encontrar algumas peças de reposição não costuma ser tarefa fácil.

Ainda tem fama de beberrão, como aponta o Inmetro na homologação de consumo, seja para o hatch, quanto para o sedã - 6,3 km/l (etanol/cidade), 8,3 km/l (etanol/estrada), 9,2 km/l (gasolina/cidade) e 12,1 km/l (gasolina/estrada), números idênticos para ambas as carrocerias.

Audi A1

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Imagem: Divulgação

Apesar de charmoso, o Audi A1 não teve muita procura pelo fato de ser um carro premium (logo, caro) mas pequeno. Muitos preferiram juntar um pouquinho mais para comprar um A3, isso quando não partiam para um Volkswagen Golf, que era muito similar, mas mais em conta. Hoje em dia, a lógica não mudou muito, o que mostra que compactos premium são carros "non gratos" no Brasil.

Além disso, comum à maior parte dos carros com injeção direta, o A1 era hipersensível a gasolinas de baixa qualidade, o que provocava problemas severos de funcionamento e nos bicos injetores, além de carbonização dos cilindros.

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Outro ponto crítico é o problema de falhas na mecatrônica do câmbio automático de dupla embreagem, que simplesmente para de engatar as marchas ou funciona com dificuldade. Tudo sai muito caro para arrumar.

Renault Scénic

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Imagem: Divulgação

A minivan começou sua vida vendendo bem, mas ganhou bastante rejeição ao longo dos anos, principalmente quando já havia saído de linha.

As versões automáticas são problemáticas, justamente pelo equipamento ser o mesmo dos "primos" da Peugeot e Citroën dos anos 2000, mudando apenas a calibração e outros pormenores. Trata-se do Renault mais pesado com o conjunto, que o leva a trabalhar de maneira mais forçada.

O Scénic também ficou famoso pelos problemas elétricos, bem como por falhas de funcionamento do ar-condicionado, do airbag e da suspensão, que costumava apresentar barulhos de forma relativamente precoce.

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Além do mais, não perdoava na hora de abastecer, já que apresentava altos números de consumo. Como é típico das minivans, alguns motoristas também não gostavam muito da posição pouco ergonômica ao volante.

Subarus da década passada

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O receio do mercado não tem a ver com algum modelo específico da marca japonesa, mas sim com a disponibilidade de peças de reposição. Como a operação da Subaru no Brasil é pequena, o pós-venda para veículos com mais de alguns anos de fabricação - sejam eles o Impreza, o Forester, o Legacy ou o XV, por exemplo - se torna algo caro e complicado.

Além do mais, segundo relatos de vários donos nas redes sociais, é comum que as estadias em oficinas mecânicas venham a se tornar prolongadas.

Tudo isso leva à queda na liquidez dos veículos no mercado de seminovos - outro ponto de queixa dos donos que querem vender seus carros. Isso mostra como não são apenas os problemas de qualidade que fazem carros se tornarem "non gratos", até porque a Subaru faz carros muito bons.

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