Não é só ar: motoristas de app cobram por água e até rádio ligado do carro

Os motoristas de aplicativo têm aderido cada vez mais à moda das plaquinhas para que os passageiros escolham pagar por serviços adicionais ou até produtos. Alguns deles têm levantado polêmicas, como foi o caso da cobrança pelo uso do ar-condicionado por valores entre R$ 2 e R$ 5. Mas os profissionais das corridas não param por aí.

Na mesma semana em que o caso do ar-condicionado começou a circular nas redes, a Nahuara, que foi passageira em uma corrida da Uber na manhã do dia 28, fotografou uma plaquinha onde, supostamente, o motorista estava cobrando pelo uso do rádio.

Quando postei nas redes, a publicação fez muito sucesso. Muitos ficaram chocados. Mas como cobrar para ouvir música chega a ser algo realmente absurdo, houve pessoas que questionaram se o código do pix na plaquinha seria, na verdade, meio alternativo para o pagamento da corrida. O ponto é que aquilo não estava bem explicado e parecia ser mesmo uma cobrança para ouvir música. Nahuara, passageira da Uber.

Sobre o caso do ar-condicionado

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Imagem: Divulgação

No final do dia, a diferença entre o uso e o não uso do ar-condicionado costuma ser de R$ 15 a R$ 20 para o bolso do motorista. Ainda que alguns possam achar que é pouca coisa, não devemos nos esquecer que a quantia deve ser multiplicada pelo número de dias que o profissional trabalha em um mês. Ao final do período, deixa-se de encher um tanque por completo em até três vezes. Pensa só quantas corridas a mais o motorista faz ou deixa de fazer, considerando essa diferença Eduardo Lima, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo (Amasp)

Eduardo ressalta como, atualmente, as plataformas têm repassado muito pouco para os motoristas. Por esse motivo, ele pede uma colaboração para o passageiro.

"Infelizmente esse é o mecanismo a se recorrer, dadas as tarifas altamente defasadas e diante dos aumentos mais recentes dos aumentos de combustível. Todos gostariam de entregar conforto para os seus passageiros, mas as condições não permitem. A não ser em corridas de categorias superiores, nas quais os valores pagos pelos passageiros (e recebidos pelos motoristas) são maiores", complementa o presidente da Amasp.

Perguntado sobre o caso da suposta cobrança pela música no carro, Eduardo disse que essa era novidade para ele, mas reitera que se algo como isso ocorre, a justificativa é que há motoristas de aplicativo com dificuldade para pagar suas despesas, em decorrência da defasagem das altas taxas impostas pelas plataformas que, por sua vez, reduzem demais os repasses aos motoristas. Para isso, usam a criatividade e a versatilidade para tentar compensar o fato de que seu trabalho não vem rendendo grandes frutos.

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Outros casos

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Imagem: Reprodução / Amasp

Eduardo também usou de exemplo uma situação que viu de um motorista que, também por meio das plaquinhas, oferece água aos seus passageiros - mas isso também pode acabar valendo a outros produtos, caso o motorista também os comercialize

A criatividade mencionada pelo presidente da Amasp pode ser observada nessa situação da garrafa d'água, uma vez que, nela, está descrita a frase "psiu, já bebeu seus dois litros de água hoje? Então beba agora! Bem geladinha, por apenas R$ 3"

O que dizem as plataformas

O UOL Carros procurou as plataformas para questionar sobre o assunto. A InDrive utiliza casos dessa natureza como exemplo para o que diz ser uma das suas grandes preocupações como empresa que promove corridas por aplicativo, que é a necessidade constante de educar as pessoas para que usem melhor os serviços.

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A empresa afirma que "pode dar uma advertência ao motorista quando detectar que ele conduziu mal uma corrida - o que normalmente ocorre após receber uma avaliação ruim. O próprio passageiro pode avaliar mal o motorista e deixar sua observação sobre o que deixou a desejar. Com isso, a plataforma fica sabendo e, assim, não haverá mais conexão em viagens futuras entre as partes que não resultaram em boa interação".

O motorista que trabalha na plataforma não é colaborador da empresa. Ele trabalha por conta e, por meio da plataforma (que é responsável somente por conectar demanda e oferta), apenas oferece os seus serviços. Nem o preço da viagem é definido pela plataforma, pois ele ocorre exclusivamente entre motorista e passageiro, portanto, os termos da viagem também dizem respeito a ambos. InDrive

A 99, por sua vez, enviou à redação o seguinte comunicado sobre o tema, que vai ao encontro do que foi dito pela InDrive:

A 99 informa que é uma empresa de tecnologia voltada à mobilidade urbana e conveniência, que conecta passageiros e motoristas parceiros por meio de seu aplicativo e investe em educação (...). A empresa orienta que motorista e passageiro combinem para que a viagem ocorra de forma confortável para ambos

A Uber ainda não retornou o contato da reportagem, que será atualizada após a resposta da empresa.

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