'Dedo de Deus': como macete irregular ajuda motoristas a 'bombar' no Uber

Circula nas redes sociais um vídeo no qual um motorista de aplicativo mostra a união de duas gambiarras como recurso para salvá-lo de ter sua taxa de aceitação prejudicada.

Apoiado pelo próprio suporte de celular, foi colocada uma vassourinha com uma caneta para touchscreen acoplada ao cabo. Dessa forma, sempre que aparecer uma corrida na tela, ela estará sendo pressionada (sem precisar usar o próprio dedo).

É um esquema chamado 'Dedo de Deus'. Quando aparece uma corrida para o motorista, ele fica pressionando a tela enquanto a chamada durar. A única funcionalidade que se consegue com isso é garantir que a taxa de aceitação do motorista não seja prejudicada. Mas isso é passível de banimento e é proibido, pois foge dos termos da plataforma Eduardo Lima, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo (Amasp).

A taxa de aceitação indica o percentual de solicitações de viagens que o motorista aceitou ou não. Segundo Lima, uma taxa baixa pode gerar redução de corridas encaminhadas ou até mesmo reduzir a frequência de chamadas com valores mais elevados. Entretanto, a plataforma fala mais em "não elegibilidade para participar de promoções exclusivas".

Como funciona?

A plataforma identifica a frequência com a qual os motoristas rejeitam as corridas. Se, ao chegar a notificação, o condutor ignorar o chamado (por achar que a corrida não vale a pena), isso será contabilizado de forma negativa para ele.

O fato de ficar com o dedo (ou com a caneta touch) pressionando a tela faz com que a plataforma acredite que o profissional aceitou o pedido, sem que ele precise, efetivamente, realizar o serviço - gerando uma brecha para driblar o sistema.

Nos comentários do vídeo postado no Instagram, há, inclusive, um motorista que defende o recurso em tentativa de justificar como o macete pode ser benéfico para o passageiro.

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Segundo afirma, serve para poupar o cliente do motorista que aceita a corrida e depois não vai buscá-lo - esperando que o próprio cliente faça o cancelamento e fique com o prejuízo da cobrança da desistência.

"Para o passageiro o macete não muda nada, porque enquanto a corrida está tocando na nossa tela, para vocês aparece só que está 'encontrando motorista'. Esse é um dos motivos, senhores passageiros, pelo qual, de vez em quando, aceitamos a corrida e não vamos até você, enquanto ficamos esperando vocês cancelarem", diz.

O que diz a Uber sobre o tema

"Ficar online sem a intenção de aceitar viagens atrapalha o bom funcionamento da plataforma, podendo prejudicar tanto os demais motoristas parceiros (pela maior demora para receberem novas solicitações) como os usuários (pela maior demora para conseguirem se conectar a um motorista parceiro). Uma baixa taxa de aceitação pode acarretar a não elegibilidade para participar de promoções exclusivas", afirma a Uber em seu site.

Para manter as taxas elevadas, a plataforma sugere que o motorista:

Confira se o som do dispositivo está ligado para não perder nenhuma solicitação

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Sempre fique 'offline' quando não puder ou não quiser realizar viagens, ou acione o modo pausa (nas cidades onde o recurso já está disponível)

Tenha sempre em mente que, quando não aceitar ou aceitar e cancelar viagens seguidamente, o sistema poderá entender que existe risco na integridade da conta e, por segurança, automaticamente desloga a conta do aplicativo

E quanto à taxa de cancelamento quando o passageiro viu que o motorista não chegou? Felizmente, a plataforma diz que há duas formas de ser poupado da cobrança injusta. São elas:

Se o motorista demorar muito mais do que o esperado para chegar

Se a Uber detectar que o motorista parceiro estiver se deslocando pouco até o local de partida

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