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Nada de tiozão: por que GR chega ao Brasil como melhor Corolla da história

Toyota GR Corolla Circuit Edition - Toyota/Divulgação
Toyota GR Corolla Circuit Edition Imagem: Toyota/Divulgação

Julio Cabral

Do UOL, em São Paulo

07/06/2022 04h00Atualizada em 07/06/2022 17h06

Haja história. De tão tradicional, o Toyota Corolla poderia ter sido lançado na era dos shoguns, um carro que já está há 56 anos no mercado e que passou por muita coisa, obviamente. Mas nunca houve um Corolla como o GR (Gazoo Racing), que será lançado no Brasil no ano que vem. Saiba o que diferencia o carro e porque ele promete muito.

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Hatchback raiz

Ver um Corolla hatchback será uma assombração por si só para os brasileiros. O formato inédito de carroceria é acompanhado por alterações estéticas consideráveis em relação ao hatch vendido no exterior. Os para-lamas são visivelmente alargados, projetados para fora como os antigos carros de rali e corrida adaptados para a rua.

O capô ressaltado faz dupla com as entradas de ar na peça. Respirar livremente é algo necessário para qualquer velocista, uma necessidade garantida também pelo para-choque com uma enorme entrada de ar. Uma saia justíssima acompanha a sensualidade geral da carroceria.

Toyota GR Corolla Circuit Edition - Toyota/Divulgação - Toyota/Divulgação
Toyota GR Corolla Circuit Edition é a versão mais apimentada
Imagem: Toyota/Divulgação

Todos esses elementos são acompanhados de rodas exclusivas grandes o suficiente para comportar discos de freio do tamanho de pizzas. Não passaria despercebido nem se a pessoa do lado de fora estiver dormindo. Até porque o ronco dos três escapes não deixará ninguém dormir perto dele.

Motor e tração especiais

O Yaris GR se tornou um dos esportivos mais concorridos da atualidade. Além da aparência de carro WRC em escala toy, o hatch 3 portas encantou a todos com a sua receita de modelo de rali: um senhor motor turbo aliado ao sistema de tração nas quatro rodas. Um capetinha, diriam os menos religiosos. Não por acaso, ele foi criado como uma adaptação do Yaris de rali.

Só que o propulsor do GR Corolla é diferente. Continua a ser um 1.6 turbo de três cilindros, algo até exótico para a litragem, mas rende mais do que no irmão menor: 304 cv, contra 272 cv do Yaris GR. O torque também é maior, nada menos que 40,8 kgfm, face 37,7 kfg. Nada mais justo, pois o Corolla deve ter cerca de 200 kg a mais.

Toyota GR Corolla  - Toyota/Divulgação - Toyota/Divulgação
Saídas de escape triplas do Toyota GR Corolla
Imagem: Toyota/Divulgação

Tudo no trem de força é curioso. A tração é quatro por quatro permanente (dianteira nos demais Corollas), dotada de bloqueio de diferencial nos dois eixos (opcional), talvez a única forma de colocar tudo isso no chão sem grandes perdas de tração. O câmbio é manual de seis marchas, outra grande diferença em relação ao CVT dos demais.

A aceleração de zero a 100 km/h deve ficar na casa dos 5 segundos. Bem diferente do 2.0 aspirado do Corolla mais potente vendido atualmente no Brasil, dotado de 177 cv e capaz de fazer o mesmo em 9,6 s.

Espaço interno e acabamento

Não é incomum uma versão hatch ter menos entre-eixos do que o sedã, e isso é o que acontece com o Corolla. São 2,63 metros de entre-eixos, distância bem menor do que os 2,70 m do sedã.

O GR Corolla terá banco traseiro. Parece bobeira ressaltar isso, mas a exclusiva edição Morizo dispensa os assentos de trás para economizar peso e também para abrir espaço para a instalação de uma senhora barra de reforço estrutural. Mas é um toque especial quase que insólito, uma vez que as portas foram mantidas!

Toyota GR Corolla  - Toyota/Divulgação - Toyota/Divulgação
Toyota GR Corolla se diferencia no interior também
Imagem: Toyota/Divulgação

Além do painel digital, o acabamento é mais esportivo, com destaque para os bancos tipo concha. O revestimento é acamurçado, algo comum nos carros de grande desempenho do Japão. No console, a alavanca esportiva do câmbio de seis marchas manual e o seletor dos modos de tração se destacam.

Precinho turbinado

Ainda não se sabe o quanto a Toyota vai pedir pelo GR Corolla. Contudo, o Corolla mais caro vendido no Brasil é o Altis Premium Hybrid, que tem preço pedido de R$ 187.090. Apostar em algo muito abaixo da faixa de R$ 300 mil seria bobeira, pode ser ainda mais.

Mas terá que roubar o título de um Corolla muito especial

AE86? se você é fã de animês, drift e afins, certamente sabe que essa sigla é muito especial para a Toyota. É o chamado hachi-roku (86 em japonês), esportivo que foi lançado em 1983 e que se tornou quase mítico para os apaixonados por carros. Não por acaso, a denominação serviu de inspiração para o GT86.

Toyota Corolla AE86 Sprinter Trueno - Wikimedia Commons/Reprodução - Wikimedia Commons/Reprodução
Toyota Corolla AE86 Sprinter Trueno é um ícone
Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Prestes a completar 40 anos na mesma data em que o GR Corolla chegará ao Brasil, o AE86 é bem diferente de um Corolla atual. A começar pela tração traseira, algo que o carro já abandonou há mais de 30 anos. O câmbio é um manual de cinco marchas, nada de CVT. E o comportamento é quase tão ágil quanto os movimentos de um ninja. Mais afiado que uma espada samurai.

Por fora, faróis escamoteáveis dão personalidade ao chamado Sprinter Trueno, denominação que mudava no Levin, esse encontrado com faróis normais. Foi o Trueno que se tornou uma lenda para os que dirigem esportivamente. E essa lenda começou antes dele, uma vez que as denominações já haviam servido para outras gerações do Corolla esportivo. Já nasceu com estirpe.

Toyota Corolla AE86 Sprinter Trueno - Reprodução - Reprodução
Animê Initial D com o Toyota AE86
Imagem: Reprodução

Carroceria hatch o Corolla ainda tem em outros mercados, porém, não há opção de três portas. De igual, somente o escapamento exposto de Corolla Cross - será que foi uma questão de saudosismo? Creio que não.

O que o GR precisa vencer é o culto que cerca o AE86. Dotado de motor 1.6 de alta rotação e 130 cv, o esportivo foi a grande estrela do Initial D, mangá e animê que contam a história de um garoto dotado de talento ao volante sem igual, com técnicas ensinadas pelo seu velho pai.

Takumi venceu várias corridas nas montanhas próximas de sua casa, subidas e descidas conhecidas por ele graças aos anos de entregas de tofu do seu pai. Não é por acaso que a padronagem preto e branco do carro de Takumi até hoje é uma das personalizações feitas pelos fãs, todos afeitos ao esquema panda de pintura.

O mundo do drift também acolheu bem o Sprinter Trueno, que se destaca não apenas pela tração traseira, algo fundamental para a modalidade de competição, como também pelo bloqueio do diferencial. Afora a possibilidade de preparar o motor 1.6 ao extremo. A própria Toyota voltou a produzir algumas peças do AE86, prova de seu status como clássico das ruas e das pistas. Quem diria que o grande rival automotivo do GR Corolla seria um parente distante?

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