Como uma mulher garantiu que a Mercedes-Benz se tornasse um sucesso
Bertha Benz pode não ser personagem conhecido de todos, mas a esposa de Carl Benz foi primordial para a Mercedes-Benz se tornasse uma marca de sucesso perpetuada até os dias atuais e com status de carros de luxo. Ela foi, ainda sem o título existir, a primeira piloto de testes do mundo, e também fez a primeira viagem longa de carro da história.
Benz ajudou seu marido no desenvolvimento do primeiro automóvel patenteado da história, o Patent-Motorwagen. Ela não só acreditou no projeto, como ela fez algo que se tornaria importante para reforçar a capacidade do carro como instrumento de transporte em uma época que ainda havia dúvidas quanto a viabilidade dele, inclusive do próprio criador.
Nascida Bertha Ringer em 1849, em Pforzheim, cidade no sul da Alemanha, se tornou Bertha Benz em 1872, após o casamento com Carl. Juntos, tiveram quatro filhos. Um ano antes, Carl havia criado a Benz.
Bertha Benz fez a primeira viagem "longa" com o carro naquela época. Junto de seus dois filhos adolescentes, Richard e Eugen, de 14 e 15 anos, eles rodaram cerca de 180 km (ida e volta) entre Mannheim, na Alemanha, onde viviam, chegando até Pforzheim, cidade natal de Bertha.
Vale reforçar que Bertha fez a viagem sem a anuência e o conhecimento do marido, Carl. Ela tirou o carro em silêncio da oficina junto à casa com os filhos e deixou um bilhete para o marido, que ainda dormia, dizendo para onde estavam indo. Ela só não contou que estava indo com o carro, do que ele só deu falta depois, quando foi à oficina e percebeu que não tinha ido de trem.
O objetivo de Bertha foi mostrar a funcionalidade do automóvel, que ainda demorava a despertar o interesse do público. Percalços existiram, mas foi possível mostrar que o carro atendia À sua função.
Bertha precisou desobstruir um tubo de combustível. Na época, o que alimentava o motor era um solvente derivado de benzina, que era comprado em farmácias, e isso gerou a interrupção da alimentação do motor. Para resolver o problema foi usado um grampo.
O outro obstáculo foi um curto-circuito que ocorreu em um fio. Bertha usou uma liga, que tinha atrelada a sua roupa, para isolar o fio e resolver o problema elétrico e concluir a viagem.
Os freios foram outro problema, ele era acionado por uma alavanca que acionava uma sapata. Em descidas eles eram suficientes apenas para reduzir a velocidade, não para o Patent. E as sapatas acabaram na ida. Para solucionar o problema, na volta, Bertha parou em um sapateiro e pediu que revestisse as sapatas com couro, criando assim a lona de freio.
Para retornar a Mannheim, Bertha e os filhos optaram por um caminho mais curto, de 90 km, margeando o rio Reno. O sucesso da viagem serviu para Bertha Benz provar que o carro era um produto factível como instrumento de mobilidade mais individual, visto que havia apenas transporte por navios ou trens.
Com o fim da viagem, a oficina na qual seu marido produzia os veículos passou a ser procurada por clientes interessados no produto. Além disso, a viagem, os percalços e problemas que surgiram durante o trajeto de ida e volta serviram para que Carl fizesse melhorias no projeto a fim de torná-lo mais confiável.
O que é o Patent-Motorwagen?
O carro que tinha um estilo ainda de carroça, sem carroceria, com um um banco de madeira e controles arcaicos deu início ao que hoje conhecemos como a Mercedes-Benz. Ele tinha duas rodas na traseira e uma menor e direcional na dianteira. O modelo tinha um motor monocilíndrico de 954 cm³ que rendia cerca de 1,5 cv e tinha duas marchas para empurrar os cerca de 360 kg.
Durante o desenvolvimento, o motor criado por Carl Benz passou a ter variações que iniciaram entre 1,5 cv e 3 cv. Entre 1886 e 1894, ele produziu 25 unidades do modelo. Durante os testes, ele chegou a criar uma versão com quatro rodas e sistema de direção mais complexo para direcionar ambas.
Entre várias versões, a última o Patent-Motorwagen Model III tinha um motor monocilídrico de 1.660 cm³ que entregava 2,5 cv a 500 rpm. O sistema de lubrificação das engrenagens era manual, bem como das válvulas e do cilindro. O primeiro com graxa, os demais com óleo. O tanque tinha apenas 4,5 litros. A transmissão final era por meio de corrente e a velocidade máxima ficava em 16 km/h.
Em 1926, após fusão com a Daimler, que surgiu como uma fabricante de motores e foi fundada por Gottlieb Daimler e Wilheim Maybach, foi formada a Daimler-Benz. A companhia, que virou global, é conhecida hoje como Daimler AG. O grupo é dono de várias marcas de veículos, entre as quais a Mercedes-Benz.
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