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Testamos: Nissan mostra que carros elétricos podem ser divertidos

Vitor Matsubara

Do UOL, em Tóquio (Japão)*

28/10/2019 04h00

Carros elétricos ganharam um injusto estigma de serem insossos. Aos poucos, porém, este panorama está mudando graças a modelos como os veículos da Tesla. E em breve a Nissan também pode entrar na jogada.

Claro que essa mudança não acontecerá do dia para a noite. A fabricante ainda desenvolve algumas tecnologias que prometem deixar os carros elétricos ainda mais divertidos de guiar - até porque isso eles sempre foram, e quem acha o contrário provavelmente ainda não dirigiu um.

UOL Carros foi a pista testes da Nissan, localizada em Oppama, nos arredores de Tóquio, para experimentar o protótipo de um veículo com um novo sistema de tração integral movido por dois motores elétricos, apenas alguns dias após o anúncio mundial.

"A Nissan lançará em breve uma nova geração de veículos elétricos que representará uma verdadeira revolução. A nova tecnologia de tração integral controlada por motores elétricos combinada com o controle de chassis resulta em um grande avanço em acelerações, maior estabilidade nas curvas e melhor frenagem, apresentando resultados dignos dos melhores esportivos", declarou Takao Asami, vice-presidente sênior de pesquisa e engenharia avançada da empresa.

Um Leaf aventureiro? Nada disso!

novo carro nissan - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O protótipo foi feito sobre a base de um Leaf e+ e traz algumas diferenças visuais, como molduras nos para-lamas (como nos aventureiros urbanos tão populares no Brasil) e rodas de liga leve da Nismo, a divisão de desempenho da Nissan.

As maiores diferenças, porém, estão debaixo da carroceria. Os dois motores entregam uma potência combinada de 308 cv e torque máximo de 69,3 kgfm. São números bem impressionantes, especialmente comparando com os 215 cv e 34,7 kgfm do próprio Leaf e+.

Diferenças entre nós

Nissan - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Os engenheiros da Nissan prepararam um pequeno circuito para demonstrar as vantagens do novo sistema. A primeira fase consistia em uma arrancada para explorar o potencial do veículo.

Logo vinham exercícios de retomada de velocidade e finalmente uma pequena pista circular em piso molhado para analisar a aderência.

Todos os exercícios foram realizados a bordo de um Leaf e+ convencional e logo depois no protótipo.

Grudado no chão

Nissan - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Existe uma diferença gigantesca entre elas em todas as situações. A aceleração é brutalmente mais rápida, até porque estamos falando de um veículo com dois motores contra outro com "apenas" um.

O exercício de retomada de velocidade consistia em ir até os 40 km/h e então desacelerar para 20 km/h. Ao fazer isso sucessivas vezes a intenção era reproduzir a situação de constante anda-e-para no trânsito urbano, na qual a cabeça dos ocupantes balança para frente e para trás.

Esse efeito é minimizado com a adição de frenagem regenerativa no motor de trás, que produz energia suficiente para tracionar o eixo de trás do veículo.

Assim, o veículo não precisa de tanta potência para se movimentar, e o movimento de anda-e-para fica bem menor.

Já a estabilidade nas curvas é muito melhor, uma vez que o freio atua de forma independente em cada roda. Foi o que constatamos ao contornar curvas a mais de 60 km/h sob piso molhado sem perder o controle do veículo.

O novo sistema de tração integral movido por dois motores estará na próxima geração de carros elétricos da Nissan, que devem chegar ao mercado japonês dentro de alguns anos.

Quem arriscar um palpite para além de 2021 têm grandes chances de acerto.

* Viagem a convite da Anfavea