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Toyota se rende e fará elétricos, mas diz que negócio não dá lucro

Toyota Salão de Tóquio Ultra Compact BEV traseira - Divulgação
Toyota Salão de Tóquio Ultra Compact BEV traseira Imagem: Divulgação

Vitor Matsubara

Do UOL, em Tóquio (Japão)*

23/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Fabricante, enfim, admite investir em veículos elétricos
  • Toyota diz que carros movidos a eletricidade ainda não são rentáveis
  • Marca diz que vai se adequar à demanda de cada mercado para vender bem

Faz tempo que a Toyota investe em formas alternativas de propulsão, como os carros híbridos e os movidos a célula de combustível a hidrogênio.

Desta vez, a companhia dá indícios de que finalmente entrará na briga dos carros elétricos.

Só é difícil descobrir o que será feito, já que a montadora não deu qualquer indício de como será sua estratégia ou mesmo quais serão os primeiros carros.

"Parece até uma desculpa porque não temos um carro elétrico em nossa linha neste momento, mas não adianta lançar carros elétricos se os clientes não quiserem comprar. Precisamos investir em projetos que sejam atraentes para eles, e por isso vamos lançar carros que sejam adequados às vontades de cada mercado", prometeu Shigeki Terashi, vice-presidente da empresa.

Até agora, a marca não confirmou qual será o primeiro modelo elétrico produzido em larga escala. Por ora, apenas o pequenino BEV foi confirmado para o Salão de Tóquio, mas o subcompacto para duas pessoas terá uso tão específico que mal pode ser visto como um automóvel de passeio nos moldes convencionais - ou seja, um veículo feito para levar pelo menos quatro pessoas com conforto e características para ser vendido em várias partes do mundo em vez de limitar-se a grandes centros urbanos como Tóquio.

Correndo atrás?

O executivo se defendeu das acusações de que a Toyota estaria lutando para recuperar o terreno perdido em relação a rivais como a Nissan, que já investem bastante em veículos elétricos.

"Não estamos atrasados. Temos todos os componentes desenvolvidos há tempos, já que trabalhamos nisso desde o início do projeto de híbridos. Só que acreditamos que ainda é um modelo de negócios que não é lucrativo".

Shigeki diz que a Toyota "gostaria de produzir" um veiculo em escala comercial antes do começo dos Jogos Olímpicos de 2020, que acontecerão no meio do ano que vem. Entretanto, a fabricante admite que isso ainda "vai demorar" um pouco para acontecer.

"Até o evento do ano que vem queremos, sim, mostrar o E-Palette", diz, referindo-se ao conceito de microônibus autônomo que vai transportar atletas na Vila Olímpica em Tóquio.

Terashi também lembrou que um preço competitivo também pode determinar o sucesso (ou não) de um projeto.

"A gente trabalha com tecnologia, mas também precisamos oferecer carros com preços adequados à realidade do mercado. Até porque nosso papel é oferecer carros mais modernos e amigáveis ao meio ambiente, mas a decisão final de compra cabe ao consumidor", concluiu.

* Viagem a convite da Anfavea