CEO da Toyota que defendeu carros pequenos e híbridos no Brasil se aposenta
Resumo da notícia
- Steve St. Angelo fez projeto Etios deixar de patinar
- Executivo trouxe Yaris e bancou motor híbrido flex do novo Corolla
- Participação da Toyota saltou de 4% para 8% em sua gestão
- Natural de Detroit, St. Angelo volta aos EUA
Circulava desde o começo deste mês de março a informação de que Steve St. Angelo, presidente da Toyota e Lexus para Brasil, América Latina e Caribe, estaria deixando o cargo. Segundo a agência norte-americana "Automotive News", a saída faria parte de uma grande reestruturação interna do Grupo Toyota, coincidindo com a aposentadoria do executivo de 63 anos, apelidado de "guru americano das linhas de produção".
Aposentadoria confirmada, de fato, hoje pela Toyota do Brasil. St. Angelo será substituído a partir de abril pelo atual vice-presidente e gerente-geral da Toyota América Latina e Caribe e vice-presidente da mesma divisão, Masahiro Inoue. St. Angelo retornará aos Estados Unidos, seu lar.
St. Angelo é norte-americano, nascido em Detroit, e por inúmeras vezes nos últimos anos deixava escapar passar apenas "poucos dias do mês" ao lado da família, entre viagens rotineiras entre Japão, Brasil e demais países da América Latina.
Recall do tapete colocou St. Angelo na rota do Brasil
St. Angelo chegou à Toyota em 2005, após longa passagem pela General Motors. Brincalhão e com discurso enérgico, cheio de gestos, St. Angelo passou pela administração de linhas de montagem nos EUA e ganhou relevância interna ao ser nomeado pelo presidente global da Toyota, Akio Toyoda, como chefe do comitê global de qualidade que deveria eliminar o problema de aceleração involuntária de milhões de carros ao redor do mundo.
Este defeito em tapetes, que prendiam aceleradores em unidades automáticas, provocou recall do Corolla e multas inclusive no Brasil.
Segundo agências internacionais, a atuação forte e direta de St. Angelo no caso do mega-recall dos tapetes impressionou tanto o primeiro escalão da Toyota, que o próprio Akio Toyoda o colocou para atuar na América Latina, em 2013. A missão era revitalizar os negócios da marca na região.
Foi sob a batuta de St. Angelo que a Toyota iniciou a transição de uma marca consolidada pela alta lealdade dos compradores, mas que só tinha bons resultados com modelos médios e grandes, para passar a atuar de forma eficiente também nos segmentos mais disputados (e complicados) do mercado, o de compactos.
Lançado em 2012, o pequeno Etios patinava no mercado. Com St. Angelo à frente, a Toyota começou uma sequência praticamente anual de renovações do modelo, que ganhou espaço no mercado a partir disso.
Também com St. Angelo, a Toyota investiu R$ 1,2 bilhão para permitir que as unidades de Porto Feliz (motores) e Sorocaba (automóveis), em São Paulo, se adequassem à fabricação do inédito Yaris. A ideia era consolidar posição também na faixa de compactos premium. Como um todo, incluindo o segmento de entrada e a faixa superior, o filão dos compactos ainda responde por quase 60% do mercado.
Mesmo com o esforço para participar ativamente do principal segmento nacional, a Toyota de St. Angelo não deixou de lado seu carro-chefe: o Corolla da atual geração se consolidou como o sedã médio preferido pelo consumidor e nunca mais foi incomodado pro Honda Civic e demais rivais.
Na última temporada, novo investimento de R$ 1 bilhão foi anunciado para a fabricação da 12ª geração do Corolla no país, incluindo nova motorização híbrida. St, Angelo é, pessoalmente, um entusiasta de tecnologias limpas de condução e foi decisivo para o projeto de desenvolvimento do motor híbrido flex que será usado no modelo.
Entre comerciais leves, a Hilux também se consolidou na liderança entre picapes médias.
Steve St. Angelo só não conseguiu, durante seu período à frente das operações locais, colocar a Toyota na briga mais importante do momento, a de SUVs compactos. O projeto de trazer o C-HR se mostrou inviável por conta dos custos, enquanto soluções como buscar alternativas em linhas secundárias do Grupo Toyota. Durante o Salão de Tóquio de 2017, St. Angelo em pessoa convidava jornalistas brasileiros a "passarem os olhos" pelo estande da Daihatsu, com seus modelos compactos. Ali, um crossover era uma das apostas pessoas do executivo para essa "alternativa" ao C-HR. A ação, porém, não teve resultados concretos e a Toyota segue longe do segmento.
St. Angelo, porém, poderá levar na bagagem de retorno aos EUA ótimos números de seu período na Toyota local. Em 2013, quando chegou, a Toyota do Brasil emplacou 176.073 unidades no país (4,92% de participação). Em 2018, segundo dados consolidados da Fenebrave, o total de emplacamentos da fabricante saltou a 200.116 unidades (com a participação se elevando a 8,10%).
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