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Jeep Compass Limited une bom recheio a mau desempenho por R$ 140 mil; veja

Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

24/07/2017 04h00Atualizada em 07/08/2017 15h23

Testamos a versão de topo equipada com motor flex e pacotão de opcionais; assista à vídeo-avaliação e saiba como anda

Quem apostaria que a maior ameaça à posição do Honda HR-V de "SUV mais vendido do Brasil" viria não de algum concorrente direto, como Hyundai Creta ou Nissan Kicks, mas sim de um modelo maior e mais caro, como o Jeep Compass?

No primeiro semestre deste ano, enquanto o HR-V vendeu 23.218 exemplares, segundo a Fenabrave (associação dos concessionários), o Compass foi responsável por 22.003 emplacamentos. Ou seja: não ficou à frente por pouco.

Curioso pensar que o mais afetado por esse fenômeno foi o irmão de plataforma Renegade, que se viu limitado a 17.792 unidades comercializadas nesse período.

Mas você acha que isso é ruim para a Jeep? Pelo contrário: juntos, Compass e Renegade venderam 39.795 carros.

O que explica o sucesso do Compass?

A resposta mais adequada talvez seja: status a um preço relativamente acessível. Quem gastaria R$ 90 mil ou até R$ 100 mil em um utilitário compacto agora tem a opção de abrir um pouco mais a carteira e levar para casa um modelo maior e mais "parrudo", mesmo que seja na mansa configuração 4x2 flex.

Na versão 2.0 4-cilindros, bicombustível, o Compass começa em R$ 105.990 (Sport, lançado em 2016 a R$ 99.990) e chega a R$ 150.113 na Limited, a mais cara, dotada de todos os opcionais possíveis (pintura bicolor, teto solar panorâmico, pacote de assistências à condução e kit de proteção da Mopar).

UOL Carros chegou quase ao topo: avaliamos a versão Limited (a partir de R$ 131.990) incrementada com pintura cinza metálica com teto preto (R$ 1.523) e o chamado "pacote High Tech" (R$ 9.000), que acrescenta chave inteligente (capaz de fazer partida remota do motor), controle de cruzeiro adaptativo, alertas de mudança de faixa e anticolisão frontal, ajuste elétrico do banco do motorista, sistema de áudio com nove alto-falantes e assistente de estacionamento. Total: R$ 142.513.

Em movimento

O grande segredo do Compass é parecer um carro (ainda) mais caro do que é. Porte e ponto H elevados, traços elegantes e presença de guias em LED nos faróis e lanternas conferem a ele um estilo "classudo", com a vantagem financeira de usar conjunto mecânico herdado, em grande parte, da Fiat.

Como a produção é local, em Goiana (PE), compartilhando base e muitos componentes com Renegade e Toro, ele consegue oferecer ótimo custo-benefício em relação ao segmento quando se fala em preços de peças de reposição e revisões programadas (total de R$ 4.296 para 72 mil km).

Internamente, o padrão de acabamento é correto para o segmento, mas aqui vem o primeiro "senão": elementos remetem demais a seus irmãos de plataforma, o que tira do habitáculo o "toque de exclusividade" que ele deveria oferecer.

Quando aplicados os opcionais de auxílio à condução, a lista de equipamentos fica bastante atrativa do ponto de vista de segurança, sendo condizente com um carro que se aproxima de R$ 150 mil. Conforto é amplificado pelos 21,8 cm de altura livre do solo e pelas suspensões que, embora um bocado moles, são muito bem ajustadas para lidar com as desagradáveis surpresas da malha asfáltica brasileira.

Fraquinho

Seu grande calcanhar-de-Aquiles está, mesmo, no trem-de-força. O motor Tigershark de 159/166 cv (gasolina/etanol), entregues a 6.200 rpm, mostra-se fraco para empurrar os 1.541 kg do utilitário (peso em ordem de marcha). Boa parte da culpa cabe ao pico de torque, que só alcança os 19,9/20,5 kgfm a longínquos 4.000 giros. Resultado: o Compass flex é muito mais lento do que deveria em subidas e retomadas.

Embora com trocas suaves, a transmissão automática de seis marchas por vezes demonstra certa "confusão" nas mudanças. E tudo isso contribui para deixar o desempenho bastante aquém do já referido status, tirando muito do prazer de dirigir que um carro como este deveria proporcionar. Como as versões a diesel oferecem...

OBS: a avaliação de UOL Carros foi realizada com uma unidade da linha 2017. Na mudança para a linha 2018 o modelo ganhou sistema start-stop (que desliga e religa automaticamente o motor em paradas breves, ajudando a economizar combustível) e projeção de celulares Android e Apple na central multimídia.