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Com novo Polo, VW chama GM e Fiat para briga da liderança entre compactos

Leonardo Felix

Do UOL, em Berlim (Alemanha)

16/06/2017 06h56

Sexta geração volta ao Brasil até o fim do ano, maior e mais tecnológica, para formar "esquadrão" ao lado de Gol, up! e Fox

A Volkswagen pode ter escolhido Berlim, capital da Alemanha, para realizar a avant première da sexta geração do Polo. Mas os olhos de praticamente todos os executivos da marca estão no Brasil. Conforme adiantado por UOL Carros, o hatch voltará a ser vendido no país ainda este ano, mais precisamente no último trimestre, e terá papel importantíssimo para a reafirmação da marca.

Se por longos anos a Volkswagen gozou do papel de rainha absoluta do mercado de compactos, porque tinha no Gol um concorrente inatingível, agora precisará unir forças de quatro modelos diferentes para somar mais vendas totais do que GM (a atual líder, com o Onix) e Fiat (que prometeu também brigar por essa posição ao lançar o Argo) no segmento, sem necessariamente ter um best seller isolado.

 

O Polo 6 será o elemento mais importante desse planejamento. Por quê? Porque sua meta é roubar clientes das versões de topo de Chevrolet Onix, Hyundai HB20, justamente as que mais vendem e geram rentabilidade para as fabricantes, além de novas apostas, caso do Fiat Argo, recém-lançado.

Quanto custa ter um carro de nova plataforma entrando na briga neste momento? Certamente há um custo. Mas é preciso ter um competidor. As vendas na Europa começam logo mais, em setembro. Para o Brasil, logo em seguida no final do terceiro trimestre. Os europeus pagarão iniciais partir 12.975 euros (cerca de R$ 48 mil).

UOL Carros acredita que a gama Polo comece no patamar dos rivais, logo acima dos R$ 50 mil, mas haverá muita tecnologia -- e com isso muitos pacotes opcionais, à moda VW. Preços finais, com opcionais, devem romper a casa de R$ 90 mil, também aposta nossa.

Sexta geração

UOL Carros teve oportunidade de conhecer de perto a sexta geração e constatou que sua proposta é entregar sensação de condução mais esportiva. Por isso o hatch ganhou impressionantes 7 cm de comprimento (para 4,05 metros), 9,4 cm de entre-eixos (para 2,56 metros) e 7 cm de largura (para 1,75 metro sem os retrovisores), ao mesmo tempo em que perdeu 2 cm em altura (para 1,44 metro) para ficar mais próximo ao solo.

De novo, essas são as especificações do carro alemão. Para o Brasil, talvez haja alguma adequação de altura e, talvez, de largura.

Visto de perto a impressão é melhor do que nas primeiras imagens vazadas em flagras pelo mundo, mas ainda assim consideramos o visual muito conservador. Mas isso é padrão na Volkswagen. É bom lembrar que o design é do chefe global da área Klaus Bischoff (o mesmo do atual Golf e dos novos Passat e Tiguan), mas com forte participação do brasileiro Marco Pavone, que desenhou o Polo 5 e também o up!, e Einar Castillo, autor do iD Buzz (a novo Kombi).  

A dianteira remete a um Golf menos refinado; a traseira, ao Polo 5 -- e também ao nosso Gol. Só com os filetes de LED acesos o hatch transmite um pouco mais de modernidade. Ainda assim, vincos, colunas e linhas de ombro são harmoniosos.

O que o empurra

Se na Europa o Polo utilizará motores a gasolina 1.0 (115 cv), 1.5 (150 cv) e 2.0 (200 cv), todos com turbo e injeção direta de combustível (TSI), para o Brasil a gama (ainda não confirmada pela montadora) deverá conter os propulsores 1.0 (105 ou 125 cv) e 1.4 (150 cv) TSI turboflexíveis. Mas também há opção de parear os motores aspirados 1.0 MPI (82 cv) e 1.6 MSI (120 cv), com opções de transmissão manual ou automática Tiptronic.

Lista de equipamentos na configuração europeia é bastante robusta: guias de LED nos faróis e lanternas, direção elétrica progressiva, controle eletrônico de estabilidade e tração, controle de cruzeiro adaptativo, frenagem emergencial, alerta anticolisão frontal, monitoramento de pedestres, sensores de ponto cego, sensores de tráfego cruzado à traseira, painel de instrumentos totalmente digital, central multimídia conectada com tela tátil de 8 polegadas, assistente de estacionamento e até auxílio de manutenção de faixa estarão presentes.

É todo o conjunto permitido pela plataforma MQB, que já faz de Golf, Passat, Tiguan, Atlas e Audi A3 modelos ultra-recheados. 

Lado ruim: muitos desses itens podem ser retirados do pacote brasileiro, por não serem exigência do mercado local -- assim, a marca pretende reduzir o peso sobre o preço final. É possível crer que itens como detecção de pedestres e de tráfego e assistente de manutenção fiquem fora do nosso catálogo, pois estes não estão presentes nem no nosso Golf. Mas pode esperar pelo painel 100% digital e a central de 8 polegadas nas versões de topo, pois rivalizam diretamente com o que o Argo mais caro oferece.

Membros da filial brasileira presentes ao evento garantem que padrão de acabamento europeu deve ser seguido pelo Polo brasileiro, o que é uma excelente notícia. No Velho Continente, hatch contará com elementos suaves ao toque, faixa central do painel voltada ao motorista, diversas opções de revestimentos dos bancos (com diversas combinações entre tecidos, couro Alcantara e couro comum) e paleta de cores extensa (com tons de prata, preto, vermelho, azul, laranja e até dourado). Já em nosso mercado a variedade deve ser menor.

* Viagem a convite da Volkswagen do Brasil

Volkswagen Polo 2018 - Leonardo Felix/UOL - Leonardo Felix/UOL
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Imagem: Leonardo Felix/UOL