Chevrolet Onix é meio careta para a "série hipster" Lollapalooza
Lançada poucos dias antes de começar a terceira edição brasileira do festival indie-hipster-roqueiro homônimo, no início de abril, a série especial Chevrolet Onix Lollapalooza quis trazer ao sóbrio compacto da Chevrolet um ar mais jovem. Seja porque o modelo não combina com a proposta do evento, seja porque este não é assim nenhum Rock in Rio (usado como tema de versão do Volkswagen Fox), o fato é que o carro não empolga.
Baseada na versão LT do Onix, a série foi limitada a 4 mil unidades produzidas ao longo do mês passado e que ainda podem ser encontradas nas concessionárias pelo preço sugerido de R$ 41.890. Mecanicamente, é idêntica à versão LT 1.0, com motor 4-cilindros flexível que entrega 78/80 cavalos de potência (respectivamente, gasolina e etanol), a 6.400 rotações, 9,5/9,8 kgfm de torque (idem), aos 5.200 giros. O câmbio é manual de cinco marchas.
As novidades da série Lollapalooza estão no pacote de equipamentos e nos adereços que a caracterizam. Itens como direção hidráulica, ar-condicionado, travas (nas quatro portas) e vidros elétricos dianteiros, chave canivete (com acionamento remoto também do porta-malas) e o já conhecido sistema multimídia MyLink, com tela de 7 polegadas, já são de série pelo preço da tabela.
Na parte estética, este Onix se diferencia pelos decalques temáticos na coluna C e tampa do porta-malas, marcas d'água com o símbolo do evento espalhadas pela coluna central, tapetes exclusivos com bordas e o nome do modelo pintados de laranja, e capas emborrachadas para os porta-copos e porta-objetos também neste tom. Os detalhes combinam com as costuras dos bancos de tecido e da manopla de câmbio.
A General Motors colocou no pacote rodas de 15 polegadas em liga de alumínio e com borda usinada (as versões tradicionais vêm com aros de 14 polegadas e aço estampado), retrovisores pintados de cinza e faróis com lanternas escurecidas, máscara negra e lentes decorativas na cor azul. Desses, os dois últimos elementos também existem como opcionais do Onix LT convencional.
Há ainda uma opção exclusiva de pintura, o laranja Flame metálico (que chegou a estar disponível nos primeiros lotes do Onix, mas depois foi descartada), que se junta ao azul Sky (também metálico) e branco Summit (liso) na paleta.
CONTRASTES
UOL Carros testou o Onix Lollapalooza durante quatro dias, por mais de 300 quilômetros em trechos urbanos e de estrada -- e pode afirmar que, pelo preço proposto, não vale a pena comprá-lo. A principal justificativa para isso está nesta reportagem que mostra prós e contras de comprar um carro de série especial. A compra é boa apenas se o valor ficar razoavelmente abaixo de uma versão convencional com o mesmo nível de equipamentos.
Não é o que acontece neste caso: enquanto o Onix Lollapalooza fica em R$ 41.890, a edição LT 1.0 munida de pacote que acrescenta todos os apetrechos de mídia e conforto, mais roda de aço aro 15, farol com máscara e efeito azul e pintura metálica, fica em R$ 41.365. Fica faltando a roda de liga leve, o que não chega a ser um detalhe dos mais visados pelo consumidor comum.
Mas atenção: algumas concessionárias da Chevrolet oferecem bons descontos pelo Onix Lollapalooza, pedindo, em média, R$ 39.900, economia de cerca de R$ 2 mil.
O fato é que a tentativa de deixar o Onix mais jovem não deu muito certo: os adesivos e ornamentos do interior contrastam demais com o perfil sério -- e até um pouco careta -- do compacto. Incomoda olhar para o habitáculo e ver que, junto aos discretos e bem combinados elementos em preto e cromado, foram acrescentados detalhes num laranja vivo. Os decalques na parte traseira também causam estranheza, embora amenizados quando presentes sobre a pintura azul ou laranja.
Apesar do bom conjunto mecânico (freios e câmbio são especialmente eficientes), faz falta a oferta do motor de 1,4 litro e transmissão automática de seis velocidades, já que parte dos jovens urbanos visados pela série podem não curtir as limitações de um 1.0.
Conclusão: adquirir o Onix Lollapalooza só é bom se o comprador obtiver desconto na loja -- ou se for muito fã do festival e/ou de suas bandas. Não é que o carro seja ruim -- muito pelo contrário. Mas é certinho demais para se aventurar numa série que deveria ser mais descolada.
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