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Novo Série 5 elétrico é mais legal de guiar que muitos carros esportivos

Na mais histórica briga de marcas de luxo alemãs, a Mercedes-Benz é associada ao luxo e a BMW, ao prazer de dirigir. Os carros desta montadora têm uma pegada ao volante tão específica - e reconhecida por seus adeptos - que, dizem por aí: até de olhos fechados, dá para saber que estamos dirigindo um BMW.

Na transição para a mobilidade elétrica, porém, as coisas não têm sido exatamente assim. O impressionante SUV IX, por exemplo, não é aquele "BMW até de olhos fechados". Falta a tradicional pegada esportiva da marca ao volante. Já o i7 - versão elétrica do Série 7 e única do sedã topo de linha disponível no Brasil - é o carro mais legal à venda no mercado nacional, no quesito inovação.

Seus recursos tecnológicos são impressionantes. Mas há um porém. Ele é focado em quem viaja no banco de trás. O ocupante do volante não se diverte tanto assim. Agora chegou o i5, versão elétrica da nova geração do Série 5. E os fãs podem comemorar: aqui, tudo foi pensado para que o dono do sedã faça questão de estar sempre na direção.

O i5 chega em versão única, M60. Na Europa, há também a M40. Mas, desta vez, o Brasil não vai deixar de lado as opções a combustão, como fez com o i7. A BMW é uma das poucas marcas globais que vai continuar investindo nesse tipo de modelo, para dar liberdade de escolha a seu consumidor - afinal, ninguém é obrigado a aderir ao carro elétrico em países que não vão partir para a proibição dos modelos que emitem gases no escape.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Vamos deixar o melhor para o final, né? Antes, tem muita coisa que você precisa saber sobre o i5 M60. A começar pelo preço: são R$ 759.950. O pacote inclui tudo o que um carro elétrico precisa ser: conectado e semiautônomo. Ele traz muitas coisas do i7 mas, desta vez, sem deixar de lado aquele que sempre foi o mais importante para a BMW: o motorista.

Tecnologias do novo BMW i5

O que o i5 traz do i7? Não tem cinema no banco de trás não. Nem faróis que lembram diamantes. O sistema de som da Bowers & Wilkins não lembra o de uma sala Cinemax, ou Kinoplex. Mas é muito legal também. Com 650 W e 18 alto-falantes, é tão alto que nem consegui chegar ao volume final - e não perde a qualidade em nenhum momento.

Quando aumentamos demais o volume, não dá mais para escutar o trabalho de Hans Zimmer, o famoso compositor de trilhas sonoras de Hollywood - responsável por "Top Gun - Maverick". O alemão criou um som para a aceleração do i5 - e de outros elétricos da BMW. É legal e instigante, e mais alto no modo esportivo de condução.

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Este faz parte do menu "My Modes", que não inclui apenas modos de condução, mas também de outros parâmetros da cabine, como iluminação e sonoplastia. Tem o relaxante, o efetivo, etc. A iluminação de painéis e portas é sobre uma superfície que parece feita de cristal - embora não seja.

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Imagem: Divulgação

Os sistemas de assistência também são destaques. O semiautônomo de condução foi aprimorado, na comparação com o de outros modelos da BMW. Utilizando câmeras de 8 a 16 mega pixels ao redor de todo o carro, que conversam com um processador ultrarrápido, tem precisão impressionante, sendo capaz de fazer curvas extremamente travadas - algo comprovado no trajeto da avaliação que passou pela estrada Rio-Santos, no trecho entre Guarujá e Riviera de São Lourenço, no Estado de São Paulo.

O semiautônomo tem também realidade aumentada. Sabe aqueles sistemas que parecem um videogame, e ficam no painel do carro? Eles mostram gráficos com a posição do veículo na faixa, e também a de automóveis no entorno.

O i5 tem isso, como os demais BMW. Porém, traz um recurso a mais: a realidade aumentada permite substituir os gráficos pelo mundo real. Tudo é mostrado nas imagens projetadas no painel de instrumentos por poderosas câmeras dianteiras.

Essas câmeras têm nitidez e qualidade impressionantes. Mas, com a redução da luz, as cores vão ficando um pouco distorcidas. No fim da tarde, as nuvens estavam roxas e os carros, com tons diferentes da realidade. Por isso, é um recurso mais preciso para usar durante o dia.

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Nessas imagens projetadas no painel de instrumentos também atua a realidade aumentada do navegador GPS nativo - que mostra grandes flechas no exato ponto de conversão, reduzindo as chances de errar o caminho.

O navegador, aliás, é conectado ao sistema de tráfego, sendo capaz de sugerir novas rotas para fugir do trânsito. Durante a avaliação, se mostrou mais preciso que o Waze na missão de me desviar os engarrafamentos.

Ainda no capítulo conectividade, o i5 traz comando de voz com inteligência artificial, além de tecnologias semelhantes de terceiras partes - como Alexa, da Amazon. A central multimídia tem um sistema operacional da geração 8,5 da BMW.

Segundo informações da montadora, ficou mais rápida e intuitiva. Android Auto e Apple CarPlay têm conexão sem fio, e a tela do sistema é de 14,9". Como em outros modelos da BMW, passa a ficar integrada à do quadro de instrumentos, com 12,3".

Este tem várias opções de personalização, com três layouts e inúmeras possibilidades de projeção de conteúdos. Há ainda um Head Up Display (projeta informações do painel no para-brisa) em HD. O i5 M60 traz câmeras 360.

Interior

O novo Série 5 ficou superior à geração anterior em todas as dimensões. São 5,06 m de comprimento, ganho de 9,7 cm. A largura é de 1,90 m (3,2 cm extras) e o entre-eixos, de 2,99 m (2 cm a mais).

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O carro é baixo, com 1,51 m, e tem pouca altura livre do solo. Isso é bom para a estabilidade. Por outro lado, a parte de baixo é fácil de bater em rampas de algumas garagens, e é preciso tomar muito cuidado para não raspar o para-choque dianteiro em valetas.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O porta-malas tem 490 litros de capacidade. É alto, mas um pouco estreito, o que pode dificultar na acomodação da bagagem. Além disso, a BMW colocou no compartimento um estepe não previsto no projeto original, que acaba ocupando mais da metade do espaço.

O teto é panorâmico. O destaque do acabamento fica por conta do amplo uso de alumínio trabalhado. Os bancos são revestidos de couro convencional e perfurado, e o volante de base achatada é grande demais.

Nele, há comandos sensíveis ao toque para controlar painel de instrumentos, multimídia e sistema de assistência. A operação é intuitiva.

O console central também traz comandos sensíveis ao toque para diversas funções. Há dois elementos de cristal: a pequena haste do câmbio e o botão giratório de controle da central multimídia - que também traz operação "touchscreen".

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Design

A grade do novo Série 5 não traz aquele exagero de outros modelos recentes da BMW. É pequena e harmoniza bem com o carro. No i5, é fechada, mas com apêndices aerodinâmicos.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Nesse sentido, o modelo traz capô curvo e coluna C levemente rebaixada, dando um certo ar de cupê ao tradicional sedã. Nessa parte, há a inscrição 5. Atrás, i5 e M60.

As rodas de 20" são da Motorsport, divisão esportiva da BMW. Os logos e as cores da preparadora são vistos em muitas partes do i5 M60.

A tal da suspensão

Não é só o design que tem coisas da Motorsport, ou M. A suspensão também leva assinatura da preparadora. Adaptativa, tem barras estabilizadoras ativas e controle eletrônico.

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Assim, é capaz de medir parâmetro de dirigibilidade e do ambiente para escolher a melhor maneira de atuar, dando ao carro equilíbrio absoluto e ao motorista, total segurança para fazer curvas mais agressivamente, com saídas aumentando a pressão no pedal do acelerador. É pura diversão.

A suspensão é a alma do prazer de dirigir do i5, mas há outros fatores, como o centro de gravidade baixo e a precisão da direção. Nesse sentido, é um sedã executivo com desempenho de carro esportivo, grudado no chão.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Elas têm a função de impedir que o componente entre em contato direto com pisos imperfeitos. O resultado é uma ótima capacidade de absorção de impactos, até surpreendente para um carro com pneus não muito exagerados em borracha - 245/40 na frente e 275/35 atrás.

Sistema elétrico e desempenho

Mas o i5 é também elétrico. Então, precisamos falar disso. São dois motores, um em cada eixo, formando sistema de tração integral e entregando 600 cv e 820 Nm (83,7 kgfm). Em carros elétricos com números tão altos, é comum um certo desequilíbrio na traseira ou na dianteira na hora de pressionar forte o pedal do acelerador.

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Afinal, nesse momento há uma entrega de altíssimo torque instantâneo diretamente nas rodas, sem necessidade de atingir determinada rotação para que a força máxima esteja disponível. Mas o i5 não age assim. Ele dispara completamente equilibrado, resultado da ação do sistema de tração e do perfeito ajuste de suspensão.

E que patada é a aceleração! São 3,8 segundos para atingir 100 km/h, partindo da imobilidade. E o auge do processo ocorre logo no início, que é de levar o coração à boca. O modelo tem dirigibilidade de esportivo e acelera como um esportivo, apesar de ser sedã.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O i5 vem também com um carregador portátil de 11 KW. O tempo total de recarga nesse tipo de estação é de 8h30 e, em 22 KW, de 4h15. Em corrente contínua (DC, rápida), foram divulgados dados para o processo de 10% a 80% da capacidade.

São 30 minutos em 200 kWh, 40 minutos em 100 kWh e 1h13 em 50 kWh. Em estradas de velocidade alta e contínua, como Bandeirantes ou Imigrantes (que fez parte do circuito de avaliação), a tendência é a autonomia do carro despencar. Esta é de 391 km pela norma brasileira, do Inmetro, e de 516 pela europeia (WLTP).

Eu saí de São Paulo com 350 km de autonomia. Porém, se rodovias como a Imigrantes comprometem a autonomia, descidas de serra têm efeito oposto. Nos cerca de 10 km de Serra do Mar, na mesma estrada, usei o sistema semiautônomo de condução para manter a velocidade em 80 km/h.

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Terminei a descida com 469 km de alcance. Isso porque, nessa situação, que não requer muita aceleração, houve forte atuação do sistema de regeneração da bateria por meio de energia gerada pelo próprio movimento do carro. Cerca de 70 km depois, cheguei a Riviera de São Lourenço com 380 km - 30 km a mais que no momento em que deixei São Paulo.

O BMW i5 está disponível em dez cores. Há muitos tons de branco, preto e cinza, mas também alguns mais vivos, como verde e vermelho. O grande destaque é o azul médio metálico. Ah, faltou a velocidade máxima, né? 240 km/h (limitada eletronicamente). Aliás, o semiautônomo de condução funciona a até 200 km/h.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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