Por que o carro mais vendido no mundo em 2023 foi um elétrico da Tesla

A Tesla vendeu 456 mil unidades do Model Y na China, alta de 45% ante 2022. O país tem sido um "embaixador" da eletrificação no mundo, e 2023 foi um ano fundamental nesse movimento. Os carros chineses a bateria avançaram muito em mercados como o europeu e o brasileiro. Internamente, também aumentou o consumo desses produtos.

E, como a China é o principal mercado do mundo, um crescimento considerável no país representa milhares de unidades, como ocorreu com o Model Y. Como bloco, a Europa é o segundo maior consumidor global de veículos.

No mercado europeu, o Model Y emplacou 255 mil unidades, batendo campeões de bilheteria da região, como Dacia Sandero e Peugeot 208. O ano passado também marcou grande avanço dos elétricos na Europa, com grande adesão do principal mercado local, o alemão.

Estados Unidos

Mas é o mercado norte-americano o que mais ajuda a explicar por que a Tesla conseguiu vender tanto seu Model Y no mundo. Afinal, esta é uma montadora dos EUA. Portanto, foi lá que tudo começou.

O avanço mais importante, aliás, foi nos Estados Unidos. Com 394 mil emplacamentos, o Model Y cresceu 56% ante 2022. Além disso, ficou na quinta posição entre os modelos mais vendidos daquele país - no ano anterior, não aparecia nem no "top 15".

Entre os carros de passeio, o Model Y foi segundo colocado, aparecendo atrás apenas do Toyota RAV4 - os três primeiros são picapes (as linhas Ford F-Series, Chevrolet Silverado e RAM). Nos EUA, para conseguir esse crescimento, a Tesla chegou a dar subsídios estimados em até US$ 27 mil por carro, de acordo com dados apresentados durante o NADA Show - maior feira de concessionárias do mundo -, no início de fevereiro.

Com isso, conforme o mesmo estudo, a Tesla conseguiu aumentar sua participação no mercado dos EUA de 4% para 5%, número importante em um país que entregou aos clientes 15,5 milhões de veículos novos no ano passado, conforme dados preliminares da consultoria Cox Automotive.

A estimativa, portanto, é de que a Tesla tenha vendido total de 775 mil veículos nos EUA em 2023. E o carro-chefe foi o Model Y.

Panorama nos EUA

O Brasil não tem importação oficial de modelos da Tesla. Aqui, os produtos trazidos de maneira independente têm preço de carro de alto luxo - podem ser encontrados por mais de R$ 700 mil. Nos EUA é diferente. O mais caro, Model S, ultrapassa os US$ 70 mil (R$ 350 mil na conversão direta, mas sem impostos).

Já o Model Y começa em US$ 43 mil (R$ 215 mil). No entanto, a conta aqui é diferente da usada para outros produtos. Nos a combustão tradicionais, há o valor inicial, mais taxas. Nos elétricos como esse Tesla, o preço final diminui. Isso porque há incentivos federais para quem compra alguns automóveis elétricos a bateria.

No caso da Tesla, ele está disponível para o Model Y e o Model X, e é de US$ 7.500. Porém, não está disponível para todos. É preciso cumprir diversos critérios para ter direito ao desconto.

Além do incentivo, há ainda uma estimativa de economia com gasolina, em três anos, calculada por meio do site da própria Tesla. E esta é uma das partes mais relevantes da equação que levou ao sucesso da Tesla em 2023.

O leasing é a modalidade mais importante na aquisição de carros nos EUA. Para o Model Y, em 36 meses, a estimativa é de pagamento de US$ 379 mensais, com parcela inicial de US$ 2.500, na Califórnia.

Mas, com os incentivos do governo e a economia em combustível, a estimativa é que esse gasto caia para US$ 279. Ou seja: cerca de R$ 1.400 (conversão direta) mensais para ter um Model Y. E apenas isso.

Isso porque a Tesla também fornece seus incentivos. Entre eles, recarga gratuita por um ano em carregadores da marca, que estão espalhados por diversos locais dos Estados que têm maior adesão ao carro elétrico - como Califórnia e Nevada.

Facilidade

A recarga nas estações rápidas da Tesla só pode ser feita por modelos da marca, o que já representa uma considerável redução nas chances de existirem filas de carros para fazer o processo. Os donos de produtos da montadora podem encontrar esses postos facilmente, por meio do mapa na central multimídia do carro.

E mesmo quando começa a haver cobrança, ela é feita na conta Tesla do usuário, sem necessidade de usar cartões de crédito, débito ou outras formas de pagamento. Mais que um carro, o produto da montadora vem representando um estilo de vida focado na facilidade do uso.

Com essas vantagens, os Tesla também têm sido os queridinhos de quem trabalha com aplicativos como Uber e Lyft, bem como das locadoras de veículo. Em Las Vegas, é alta a possibilidade de seu Uber X ser um Model 3, o mais barato da marca - US$ 39 mil.

Diferentemente do Model Y, esse produto não tem os incentivos governamentais. Mas tem os concedidos pela Tesla, que geram gasto nulo de rodagem por um período. Por isso, é atraente para quem trabalha com apps como Uber - e tem um valor mensal de leasing menor que o do Y.

Os Tesla Model 3 e Model Y também estão cada vez mais populares na frota de locadoras. E, em algumas, há tantos exemplares que o aluguel sai mais em conta do que o de um Corolla ou Jetta, dependendo da localidade.

Na Hertz, em Las Vegas, alugar um Model 3 começa em US$ 60 por dia. No caso do Corolla, Jetta ou similar, a conta diária já sobe para US$ 70. Na mesma cidade, os modelos da Tesla também são os mais em conta - e os com mais oferta - em startups de aluguel de carros como Turo.

Esse app é uma espécie de Airbnb dos carros - a pessoa física aluga o automóvel de outra pessoa física. Porém, já há muitos usuários que estão criando frotas para oferecer no Turo - compostas por produtos da montadora americana.

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