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Nova Ford Ranger quer abalar reinado da Hilux - e tem armas para isso

O reinado da Hilux é inabalável. Há quem goste da S10, da Ranger ou da L200, mas a paixão pelo modelo da Toyota domina o consumidor do segmento de picapes. Tanto que o produto é líder da categoria há anos.

No ano passado, foram vendidos no Brasil 48.606 exemplares da Hilux, ante 27.128 da S10, 15.831 da L200 e 14.302 da Ranger. Ou seja: o modelo da Toyota vende apenas um pouco a menos que a soma das três principais concorrentes.

Porém, a nova Ranger veio com uma missão, que ficou bem clara durante o lançamento do produto, no mês passado: abalar o reinado da Hilux. Missão impossível? Não. Pelo contrário. Em meu ponto de vista, a picape da Ford vai incomodar muito o modelo da Toyota.

Mas a nova Ranger vai vender mais que a Hilux? Não, não vai. Todo mundo sabe disso. Até a Ford sabe disso. Então, superar toda a linha do modelo da Toyota em volume de vendas nem é o objetivo da montadora americana. Mas a marca quer, sim, derrotar (ou pelo menos abalar bastante) a líder na sua principal frente: a das versões de topo.

Reverência a uma picape

A Hilux é um produto reverenciado por boa parte dos picapeiros. Mesmo sendo um modelo que, inegavelmente, está defasado. E apesar do fato de não ter um motor que chame muito a atenção por desempenho.

Qual é a razão dessa adoração? Em meu ponto de vista, é a boa fama. Os produtos da Toyota têm fama de inquebráveis. Se isso já é grande coisa em qualquer segmento de veículos, imagine no de picapes médias.

Esses produtos nem sempre são usados para o trabalho, mas foram feitos para isso. Por isso, ser inquebrável - na realidade ou apenas na reputação - é um chamariz e tanto no segmento de picapes médias.

Fora isso, a Toyota tem reputação de oferecer bons serviços de manutenção a preços justos. Esse é o outro apelo da marca, e algo com que a Ford terá de lutar. A montadora deixou de produzir carros no Brasil no início de 2021.

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Desde então, há muitos que acreditam que a Ford tenha abandonado o Brasil. Ideia equivocada, já que passou da condição de fabricante à importadora. Além disso, a Ranger é produzida na Argentina, assim como Hilux e a maioria das picapes médias.

Ser importado da Argentina não equivale a vir dos EUA, Europa ou Ásia. Acordos entre o país e o Brasil levam boa parte da produção local a ser destinada ao mercado brasileiro. Mas fama é fama.

E, nessa missão de enfrentar a Hilux, a Ford tem um trabalho duro de marketing para mostrar que, sim, continua firme e forte no Brasil. Com revendas, assistência e bons produtos.

As armas da Ranger

A terceira parte, a de "bons produtos", não vai ser difícil para a Ranger. A nova geração da picape faz a Hilux parecer coisa do passado. E a boa notícia para a Ford é que uma grande atualização no modelo da Toyota só deve vir a partir de 2026.

Assim, quem precisa comprar uma picape zero-km agora dificilmente vai esperar três anos pela nova Hilux. E, na comparação com a Toyota, a nova Ranger se tornou um produto muito superior em todos os aspectos: design, acabamento, desempenho e, principalmente, tecnologia.

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Com o novo motor V6, a Ranger perde em potência apenas para a Amarok, na categoria. O modelo anda muito bem e tem boa dirigibilidade. Mas o destaque mesmo é o pacote de tecnologia. Há ACC, leitor de faixas com função de correção e até uma câmera 360 com modo off-road.

Quanto ao sistema de tração, além dos tradicionais modos temporário, 4x4 alta e 4x4 reduzida, a Ranger recebeu também o recurso 4x4 por demanda. Avaliando puramente o produto, o modelo da Ford é a resposta para quem quer sofisticação no segmento de picapes médias.

Vai triunfar?

Apesar da resistência do tradicional cliente da Hilux, a superioridade da Ranger vai contar bastante na decisão do consumidor que é menos purista. E é por isso que a Ford ataca, nesse primeiro momento, apenas com as versões topo de linha, XLT e Limited. São elas que trazem as verdadeiras armas da renovada picape.

Além disso, desde que deixou de ser fabricante, a Ford vem trabalhando para se reposicionar como marca de luxo, deixando os segmentos populares e vendendo apenas modelos acima de R$ 200 mil.

Brigar com a Hilux com as versões de entrada é disputa perdida. Nesse nível, em que o uso para o trabalho é preponderante, os atributos do pós-venda da Toyota fazem muita diferença. A Ford, aliás, só lança suas opções mais simples, com motor 2.0, em setembro.

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Mas no topo a briga não apenas é possível, como promete ser boa. Preocupações com pós venda não são tão intensas para clientes desses produtos, de maior valor agregado. E boa parte dos consumidores de picapes topo de linha não as usam para trabalho pesado.

É possível que a presença da Ranger até faça a Toyota se mexer e promova atualizações na Hilux antes de 2026. E não apenas a marca japonesa. S10, L200 e Amarok também já estão muito defasadas ante o modelo da Ford.

E os preços?

Os preços da Ranger nem são destaque, na comparação com os da Hilux. As versões mais sofisticadas do produto da Toyota, SRV, SRX e Conquest, custam respectivamente R$ 290 mil, R$ 325 mil e R$ 338 mil. Todas têm motor 2.8 de 204 cv - ante os 250 cv da Ford.

Há ainda a "esportivada" GR Sport. Nela, o propulsor 2.8 vai a 224 cv. E o preço também sobe bastante: R$ 373 mil. No caso da Ranger, a versão XLT custa R$ 290 mil e a Limited, R$ 320 mil. A Limited com pacote Plus, que traz as mais importantes tecnologias da picape, vai a R$ 340 mil.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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