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Paula Gama

REPORTAGEM

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Rachas em SP: influenciador já cobrou por vídeo de acidente com criança

Colunista do UOL

28/04/2023 04h00

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O UOL Prime mostrou na última terça-feira (25) o funcionamento das corridas clandestinas no Brasil, em especial na cidade de São Paulo, e como a participação de youtubers mudou o panorama dos rachas. Um dos influenciadores digitais citados pela reportagem foi Rodrigo Barra, conhecido com 'Alemão da Caravan', que conta com mais de 210 mil seguidores em seu perfil no Instagram.

No mês passado, Barra foi destaque em publicação do canal norte-americano Donut Media, onde foi gravado acelerando em alta velocidade na Avenida Europa, 'cantando' pneus e desrespeitando o semáforo vermelho. Já em 2022, apareceu no noticiário ao bater um Opala em um veículo com duas crianças gêmeas de três anos, uma delas retornando de tratamento de câncer, durante disputa de racha com o também influenciador Luan Galaso, o PetroHead, na Rodovia dos Bandeirantes.

Barra ainda monetizou com o acidente ao exibir o vídeo da colisão na seção Close Friends da rede social, restrita a assinantes que pagam mensalidade.

"Quando bati o Opala marrom, fiquei com o c* na mão. Falei 'acabou a minha vida'. Olhava para o PetrolHead e ele achava graça, dizia para eu me desligar disso daí. E não deu em nada. O bagulho passou, não teve B.O., não teve vítima, eu assumi. Tive vontade de cancelar o Insta, o coraçãozinho dói [por conta dos xingamentos]", disse em meio a risadas durante uma live realizada no YouTube.

Alemão da Caravan Luan Petrolhead Racha na Bandeirantes acidente Opala Omega Tiguan - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Barra foi o único dos influenciadores procurados que aceitou conversar com a reportagem do UOL Prime. Na entrevista, realizada em março deste ano, afirmou ter deixado para trás os tempos de rachas e ter passado a atuar apenas em eventos de arrancadas.

"Na rua não dá para fazer um negócio muito bem organizado, vai muita gente para zoar, ouvir som alto, dar cavalo de pau, empinar moto. Não é a minha praia e não temos nem onde fazer isso, porque onde vamos acaba dando confusão. Antigamente fazíamos, mas não dá mais. Minha página está muito grande, acaba indo muita gente e fica uma arruaça que não é interessante", afirmou.

"Nas provas de arrancada que a gente testa o carro, bota para moer de verdade. É onde se testa o limite. Na rua não dá para entender se o carro está melhor ou pior. A maioria das pessoas não tem poder aquisitivo para fazer uma preparação real no carro. É caro demais, quebra demais. Hoje em dia não participo de rachas porque é difícil. Quem tem amor pelo carro, que prepara, coloca ele em risco?", opinou.

Segundo Barra, a Caravan 1978 foi comprada por sua mãe há 23 anos, um ano antes dele atingir a maioridade e tirar sua habilitação. Desde então, afirma já ter gasto "mais de R$ 1 milhão" com a preparação do veículo, contando as quebras. Apesar de ser influenciador, diz que este não é sua principal fonte de rendimentos.

"Sou guincheiro, demoro para juntar a grana. Cada vez que o carro quebra, fica dois ou três anos parado. É um dinheiro suado e sofrido", diz Barra.

Alemão da Caravan fazendo o chamado "borrachão" na Avenida Europa - Reprodução / YouTube Donut Media - Reprodução / YouTube Donut Media
Alemão da Caravan fazendo o chamado "borrachão" na Avenida Europa
Imagem: Reprodução / YouTube Donut Media

Disputas ilegais no 'México'

Em participação no podcast 'Made for Speak' em maio do ano passado, Alemão admitiu participação em disputas ilegais no 'México' - inspirado nos filmes da saga 'Velozes e Furiosos', o nome costuma ser usado por rachadores para indicar o local das corridas. De acordo com Barra, em São Paulo os encontros ocorrem em uma 'área industrial'.

"O negócio é organizado, é tipo 'Corridas Proibidas' do Discovery. Tem regras, é animal. (...) Nas vezes em que eu fui lá colou polícia, mas é uma área tão fechada que não fazem nada, só mandam você embora", afirma. Ainda defendeu as disputas no local ao dizer que os participantes "se matam sozinhos", sem ferir mais ninguém, por estarem em locais descampados e "seguros". Na entrevista ao UOL, porém, negou participação e criticou a realização de tais eventos.

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