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Avaliação: nova Honda NC 750X com câmbio DCT fica mais prática e econômica

Colunista do UOL

02/04/2022 04h00

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A nova geração da Honda NC 750X representa uma das maiores evoluções na história do modelo apresentado em 2011 como NC 700X. Além do design renovado, com linhas modernas e atraentes, a crossover teve seu quadro redesenhado, o que a deixou mais leve, e sofreu alterações no motor, que aumentaram a potência máxima para 58,6 cavalos.

Outra novidade é que o bicilíndrico ganhou acelerador eletrônico, que permitiu a Honda dotar a NC 750X com mais eletrônica embarcada, como quatro modos de pilotagem - três predefinidos (Standard, Sport e Rain) e um User, personalizável. Os modos alteram os mapas de entrega de potência, o nível de atuação do freio motor e do controle de tração.

Apesar de todas essas mudanças, a novidade mais significativa é a versão com câmbio DCT. Ao menos, para nós, brasileiros, pois, desde sua primeira geração, a NC já era oferecida com a opção do câmbio de dupla embreagem. Na Europa, aliás, 52% das vendas do modelo são com DCT.

Com preço sugerido de R$ 55.700, ou seja, R$ 6.000 a mais do que a versão com transmissão convencional, a NC 750X DCT 2022 é a moto mais em conta equipada com o sofisticado câmbio no mercado brasileiro - as outras são a scooter X-ADV 750, a bigtrail Africa Twin 1100 e a Gold Wing 1800 Tourer.

Casamento perfeito

Confesso que estava curioso para saber como as trocas automatizadas do DCT funcionariam com seu motor, derivado dos automóveis. Seu bicilíndrico de 745 cm³, SOHC e arrefecimento líquido é, na verdade, metade do bloco do antigo motor do Honda Fit e tem como característica girar pouco - para se ter uma ideia, na primeira NC, ainda 700X, o motor cortava a 6.500 rpm.

NC 750X DCT - Divulgação - Divulgação
Honda NC 750X 2022 é modelo mais em conta equipado com o câmbio DCT à venda no Brasil
Imagem: Divulgação

Por outro lado, seu caráter de "girar pouco" sempre fez dela uma moto econômica - na geração passada, por exemplo, o consumo variou de 26 a 31 km/litro, números excelentes para uma moto 750 cc.

O aumento de capacidade e as mudanças no gerenciamento corrigiram isso ao longo dos anos, é verdade. O bicilíndrico que equipa a nova geração tem potência máxima de 58,6 cv a 6.750 rpm e a faixa de corte só chega nos 7.500 giros. Ainda assim, bem abaixo de outros motores, concebidos para motocicletas.

Justamente por isso, estava muito curioso para avaliar o câmbio DCT na NC 750X. Posso afirmar que foi um casamento perfeito. Afinal, com as trocas feitas de forma automática, não existe o "problema" de o motor cortar ao girar o acelerador com vontade, porque a central eletrônica do DCT faz sobe as marchas por você.

Além do conforto de não sentir o tranco do motor cortar o giro, o câmbio ajuda a NC 750X a ser ainda mais econômica, pois faz as trocas o mais cedo possível e mantém os giros lá embaixo.

Ainda há três mapas para as trocas, que podem ser ajustados com os modos de pilotagem. No modo Standard, por exemplo, ao chegar a 60 km/h o câmbio já está em quinta ou sexta marcha. Já no Sport, o câmbio espera até chegar o pico da potência para realizar as trocas. Para minha alegria, durante o teste não precisei experimentar o modo Rain, pois o dia estava ensolarado e perfeito para um passeio de moto.

Mas a central eletrônica é ainda mais inteligente: mesmo no Standard, se você girar o acelerador com vontade, o câmbio reduz uma ou duas marchas, pois entende que você quer fazer uma ultrapassagem ou ganhar velocidade. Da mesma forma, no modo Sport, se acelerar progressivamente, as trocas acontecem de forma precoce.

Também é possível reduzir ou subir marchas por meio de "shift paddles", dois botões no punho esquerdo, com os sinais de "-" e "+". Uma maravilha da tecnologia moderna.

NC 750X DCT - Divulgação - Divulgação
Motor ficou mais potente - 58.6 cv - e casou bem com o câmbio DCT
Imagem: Divulgação

Aos que criticam o DCT porque gostam de trocar marchas, um conselho: experimentem antes. Talvez em uma bigtrail, na terra, optaria pela versão com câmbio convencional, para sentir no controle da moto. Porém, em uma crossover, como a NC 750X feita para o uso urbano e viagens no asfalto, as vantagens da versão com o câmbio de dupla embreagem são muitas.

A começar pela comodidade: não é preciso se preocupar em trocar as marchas - e mesmo que queria trocar, é só apertar um botão. O dispositivo também contribui para sua segurança: sempre a marcha engatada é a mais adequada para oferecer torque e a possibilidade de escapar de uma situação de risco. Isso, sem falar, que dá para focar na trajetória nas curvas e apreciar as paisagens com mais tranquilidade.

E, finalmente, na economia de combustível: nenhum cérebro humano seria capaz de fazer trocas mais rápidas e precisas do que o DCT.
Rodei quase 200 km com a NC 750X DCT, por um trajeto que mesclou estradas sinuosas, rodovias de alta velocidade e trechos urbanos. Ao final, o consumo informado pelo painel foi de 23,8 km/litro. Em alguns momentos, chegou a bater 27,8 km/litro.

Considerando uma média de 26 km/litro, a NC rodaria cerca de 350 quilômetros com o tanque de 14,1 litros. Uma boa autonomia para quem quer viajar.

Mais confortável e ágil

Depois de "festejar" o casamento entre o DCT e a nova NC 750X, não posso deixar de falar sobre as melhorias na ergonomia e ciclística do modelo.

O assento ficou mais baixo (802 mm do solo) e foi redesenhado, melhorando a posição de pilotagem e aumentando o conforto. O para-brisa maior também desvia melhor o vento, ao menos para pilotos de até 1,75 m, como é meu caso.

NC 750X MT - Divulgação - Divulgação
Novo quadro e acerto das suspensões deixaram a NC 750X mais ágil nas curvas
Imagem: Divulgação

A mudança no quadro do tipo Diamond tubular reduziu o peso do conjunto em 6 kg comparado à versão anterior e também a altura em relação ao solo (agora de 145 mm). Embora não tenha influenciado na geometria da moto, as alterações deixaram a NC 750X mais ágil nas mudanças de direção.

As suspensões - telescópica convencional, na dianteira, e monoamortecida, na traseira - ganharam novo acerto. Com isso, a crossover ficou ainda melhor nas curvas, demonstrando estabilidade e transmitindo confiança para deitar bem.

Os freios não mudaram. O conjunto tem disco simples, na frente e atrás, com sistema ABS. Sua "mordida" não é instantânea, mas é suficiente para parar os 224 kg da versão DCT com segurança.

Escolha racional

Embora sempre tenha admirado a praticidade e economia da Honda NC 750X, confesso que nunca fui um grande fã do modelo. Seu motor pacato e sua maneabilidade neutra nunca me encantaram, apesar de fazerem dela uma moto muito racional e sucesso de vendas na Europa - em Portugal e Itália, por exemplo, aparece há anos entre as motos mais vendidas da Honda.

NC 750X DCT - Divulgação - Divulgação
Diferença de preço entre a versão "manual" (á esq.) para a NC 750X com DCT não superam as vantagens do câmbio de dupla embreagem
Imagem: Divulgação

Entretanto, mudei minha opinião com a nova geração da NC 750X com DCT. Seu acabamento ficou mais sofisticado, o motor, mais potente e o câmbio DCT casou perfeitamente com o bicilíndrico.

Com preço sugerido de R$ 55.700, na minha opinião, vale a pena optar pela NC 750X com câmbio DCT, em função do conforto e praticidade. A crítica fica para a falta de um piloto automático (cruise control): não dá para entender porque a Honda não pensou nisso.

Não sei se foram as divertidas estradas da região de Brotas, no interior de São Paulo, mas mudei meu conceito sobre a crossover. Não estaria no topo da minha lista de motos que queria ter na minha garagem, mas certamente subiu algumas posições. Talvez seja a idade, que nos faz analisar as coisas mais pelo lado racional do que emocional.