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Por que carro híbrido pode virar 'mico' para o dono na hora da revenda

Que tal um veículo que roda 17 km/l em ciclo urbano? Poderia ser uma motocicleta, mas alguns espaçosos e pesados carros familiares já conseguem isso. Graças à tecnologia híbrida, em que um motor elétrico trabalha junto com outro a combustão, automóveis como o Toyota Corolla e Honda Civic conseguem dados de consumo invejáveis por qualquer um que valoriza o dinheiro que tem no bolso.

Para entender melhor o funcionamento desses motores, imagine que, em vez de o carro ter apenas uma bateria como de costume, ele tem células espalhadas pelo assoalho da carroceria. Essas baterias alimentam um pequeno motor elétrico que trabalha em conjunto com o tradicional à combustão, que só é acionado em situações específicas como a necessidade de mais desempenho ou para recarregar as baterias.

O primeiro contato com carros assim pode parecer estranho para alguns, já que é possível sair com ele somente com a força do motor elétrico - ou seja, sem nenhum barulho. Depois de se acostumar, o motorista mal percebe essas mudanças de funcionamento e conduz o carro como qualquer outro.

Comparado com carros que são 100% elétricos, os híbridos apresentam vantagens como maior autonomia e o fato de não ter a necessidade de recarga externa das baterias. Aqui no Brasil, são poucos os pontos de recarga, além do longo tempo que é preciso para recarregar. Sendo assim, o cenário é favorável para os híbridos, quando o assunto é carros eletrificados.

Porém, diante de tantas vantagens, se você está imaginando que seu próximo carro será um híbrido, é bom que você analise bem suas necessidades antes disso.

No mercado de usados, os híbridos ainda são vistos com certo receio. O comprador tem medo dos custos para manter toda essa complexidade e também de uma possível dificuldade na revenda. Mas nada supera o temor de ter que trocar as baterias.

Por mais que os fabricantes ofereçam longos anos de garantia para as baterias, chegará o dia que elas perderão a eficiência e terão que ser substituídas, provavelmente em um momento descoberto pela garantia do fabricante.

Como são muito caras, poucos vão querer assumir esse custo, e os híbridos perdem interesse depois de alguns anos de uso. É como se o carro tivesse prazo de validade, assim como também costumo dizer dos blindados.

O primeiro dono pode até não se preocupar tanto com isso, mas ainda assim é um fator que pesa no mercado de usados. O carrão híbrido, que quando novo custou uma fortuna, tem forte queda nos preços depois de cerca de cinco anos de uso.

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Veja o caso de dois Toyotas modelos 2018: um Corolla Altis de mecânica convencional e um Prius híbrido, que quando novos custavam respectivamente R$ 115 mil e R$ 127 mil. Passados esses cinco anos, os valores se inverteram segundo a Tabela Fipe: R$ 105 mil e R$ 95 mil.

Se avançarmos mais no tempo, tudo leva a crer que essa diferença será ainda maior, pois a simplicidade do Corolla será sempre mais aceita do que a complexidade do Prius. Ou seja, carros com motores convencionais, somente à combustão, são mais valorizados pelo mercado quando ficam mais velhos. Já os híbridos chegam em um ponto da vida que não é fácil conseguir comprador para ele.

Outro ponto a ser considerado é que o comprador do híbrido geralmente é alguém que roda bastante com o carro, já que não faz sentido investir mais e não se beneficiar da economia por quilômetro rodado. Sendo assim, os usados tendem a ter médias maiores de km, algo que prejudica ainda mais sua revenda.

Para concluir, respondendo a pergunta inicial: um híbrido usado pode até ser uma boa se ainda estiver com poucos anos e com garantia do fabricante. Passado esse período, é bom ter ciência de que serão grandes as chances de ter dificuldade na revenda.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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