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O que acontece no seu corpo quando você toma colágeno

Imagem: Arte UOL

Cristina Almeida

Colaboração para VivaBem

16/04/2024 04h05

Quem está atento às dicas de beleza certamente já ouviu falar do colágeno, a proteína mais abundante do nosso organismo e que se concentra em vários tecidos como pele, ossos, ligamentos, tendões e cartilagens.

Constituído por três aminoácidos —uma combinação de glicina, prolina e hidroxiprolina—, ele deve a sua fama aos potenciais efeitos estéticos, maior hidratação, elasticidade, firmeza, redução de linhas de expressão e rugas da pele, além de benefícios para as articulações.

Existem 28 tipos de colágeno: o 1 e o 3 são os mais abundantes na pele, dentes, ossos, tendões e ligamentos.

O mais buscado é o tipo 1, associado à estética.

O 2 representa 90% do colágeno das cartilagens e se relaciona à dor articular.

Já o 3 associa-se à cicatrização, compõe músculos e vasos sanguíneos.

Será que preciso suplementar?

Todo mundo precisa de colágeno para manter a saúde da pele, das articulações e a elasticidade da musculatura do intestino, por exemplo. Para garantir a produção dessa grande proteína, precisamos de "pedacinhos" dela, os aminoácidos animais e vegetais.

A adoção de regimes alimentares equilibrados garantem nossas necessidades. Assim, o ideal é que eles sejam obtidos por meio de fontes naturais, como a carne, frango, ovos, etc., bem como o grão-de-bico, a ervilha e lentilha, feijões, alimentos ricos em vitamina C e zinco (oleoginosas, como as castanhas), além de verduras folhosas.

Para garantir o consumo suficiente de aminoácidos para a construção do colágeno, basta incluir proteínas animais ou vegetais em todas as suas refeições.

Caldos à base de ossos e o próprio tutano são ricas fontes de aminoácidos, mas não adianta consumi-los uma vez por semana.

Os especialistas consultados esclarecem que, caso você tenha interesse nesse tipo de suplementação, a consulta com um profissional da área da saúde pode avaliar seus objetivos e suas reais necessidades, esclarecer dúvidas e ainda garantir a supervisão do eventual consumo.

Esses profissionais podem ser médicos (dermatologista, ortopedista, reumatologista, etc.) ou nutricionistas.

Como o suplemento funciona

Quando ingerido pela via oral, não há produção de colágeno extracelular, isto é, a suplementação oferece nutrição para uma célula especializada na produção de colágeno.

Como isso acontece? Cada célula funciona como uma pequena cidade, que possui uma fábrica de produção de ácido hialurônico, fibra de colágeno, etc., mas dentro da célula. Para que a fábrica funcione, o corpo tem de estar bem nutrido e saudável.

A célula fibroblasto, por exemplo, vai produzir colágeno específico para cada região do corpo (na pele, dentro da articulação, etc.).

Isso significa que, ao ser consumido, o suplemento não vai direto para a pele, articulações ou tendões. Ele é absorvido, cai na corrente sanguínea, os peptídeos chegam até as células que, enfim, poderão trabalhar com essa matéria-prima.

Efeitos no seu corpo

Muitas pesquisas científicas têm avaliado o potencial benefício da suplementação por via oral de colágeno para melhorar a força muscular e a saúde das articulações.

No entanto, as evidências hoje disponíveis são conflitantes. Algumas sugerem que a medida é benéfica, outras que ela é —possivelmente, ineficaz. O que explica esses resultados é que, no momento, faltam mais e maiores estudos.

Isso não significa que ele não funcione, mas que ainda não há um consenso entre os especialistas e, assim, ele é visto como uma opção complementar.

Efeitos na sua pele

Imagem: iStock

Como o colágeno colabora para melhorar a hidratação, a elasticidade e o viço da pele —especialmente entre pessoas maduras, este é considerado o seu mais promissor benefício. Mas atenção:

A medida pode até ajudar a reduzir as rugas, mas ainda não foi totalmente esclarecido se essa mudança é perceptível.

Ele não beneficia pessoas com peles flácidas e de contornos mal definidos. Essas características impedem que ocorra uma resposta ao estímulo de colágeno, provavelmente porque o problema é na estrutura da face.

O mesmo acontece quando há perda óssea, ou seja, alterações nas estruturas profundas do rosto, flacidez corporal, inclusive no abdome e nas nádegas.

Por dentro do suplemento

Ele é extraído de subprodutos de carnes, como ossos, cartilagens, couro de bovinos, porcos, galinhas, peixes, etc. Podem passar por processos de hidrólise [quebra de moléculas] para obtenção de peptídeos (pequenas partículas, o mesmo que aminoácidos) com efeitos bioativos, ou seja, elas são capazes de agir em nosso organismo.

O suplemento não é colágeno puro, mas é composto por aminoácidos que dão uma força para as células, no caso da pele, os fibroblastos, produzirem seu próprio colágeno.

A maioria dos produtos disponíveis é de origem animal, mas já existem opções vegetarianas à base de precursores de colágeno (leguminosas, oleoginosas, vitamina C, etc.).

Peptídeos de origem animal agem de forma mais eficaz, dadas as suas características.

Eles podem ser encontrados em cápsulas ou pó, e em cosméticos para uso tópico.

O tipo de colágeno e a apresentação mais adequada dependerão das necessidades individuais, dos objetivos buscados e da dosagem necessária.

Hidrolisado, o mais consumido

Ele é também o mais estudado entre os cientistas e é considerado a melhor apresentação. Isso porque se trata de uma molécula menor e, portanto, tem maior poder de absorção.

Geralmente esse produto é associado à vitamina C.

A explicação para isso é que a produção do colágeno é dependente de adequado consumo dessa vitamina.

Os especialistas sugerem que se for o caso de suplementar, que se dê preferência a produtos sem açúcar, sem corantes e sem sabor —porque são mais seguros para o uso.

Situações especiais

A literatura especializada esclarece que alguns indivíduos podem necessitar de complementação do consumo de aminoácidos quando estiverem presentes condições específicas que facilitam a perda do colágeno. Confira:

  • Deficiências nutricionais
  • Exposição excessiva ao sol
  • Radiação infravermelha
  • Poluição do ar
  • Atividade física intensa
  • Alterações naturais decorrentes ao envelhecimento

Contraindicações

De modo geral, a suplementação de colágeno é considerada segura quando é utilizada de forma adequada e após a avaliação de um profissional da saúde, e até agora não se conhecem efeitos colaterais.

Entretanto, a suplementação não é para todos. Veja quem precisa ficar atento e deve evitar a autosuplementação:

  • Pessoas com enfermidades digestivas
  • Pacientes que sofreram cirurgias bariátricas
  • Indivíduos com doença renal crônica
  • Gestantes
  • Lactantes
  • Pessoas com tendência a alergias

Dicas para manter a pele saudável

Enquanto os cientistas seguem observando e avaliando os efeitos de se consumir colágeno para a saúde da pele, o conselho dos especialistas é investir nas seguintes práticas:

Mudanças positivas no estilo de vida podem melhorar a produção de colágeno.

Mantenha-se hidratado.

Modere a exposição ao sol usando protetor solar, e prefira expor-se por 10 a 20 minutos no sol do meio dia, 3 a 4 vezes por semana.

Garanta dormir o sono da beleza (7 a 9 horas por noite).

Evite o tabaco. A cessação do tabagismo é mais importante que a suplementação.

Controle os níveis de estresse adotando técnicas de relaxamento. O cortisol afeta negativamente a produção do colágeno.

Fontes: Monique de Paula Sobrinho, nutricionista pediátrica com formação na Faculdade de Saúde Pública da USP, atua na Clínica Mãe Canguru (SP); Valeria Zanela Franzon, médica dermatologista e professora da Escola de Medicina e Ciências da Vida da PUC-PR; e Vitória Hana Müller Mottin, farmacêutica, professora e pesquisadora da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), no Rio Grande do Sul, dos cursos de graduação em farmácia, biomedicina e estética e cosmética; é ainda pesquisadora na área de nanotecnologia e cosmetologia. Revisão técnica: Valeria Zanela Franzon.

Referências: Wu M, Cronin K, Crane JS. Biochemistry, Collagen Synthesis. [Atual 2023 Sep 4]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK507709/.

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