Pulmão de ferro: como é 'ventilador de aço' que ajudou homem por 70 anos

Paul Alexander, norte-americano que sobrevivia com a ajuda de um pulmão de ferro há mais de 70 anos, morreu após contrair covid-19.

O que é um pulmão de ferro?

O pulmão de ferro é uma câmara hermética de metal de cerca de dois metros de comprimento. A peça funciona como uma espécie de ventilador gigante, auxiliando na respiração de pacientes que tiveram poliomielite.

Outra paciente, Jane Albright, usando pulmão de ferro devido às sequelas da poliomielite
Outra paciente, Jane Albright, usando pulmão de ferro devido às sequelas da poliomielite Imagem: Shelly Yang/Kansas City Star/Tribune News Service via Getty Images

O equipamento bombeia o ar para dentro e para fora, fazendo com que a pessoa respire por meio de um método de respiração artificial chamado "ventilação externa com pressão negativa".

Os pacientes ficam deitados dentro de equipamento, apenas com a cabeça apoiada do lado de fora. Uma vedação ao redor do pescoço do paciente cria um vácuo enquanto o dispositivo faz o trabalho de um diafragma humano —criando pressão para que os pulmões da pessoa se encham de ar e depois esvaziem.

A maioria dos pacientes só usou o pulmão de ferro durante algumas semanas ou meses, a depender da gravidade da paralisia.

No caso de Paul, nos últimos anos, ele não conseguia ficar por mais de cinco minutos fora do aparelho, segundo uma publicação do The Guardian, de 2020. Quando ele era jovem, conseguia sair por algumas horas.

O dispositivo foi inventado em 1928 por Philip Drinker, engenheiro, e Louis Shaw, fisiologista. Ambos eram pesquisadores da Universidade Harvard, nos EUA. A vacina para a poliomielite só foi aprovada e administrada às crianças nos EUA em 1955.

1938: Um paciente em respiração artificial com um pulmão de ferro
1938: Um paciente em respiração artificial com um pulmão de ferro Imagem: Getty Images
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Os últimos pulmões de ferro foram fabricados no final dos anos 1960, segundo o The Guardian. No entanto, ainda segundo a publicação, na época em que outros ventiladores se tornaram mais comuns, Paul Alexander já estava habituado a viver no pulmão de ferro e, então, manteve seu dispositivo.

A poliomielite pode matar por asfixia —não por danificar os pulmões, como faz a covid-19, mas por atacar os neurônios motores na medula espinhal, enfraquecendo ou cortando a comunicação entre o sistema nervoso central e os músculos, causando paralisia muscular —inclusive dos músculos que permitem a respiração.

O que aconteceu

A morte de Paul foi anunciada na terça. Um comunicado publicado em uma página de financiamento para Paul nas redes sociais afirmou que ele morreu na segunda-feira (11), aos 78 anos.

O paciente foi hospitalizado com a covid-19. No fim de fevereiro, o administrador das redes sociais dele contou que Paul estava internado com covid e que a situação dele era "delicada".

A rotina era compartilhada na internet. Paul, que era formado em direito e tinha livros publicados, compartilhava a rotina dele em um pulmão de ferro nas redes sociais. Ele tinha mais de 300 mil seguidores no TikTok.

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@ironlungman Replying to @??? ??? ?? ??? ??? ????? Thank you for all of your questions! Paul understands that even questions about the most basic functions of his life are valuable! #conversationswithpaul #ironlung #poliopaul #PaulAlexander #QandA ? original sound - Paul ?Polio Paul? Alexander

Sequelas da poliomielite. Nascido no Texas, ele vivia em Dallas e teve a paralisia infantil antes da criação da vacina para a doença, em 1952. Devido às sequelas, ele precisou passar a vida usando o equipamento para auxiliar na respiração dele.

Sou muito grato a todos que doaram para a campanha de financiamento do meu irmão. Isso permitiu que ele vivesse os últimos anos da vida dele sem estresse e vai ajudar a pagar pelo funeral neste momento tão difícil.
Irmão de Paul, em comunicado nas redes

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