Ele tratou apneia do sono após 20 anos e encarou viagem de 1.105 km de bike

Durante 20 anos, o administrador de empresas Aluizio Maia se acostumou a dormir mal e sofreu com as consequências de não ter feito nenhum tratamento para acabar com a apneia do sono. Ele acordava cansado, tinha crises de enxaqueca e alterações de humor.

Em 2022, passou a usar o CPAP (um aparelho compressor de ar usado no tratamento de doenças desse tipo) e sentiu os benefícios já na primeira noite.

Atleta amador de mountain bike, o advogado de 65 anos afirma que dormir bem potencializou até o seu desempenho no esporte. Em outubro deste ano, ele e mais três pessoas, todas com mais de 60 anos, pedalaram mais de 1.000 km numa viagem que durou 19 dias.

A seguir, ele compartilha sua história com VivaBem.

"Aos 39 anos, fiz a seguinte reflexão: vivi os primeiros 20 anos da minha vida com os meus pais, dos 20 aos 40 trabalhei e constituí a minha própria família — casei-me com a primeira esposa e tive quatro filhos.

Dos 40 em diante, decidi que viveria do meu jeito e fiz diversas mudanças, parei de fumar, de beber, passei a me alimentar de forma saudável, comecei a fazer atividade física, emagreci, voltei a estudar, mudei de trabalho e de estado.

Essas mudanças me fizeram muito bem, meu único problema é que tinha dificuldades para dormir. Em 2002, fiz uma polissonografia e fui diagnosticado com apneia moderada. Em 2012, o quadro se agravou e se tornou severo.

Eu não atingia o sono REM, que é um dos estágios mais profundos quando dormimos. Isso impactava diretamente na minha saúde física e mental. Acordava muito cansado, ficava sem energia, disposição e sonolento durante o dia. Não era produtivo e não conseguia me concentrar.

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Imagem: Arquivo pessoal
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Geralmente tirava cochilos de 10 minutos às 10h, depois do almoço e quando viajava a trabalho de Curitiba para Belo Horizonte — fazia pelo menos quatro paradas, senão não conseguia dirigir. Frequentemente sofria com crises de enxaqueca que eram incapacitantes, vivia irritado, estressado, era reativo e tinha problemas de relacionamento com as pessoas.

20 anos dormindo mal

Durante 20 anos me acostumei a dormir mal e convivi com a apneia sem fazer nenhum tratamento. Em 2022, uma nova polissonografia constatou que tive mais de 30 episódios de apneia por hora. Pela primeira vez decidi enfrentar o problema de frente e procurei uma clínica de sono

O médico e a fisioterapeuta explicaram que a apneia do sono não tratada está associada a problemas como diabetes, hipertensão, arritmias cardíacas, infarto e derrame cerebral, podendo aumentar o risco de morbimortalidade por doenças cardiovasculares.

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Imagem: Arquivo pessoal

Eles me recomendaram usar o CPAP da ResMed, uma tecnologia que consiste num gerador de fluxo de ar ambiente, que impede o fechamento da garganta enquanto a pessoa dorme.

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A ideia de dormir com uma máscara ligada à uma traqueia [CPAP] e à uma máquina me gerava preconceito e uma sensação ruim como se eu estivesse doente ou fosse incapaz, mas superei isso ao sentir os benefícios no tratamento.

O CPAP vem com um aplicativo que fornece informações sobre o meu sono, como a duração e a quantidade de eventos de apneia. Antes, a hora de dormir era sofrida, ficava enrolando e ia para cama por volta de 1h, 2h da madrugada. Depois do CPAP, passei a dormir bem e o sono se tornou prazeroso.

Acordo com energia, não sofro mais com enxaquecas, não sinto sono durante o dia, meu humor e minha produtividade melhoraram.

Desempenho nas competições

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Imagem: Arquivo pessoal

Tinha 40 anos quando comecei a fazer a minha segunda faculdade, de direito, e conheci a mountain bike por meio de alguns colegas, todos jovens, que me convidaram para fazer uma trilha. Aceitei o convite, mas quase morri. Achei que estava infartando e só não fui ao hospital porque fiquei com vergonha.

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Disse para mim mesmo que nunca mais iria pedalar, mas no dia seguinte comprei uma bicicleta com suspensão e alguns equipamentos de segurança.

Nessa época, minha atual esposa, a Grazi, passou a pedalar para me acompanhar e se tornou minha companheira de bike.

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Imagem: Arquivo pessoal

Eu me tornei um atleta amador, contratei um treinador, treino quatro vezes por semana e já participei de diversas competições, quase sempre conquisto um lugar no pódio, mas dificilmente o primeiro.

Na sétima etapa do Campeonato Metropolitano de Moutain Bike de Curitiba, fiquei em 1º na categoria 65 a 70 anos. A Grazi ficou em 3º na categoria 60 +.

Também faço cicloturismo, meu projeto mais recente foi ter reunido um grupo de quatro pessoas 60+, eu, então com 64, minha esposa com 62, e dois amigos, o Sérgio, 72, e o Alvin, 69.

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Percorremos de bike a Estrada Real - Caminho dos Diamantes e Caminho Velho —fomos de Diamantina (MG) a Paraty (RJ). Foram 19 dias de viagem, 1.105 km de pedal e 26.940 metros de altimetria.

Depois que iniciei o tratamento da apneia e passei a dormir bem, o meu desempenho nas competições melhorou e minha recuperação muscular tem sido mais rápida. O sono me ajuda no esporte. O esporte é o meu antidepressivo e se tornou o meu estilo de vida".

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