O que países com pessoas mais velhas do mundo têm em comum?

Você já ouviu falar nas blue zones? Esse foi o nome dado a regiões no mundo onde há altas taxas de pessoas com mais de 100 anos. Fazem parte dessa lista Sardenha, na Itália, Okinawa, no Japão, Loma Linda, nos Estados Unidos, Ícaria, na Grécia, e Nicoya, na Costa Rica. Para explicar tantos centenários, esses lugares foram estudados e descobriu-se que eles têm características em comum.

Dana Weiner, diretora da divisão de nutrição do Sheba Medical Center —hospital em Israel que irá inaugurar um centro de longevidade em novembro—, apontou para o fato de que esses cinco lugares das blue zones não têm uma só dieta, então a nutrição por si só não explicaria essas populações viverem tanto.

"A melhor escolha de comida depende de onde você vem. Em Okinawa, eles comem batata-doce, outros lugares preferem laticínios, outros preferem grãos. E em Israel, por exemplo, há muitas especiarias, mas não muitos centenários. Por quê? Porque não é só nutrição, é outra coisa. É ser ativo, é o jeito que comemos, o jeito como nos conectamos com os outros, ter um significado para a vida", disse ela, durante palestra na segunda edição da Conferência Africana sobre Redução de Riscos para a Saúde, nesta quinta-feira (28).

Segundo Weiner, o segredo para viver muito são as coisas simples da vida, como caminhar. "Quem faz muito exercício não vive pouco, mas também não é centenário. Estou falando de parar de usar carro, andar por aí. Cidades com maior longevidade têm boas calçadas, bons lugares para andar", disse.

Ela recomenda coisas simples, como limitar momentos em que se fica sentado, preferir usar as escadas, andar enquanto fala ao telefone e até levar o cachorro para passear.

Weiner também fala em ter propósito. "Significa que quando você não estiver mais trabalhando, já aposentado, você ainda tenha um propósito, ainda se mantenha ativo e contribuindo para a comunidade, e não zanzando por aí sem fazer nada", diz. Apesar disso, reduzir a marcha é importante, já que estresse envelhece.

Outro segredo é ter amigos. A pandemia agravou a solidão, mas ter conexões saudáveis, com família e amigos, é fundamental para viver mais e com qualidade.

Quanto à alimentação, as blue zones têm duas coisas em comum, segundo Weiner:

Dieta baseada em plantas: eles comem carne e laticínios, mas a maioria dos alimentos vem da terra e alguns plantam a própria comida. "Eles não comem comida ultraprocessada, e sim frutas, verduras grãos integrais. Em Sardenha eles comem bastante massa, mas a diferença é que eles fazem o próprio macarrão", diz.

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Eles não comem com os olhos, mas com o estômago: pessoas dessas regiões comem menos, apenas até ficarem saciados.

Genética também importa

Weiner lembra que quando se fala em longevidade, a genética importa. "Minha longevidade começou quando minha mãe estava grávida de mim. Ela me programou para ser o que eu sou hoje", disse. "Ela programou minha longevidade de acordo com o quanto fumou, se ganhou peso, se foi sedentária."

De acordo com ela, para viver mais, a intervenção tem que começar muito cedo, quando a mulher ainda está grávida. "Desculpe, homens, mas as mulheres são importantes nesse processo."

Com a população do mundo envelhecendo, a resposta para uma longevidade de qualidade talvez esteja em voltar ao básico, como as blue zones ensinam.

*A jornalista viajou a convite da organização da Conferência Africana sobre Redução de Riscos para a Saúde.

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