Grávida pode tomar ibuprofeno? Veja riscos ao bebê e o que tomar

O ibuprofeno é um fármaco bastante conhecido, que age contra inflamações, dores e febre. Mas será que as grávidas podem tomar ibuprofeno ou ele entra na lista dos contraindicados?

O remédio serve para aliviar sintomas de osteoartrite (lesão crônica das articulações), artrite reumatoide, traumas relacionados ao sistema musculoesquelético (como entorse do tornozelo e dor nas costas) e incômodos após procedimentos cirúrgicos em odontologia, ginecologia, ortopedia e outros.

Ou seja, nas dores de dente, de garganta e de cabeça, é normal recorrer ao ibuprofeno.

Grávida pode tomar ibuprofeno?

Um estudo publicado no periódico Human Reproduction demonstrou que mulheres grávidas que tomam ibuprofeno nas primeiras 24 semanas de gravidez correm o risco de prejudicar a fertilidade de suas futuras filhas.

A equipe de cientistas responsável identificou que, nos primeiros estágios da gravidez, o uso do remédio resulta em uma grande perda de células germinativas —que dão origem aos gametas, espermatozoides e óvulos— nos bebês.

Além dos resultados dessa pesquisa, a própria bula do remédio diz que a administração de ibuprofeno (tanto em gotas quanto em comprimido) não é recomendada durante a gravidez ou a lactação, e estabelece ainda uma lista de riscos de acordo com as fases da gestação.

Riscos de tomar ibuprofeno na gestação

De maneira geral, o uso de anti-inflamatórios no terceiro trimestre da gravidez está associado a malformações cardíacas do feto e prolongamento do trabalho de parto.

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Categoria de risco no primeiro e segundo trimestres da gravidez: Apesar de os testes em animais não demonstrarem risco fetal, não há estudos controlados em mulheres grávidas, o que torna necessário uma avaliação criteriosa do médico para receitar o remédio.

Categoria de risco no terceiro trimestre da gravidez: Neste caso, há evidências de risco para o feto, prevalecendo, então, a contraindicação.

Em relação ao trabalho de parto, o ibuprofeno (na forma de comprimido revestido) inibe a síntese de prostaglandinas e, nos testes em animais, notou-se um aumento da incidência de distocia fetal (anormalidades de tamanho ou posição do feto).

Quanto à lactação, apesar dos poucos estudos em não humanos não indicarem a presença do remédio no leite, ainda há possibilidade de efeitos adversos.

De acordo com as especialistas, há ainda outros riscos como:

  • Aborto espontâneo
  • Defeito uretral em bebês do sexo masculino
  • Fechamento precoce de canal arterial (uma comunicação que existe no coração todos os bebês), o que pode levar ao aumento da pressão pulmonar
  • Redução do líquido amniótico
  • Hemorragias cranianas nos bebês
  • Necrose da mucosa intestinal
  • Distúrbios de coagulação sanguínea, impacto renal e gastrointestinal nas mães
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Qual remédio pode substituir o ibuprofeno na gravidez?

Em caso de ter que utilizar analgésicos, o paracetamol, com prescrição sob orientação médica, é mais seguro ao longo da gestação.

Além disso, há métodos de analgesia não medicamentosa que podem ser importantes, pois conseguem aliviar algumas dores, como massagem, acupuntura, termoterapia (bolsa de água quente) e alongamentos.

Na alimentação, é possível usar bebidas isotônicas e priorizar frutas vermelhas, abacate, cúrcuma e leguminosas com propriedades analgésicas.

No caso de a grávida usar o ibuprofeno, em quais sinais ficar atenta?

O uso de qualquer anti-inflamatório durante a gravidez deve ser realizado apenas em situações em que os benefícios materno-fetais compensarem os riscos neonatais.

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Ainda assim, é possível que a grávida recorra ao ibuprofeno ou outro medicamento do gênero sem saber da gravidez.

Dessa forma, é importante se atentar a alguns sinais, como sangramento vaginal, náuseas e vômitos em excesso, febre alta e alergia ou hipersensibilidade. Corrimento e prurido vulvovaginal, dor ou queimação ao urinar e cefaleia constante também devem acender um alerta.

Quais as principais orientações para mulheres gestantes em relação ao consumo de remédios?

A primeira orientação é não se automedicar. Em paralelo, converse com o seu médico para que ele indique os medicamentos que podem ser utilizados na gestação.

Busque informações sobre uma dieta balanceada e rica em nutrientes (para evitar os remédios), uso de suplementos vitamínicos e do metilfolato —ele ajuda na formação do tubo neural do feto (que dá origem ao cérebro) durante a gravidez, principalmente quando a paciente tem deficiência de cálcio ou vitaminas B6 e B12.

Fontes: Etiêne Galvão, médica ginecologista, obstetra e professora do curso de medicina do Centro Universitário de João Pessoa; Isabel Botelho, ginecologista e obstetra, especialista em medicina fetal pela Faculdade de Medicina da USP; e Juliana Sperandio, ginecologista da rede Feel&Lilit, obstetra e especialista em cirurgias minimamente invasivas pela USP.

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