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Estudo indica que covid-19 ativa a mesma inflamação cerebral que Parkinson

Ressonância magnética de cérebro com Parkinson - iStock
Ressonância magnética de cérebro com Parkinson Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

02/11/2022 13h42Atualizada em 02/11/2022 16h54

Um estudo publicado na revista científica Nature's Molecular Psychiatry nesta terça-feira (1) descobriu que a covid-19 ativa a mesma resposta inflamatória no cérebro que a doença de Parkinson. A pesquisa sugere que a infecção causada pelo novo coronavírus pode aumentar o risco futuro de doenças neurodegenerativas, especialmente entre pessoas que já têm predisposição genética.

Cientistas da Universidade de Queenslad, nos EUA, analisaram o efeito do vírus nas células do sistema imunológico conhecidas como micróglia, responsáveis por responder a danos e infecções no cérebro. Essas células têm papel chave na progressão de doenças cerebrais como Parkinson e Alzheimer.

Após cultivar micróglia humana em laboratório e infectá-las com o coronavírus, a equipe percebeu que o vírus levou as células a ativarem a chamada resposta do inflamossoma NLRP3, uma via que frequentemente é ativada em pacientes com doenças neurogenerativas.

Essa ativação leva à morte de células cerebrais neuronais de maneira crônica ao longo do tempo, o que pode resultar em sintomas neurológicos. "Isso pode explicar por que algumas pessoas que tiveram covid-19 são mais vulneráveis ao desenvolvimento de sintomas neurológicos semelhantes à doença de Parkinson", afirmou em comunicado Eduardo Albornoz Balmaceda, um dos autores da pesquisa.

O estudo também revelou que a proteína spike, usada pelo Sars CoV 2 para entrar nas células, foi suficiente para iniciar esse processo, mas que ele se mostrou ainda mais exacerbado quando a pessoa já tinha "gatilhos" de doenças neurodegenerativas, como proteínas no cérebro ligadas ao Parkinson, por exemplo.

Por isso, se alguém já está predisposto a ter a doença, contrair covid-19 seria como "derramar mais combustível nesse 'fogo' no cérebro", comparou outro autor da pesquisa, Trent Woodruff. "O mesmo se aplicaria a uma predisposição para Alzheimer e outras demências que foram associadas a inflamassomas", disse o pesquisador.

Possível tratamento

A boa notícia é que os cientistas também conseguiram encontrar possíveis opções de tratamento para esses casos.

Eles analisaram se os medicamentos inibidores que estão sendo atualmente testados em ensaios clínicos com pacientes que têm Parkinson também poderiam ser úteis para bloquear a resposta inflamatória no cérebro causada pela covid-19.

Em camundongos, deu certo: as substâncias reduziram a inflamação nos animais infectados pela doença e nas células da micróglia de humanos. Os resultados sugerem uma possível abordagem de tratamento para prevenir a neurodegeneração no futuro.

"Como os inibidores de NLRP3 estão atualmente em desenvolvimento clínico para doenças neurodegenerativas, incluindo doença de Parkinson, esses achados também apoiam uma possível via terapêutica para o tratamento de manifestações neurológicas causadas pelo Sars CoV 2", afirma o estudo.