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Busca por vitaminas para imunidade aumenta, mas elas funcionam mesmo?

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Colaboração para o VivaBem

27/10/2022 04h00

Basta uma ida a qualquer farmácia para se deparar com prateleiras repletas de opções de suplementos para as mais variadas finalidades. Um dos que mais faz sucesso são as vitaminas, em especial aquelas voltadas para fortalecer a imunidade.

Um recente levantamento, por exemplo, realizado pelo hub de saúde e bem-estar InterPlayers, mostrou que as vendas desse tipo de produto tiveram aumento médio de 27,9% entre março de 2021 e fevereiro de 2022.

Em outro relatório, feito pela consultoria Fatpos Global, estima-se que o mercado mundial de suplementos para imunidade pode chegar a movimentar US$ 30,93 bilhões até 2030.

Para a farmacêutica Paula Molari Abdo, diretora técnica da Formularium e membro da Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais), esse aumento na procura por suplementos para a imunidade se deve a uma crescente busca por informações sobre como cuidar da própria saúde e nutrição.

Isso ficou evidente, em especial, durante a pandemia, quando a procura por suplementos que pudessem dar uma força para o corpo resistir à infecção pelo Sars-CoV-2 cresceu em todo o mundo. Entretanto, até hoje, não há comprovação científica de que algum suplemento possa impedir ou amenizar a infecção causada pelo novo coronavírus.

As vitaminas para imunidade funcionam?

Depende. Se o seu corpo estiver com deficiência delas, sim, a suplementação pode ajudar a regular e fortalecer o sistema imunológico. No entanto, a única forma de saber isso é buscando um médico especializado e realizando um exame específico para saber os níveis das vitaminas e minerais no seu corpo.

E isso vale até para quem está constantemente doente. "A avaliação médica é fundamental porque uma rinite não controlada, por exemplo, pode ser interpretada como resfriados de repetição", explica a médica alergista Adriana Azoubel Antunes, membro do Departamento Científico de Imunodeficiência da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), de Recife.

Angélica Grecco, coordenadora da nutrição do Hospital Santa Helena e nutricionista do Instituto EndoVitta, em São Paulo, acrescenta ainda que a imunidade baixa pode estar relacionada a diversos fatores que vão além das vitaminas, como a qualidade e o tempo de sono, o tipo de alimentação que a pessoa tem e até o estado da saúde mental.

"Tudo isso pode impactar na imunidade e estar relacionado a doenças mais sérias", alerta a nutricionista. "Por isso, é um quadro que deve ser avaliado com cautela", diz.

Para o endocrinologista Sérgio Setsuo Maeda, da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo), pacientes imunossuprimidos e/ou com doenças crônicas descompensadas (como diabetes e hipertensão), por exemplo, também podem apresentar uma baixa imunidade que não tem necessariamente relação com a falta de vitaminas.

Quais as principais vitaminas ligadas à imunidade?

Entre os suplementos buscados para reforçar a imunidade, as vitaminas C e D, além do mineral zinco, são sempre as mais buscadas. E isso tem um motivo: os três, de fato, contribuem para o bom funcionamento das nossas defesas.

No caso da vitamina D, por exemplo, diversas pesquisas vêm desvendando o papel dela no sistema imunológico.

Em uma delas, realizada na Itália, os cientistas concluíram que a vitamina D tem efeito modulador e ativador de algumas células de defesa (os linfócitos) que protegem contra a invasão de patógenos, além de reduzir a inflamação do corpo.

Reduzir o processo inflamatório, que acaba enfraquecendo a resposta imunológica, também é função da vitamina C —um poderoso antioxidante que ajuda a combater os radicais livres.

Por fim, de acordo com Angélica Grecco, o zinco é importante porque, entre outas funções, contribui para a produção das nossas células de defesa. Isso ficou claro em uma pesquisa feita por cientistas do Fred Hutchinson Cancer Research Center, nos Estados Unidos. Observando ratos, eles notaram que o zinco é fundamental para a produção dos linfócitos T —reconhecidamente potentes para combater infecções virais no nosso organismo.

Posso tomar vitamina "por precaução"?

Não. A recomendação dos especialistas é que a suplementação de qualquer vitamina só seja feita se a pessoa de fato apresentar alguma deficiência ou orientação médica para isso.

Do contrário, é gasto de dinheiro desnecessário, já que o corpo não vai reaproveitar nem fazer um estoque delas —tudo vai parar na privada no fim do dia, seja pela urina ou pelas fezes.

"Pessoas saudáveis, com níveis normais de vitaminas no sangue, não se beneficiam de 'dose extra' dos suplementos", avalia Sandra Lucia Fernandes, médica nutróloga e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

A médica alerta ainda que a vitamina D, por exemplo, em excesso, pode sobrecarregar o corpo e causar problemas renais. "Por isso, a recomendação é nunca se automedicar", diz.

Vitaminas são encontradas nos alimentos

Uma alimentação variada e que prioriza alimentos naturais e frescos é suficiente para suprir as necessidades que o corpo tem de vitaminas e minerais, afirma Grecco. No caso da vitamina C, por exemplo, um copo de suco de 150 ml de laranja por dia já é suficiente para suprir as necessidades do corpo.

Já o zinco é facilmente encontrado na carne vermelha, nos ovos, em frutos do mar e ainda no feijão, no grão-de-bico e nas oleaginosas.

Por fim, a vitamina D pode ser encontrada em alimentos como leite enriquecido e seus derivados (iogurte, manteiga, queijos), cereais também enriquecidos e peixes gordurosos como salmão e sardinha.

No entanto, só 10 a 20% da nossa necessidade de vitamina D é obtida por meio da dieta. Por isso, é necessário se expor à luz dos raios ultravioletas (UV) do sol por cerca de 15 minutos todos os dias para que a produção da substância no nosso corpo possa ser realizada.

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