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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Entenda a terapia contra câncer de menino com prognóstico de 1 mês de vida

A família de Jean Lucas arrecadou R$ 2 milhões para custear tratamento inovador nos EUA - Reprodução/Instagram
A família de Jean Lucas arrecadou R$ 2 milhões para custear tratamento inovador nos EUA Imagem: Reprodução/Instagram

Do VivaBem, em São Paulo*

21/09/2022 12h19

O UOL contou a história de Jean Lucas Paes Leme Jubé, de 9 anos e que há seis meses foi diagnosticado com linfoma de Burkitt, câncer raro e agressivo que atinge o sistema linfático —de defesa do organismo. A família compartilhou a luta em arrecadar R$ 2 milhões para custear o tratamento da criança, que tem prognóstico de 1 mês de vida caso não realize a terapia nos EUA.

Na tarde de ontem (20), os pais de Jean chegaram à meta da campanha e já se preparam para a viagem. "Conseguimos juntar os R$ 2 milhões que ele precisa para iniciar o tratamento em apenas uma semana de campanha. Isso é muito especial", afirmou o pai do garoto, Silvio Júnior. "Ele ficou muito feliz, apesar de ainda não ter noção completa do que está acontecendo. Ele é uma criança, então ele quer saber se poderá voltar a brincar."

Jean passará por uma terapia celular chamada CAR-T. Inovadora, a técnica utiliza as próprias células de defesa do paciente, que são reprogramadas geneticamente em laboratório, para combater as células do câncer.

De acordo com Vanderson Rocha, médico hematologista, professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e coordenador de terapia celular da Rede D'Or, a terapia com células CAR foi uma espécie de aprimoramento da imunoterapia.

Como funciona?

Na CAR-T, alguns linfócitos T (por isso, CAR-T) são retirados do paciente e modificados em laboratório para reconhecerem, por meio de marcadores biológicos, as células cancerígenas. Uma vez injetados no corpo, eles então combatem o tumor.

Dois ou três dias após a infusão, é esperado que o paciente tenha efeitos adversos, como febre. "É uma reação inflamatória do organismo após a morte das células cancerígenas", afirma Rocha.

Por isso, até 60% dos pacientes que recebem as células CAR-T precisarão ir para a UTI (unidade de terapia intensiva) para monitoramento do quadro, que pode sair do controle e provocar uma reação exacerbada semelhante à tempestade de citocinas que acontecia em alguns casos de covid-19.

Embora seja bastante cara, a terapia celular é considerada hoje a melhor oportunidade para aqueles que já passaram por transplante e tiveram uma recidiva, mesmo ainda não sabendo ao certo quanto tempo de vida ela oferece ao paciente.

"Ainda existe um caminho pela frente que precisamos percorrer para responder isso", finaliza o médico.

*Com informações de reportagem publicada em 30/08/22.