Milium: aprenda a identificar e a tratar essa erupção que surge no rosto
Com nome e aparência peculiares, os pequenos cistos endurecidos que aparecem na pele, com frequência no rosto, são chamados cientificamente de milium. A denominação foi inspirada em um gênero botânico de gramínea. "Em latim se escreve millium, o plural é milia e, em português, escreve-se mílio", explica Mario Cezar Pires, dermatologista do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual) de São Paulo.
Com formato arredondado e coloração esbranquiçada, a lesão cutânea se manifesta tanto em bebês quanto adultos, mas é mais comum em jovens do gênero feminino. Segundo Seomara Catalano, dermatologista e coordenadora de pós-graduação em dermatologia e cirurgia dermatológica das Faculdades BWS (SP), são frequentes em peles oleosas ou em pessoas que usam maquiagens e cosméticos inadequados.
É formado por queratina em uma cápsula composta de epitélio igual ao da pele. "Muitos acreditam que o conteúdo seja sebáceo —gordura—, pelo aspecto, que pode ser, também, amarelado", esclarece Karina Passos, dermatologista ambulatorial da Prefeitura do Recife.
Possuem de 1 a 4 mm de diâmetro e costumam ser múltiplos, ocorrendo, ainda, em placa —com muitas lesões bem próximas. "A causa é a oclusão da saída do folículo piloso, bastante comum em peles acneicas, mas intercorrem em processos cicatriciais de queimaduras", relata Catalano.
Tipos e características
"No rosto, aparecem ao redor dos olhos, no nariz e região das bochechas, assim como, no tórax e nas regiões superiores do corpo. Porém, qualquer parte está sujeita", fala Passos.
São dois tipos existentes. "Os primários não acompanham nenhuma doença e os secundários são decorrentes de algumas dermatoses", ressalta Pires.
O primário ou congênito surge mais na face de forma espontânea. Os recém-nascidos apresentam múltiplos pontos brancos na face durante algumas semanas devido a uma retenção sebácea transitória, o processo regride de maneira espontânea.
Em adultos e adolescentes irrompem mais ou menos isolados nas bochechas, pálpebras, nariz e, por vezes, no couro cabeludo e na genitália.
O secundário aflora em qualquer parte do corpo, durante o processo de reparação de bolhas subepidérmicas, após trauma cirúrgico, dermoabrasão —procedimento realizado para suavizar problemas de pele— ou queimadura solar. "Ocorre uma cicatrização anormal na pele e forma-se o milium", informa Passos.
Pode ainda estar associado a dermatoses raras, como epidermólise bolhosa distrófica, líquen atrófico, líquen escleroso, penfigoide bolhoso, pênfigos e porfiria cutânea tardia.
Os maiores são confundidos, muitas vezes, com cistos epidérmicos ou pequenos xantomas de pálpebras —conhecido como xantelasma, cuja causa é o enchimento de células com lipídios na derme que se caracteriza por placas moles e elevadas, de cor amarelada ou amarela-alaranjada, em geral, no canto interno das pálpebras, sinalizando uma provável dislipidemia (triglicerídeos elevados).
"Ao contrário do xantelasma, miliuns são lesões inofensivas, que acometem apenas a pele", enfatiza Passos.
Não cutuque!
A maioria das pessoas confunde o milium com cravos e tenta fazer a remoção em casa. Porém, como são pequenos cistos, eles não saem facilmente. É preciso um preparo adequado e profissional capacitado —dermatologista ou esteticista.
"Manipular o milium sem higiene e cuidado necessários acarreta infecções, manchas e cicatrizes. Em casos mais brandos, usar um sabonete esfoliante ajuda a retirar as pequenas lesões e até impedir que novas surjam", orienta Catalano.
Já em se tratando de prevenção, não é algo tão simples, explicam os especialistas, porque muitas vezes a causa não é identificada, mas a recomendação é manter os cuidados gerais, como boa higiene, limpezas de pele regulares e evitar traumas.
Fontes: Karina Passos, dermatologista clínica, cirúrgica, estética e tricologista, atende no ambulatório da Prefeitura Municipal de Recife e na Clínica Espaço Derma, e é membro da SBD-PE (Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional Pernambuco); Mario Cezar Pires, dermatologista do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual) de São Paulo e Seomara Catalano, dermatologista e coordenadora de pós-graduação em dermatologia e cirurgia dermatológica das Faculdades BWS (SP).
Referência: Dicionário de Dermatologia (2009), coordenação de Lídia Almeida Barros.
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