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Longevidade

Práticas e atitudes para uma vida longa e saudável


Cair não é normal ao envelhecer: manter-se ativo previne as quedas; entenda

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Janaína Silva

Colaboração para VivaBem

15/04/2022 04h00

A lista dos fatores que nos fazem cair é extensa: déficit nutricional, calçado, objetos pelo caminho, uma freada brusca no transporte público, problemas de saúde e por aí vai.

À medida que se envelhece, os riscos de cair aumentam devido a desajustes cognitivos, acuidade visual e auditiva, depressão, ansiedade, dor, perda de massa e força musculares, redução da mobilidade, patologias no sistema vestibular (do ouvido), deformidades nos pés e o uso de várias medicações (polifarmácia). As disfunções cardíacas, respiratórias ou neurológicas também impactam.

"O desequilíbrio corporal é um dos principais fatores que limitam a vida do idoso. Na maioria dos casos, não pode ser atribuído a uma causa específica, mas, sim, a um comprometimento do sistema de equilíbrio como um todo. Os tombos são as consequências mais graves, seguidas por fraturas, hospitalização, complicações psicológicas, medo, perda e redução da independência, da autonomia e da mortalidade", fala Lindbergh Barbosa Affonso, fisioterapeuta no HC (Hospital das Clínicas) da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), ligado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

"Cair não é normal com o envelhecimento", afirma Karina Gramani Say, fisioterapeuta e professora do Departamento de Gerontologia do CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde) da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).

Segundo ela, a questão deve ser tratada amplamente pelos gestores públicos, para a ampliação da segurança em vias públicas e no transporte coletivo. "Em relação à assistência ao idoso pela família, cuidadores e equipe médica, é preciso um planejamento e atenção aos sinais anteriores às quedas."

Manter-se ativo e praticar atividades físicas são estratégias que reduzem os impactos do processo de envelhecimento, protegem contra fraturas e perdas cognitivas, evitam doenças crônicas, preservam a capacidade funcional e ampliam a qualidade de vida.

"Praticados regularmente e de forma global, os exercícios aperfeiçoam as condições de saúde, como ganhos de massa muscular, estabilidade e flexibilidade corporal", elenca Roberto Ranzini, ortopedista, médico do esporte, médico do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ambos em São Paulo.

Estabilidade

Idoso andando devagar, passo lento - iStock - iStock
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O metabolismo geral do organismo é beneficiado com o restabelecimento da capacidade motora na realização de tarefas diárias simples, que exigem força, mobilidade e flexibilidade, independente da idade.

Essa manutenção ou melhora da mobilidade impacta positivamente em aspectos metabólicos, neurológicos, cognitivos e, até na sociabilização dos indivíduos, com aumento da autoestima e do humor. Ocorrem, também, a diminuição da tensão excessiva dos músculos e alívio do estresse nas articulações.

Para prevenir distúrbios da marcha e quedas, deve-se priorizar o desenvolvimento da capacidade aeróbica, flexibilidade, equilíbrio, resistência e força muscular.

Práticas recomendadas

Hidroginástica, caminhada, alongamento, musculação e dança são algumas variedades para a manutenção da estabilidade corporal, além das atividades:

Multimodais: conjunto de exercícios físicos combinados de diferentes modalidades que englobam fortalecimento, treino de direções, marcha e dupla tarefa, alongamentos e trabalhos para atenção, função executiva e orientação espacial.

Exercício_idoso - iStock - iStock
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Estimulação do equilíbrio corpóreo: ioga, tai chi chuan, pilates, treinos com bolas, bosu —sigla do inglês para both sides up, equipamento em forma de meia bola—, pranchas, cama elástica, entre outros.

Funcionais e com enfoque no core: que se relaciona aos músculos das regiões abdominal, lombar e pélvica.

Proprioceptivas: que estimulam a percepção ou sensibilidade da posição, deslocamento, estabilidade, peso e distribuição do próprio corpo. Realizados de forma controlada, os estímulos causam desestabilização a fim de elevar o alinhamento pelo sistema nervoso central e periférico.

Flexibilidade

Jovem e idoso fazendo exercício, treinando, treinamento, corrida, malhação - iStock - iStock
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Em relação ao alongamento muscular, os especialistas explicam que entre os resultados estão a amplitude dos movimentos das articulações e o aporte sanguíneo dos músculos.

A flexibilidade prepara o movimento, favorece a aceleração da recuperação e evita lesões. "Ao colocar esse tipo de treino na rotina, se adiciona elasticidade ao sistema de músculo e aos tendões do corpo, o que melhora o condicionamento físico. Além disso, os exercícios de flexibilidade promovem o relaxamento e reduzem as tensões", esclarece o fisioterapeuta no HC-UFPE.

De acordo com a professora da UFSCar, se o indivíduo tem perda de flexibilidade isso leva a redução da sua capacidade de se proteger ao sofrer um desequilíbrio. "Ninguém cai por ser encurtado, mas o encurtamento muscular reduz a capacidade de recuperar o equilíbrio caso haja alguma instabilidade postural. Por isso que os exercícios necessitam ser individualizados."

Fontes: André Pedrinelli, ortopedista, traumatologista, médico do esporte, professor livre-docente pelo departamento de ortopedia e traumatologia da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), membro da SBOT (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), da AAOS (American Academy of Orthopaedic Surgeons), da Slard (Sociedade Latinoamericana de Artroscopia e Medicina do Esporte), da Isakos (International Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Sports Medicine) e do ACSM (American College of Sports Medicine); Karina Gramani Say, fisioterapeuta, professora do departamento de gerontologia do CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde) da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), orientadora no programa de pós-graduação em gerontologia, coordenadora e docente da especialização interdisciplinar em dor, coordenadora do centro de referência do atendimento interdisciplinar em dor e coordenadora do MBA Healthcare Management, todos da mesma instituição; Lindbergh Barbosa Affonso, fisioterapeuta no HC (Hospital das Clínicas) da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), ligado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); e Roberto Ranzini, ortopedista, médico do esporte, médico do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ambos em São Paulo, membro da SBOT, da SBTOC (Sociedade Brasileira de Terapia por Ondas de Choque) e da AAOS.