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Nocautes e 'medo de morrer': quais os riscos da competição de tapa na cara?

Campeonatos de tapa na cara têm crescido - Px images
Campeonatos de tapa na cara têm crescido Imagem: Px images

De VivaBem, em São Paulo

25/05/2023 12h07Atualizada em 25/05/2023 14h12

Um tapa, e o rival está no chão. Com vídeos impressionantes, nocautes instantâneos e muito dinheiro rolando, as competições de tapa na cara têm ganhado espaço, chegando a ter um campeonato ligado ao UFC. Mas, como qualquer esporte com impacto na cabeça, este tipo de disputa não está livre de riscos.

Recentemente, um lutador ganhou atenção por ficar com o rosto desfigurado por um tapa. Outro admitiu: "tenho medo de morrer". Mas, afinal, um golpe de mão aberta pode ser letal? Uma experiência curiosa nos ajuda a responder.

Mortes por tapa

Uma agressão desse nível pode parecer bastante inofensiva, no entanto, existem casos de pessoas que de fato morreram após levarem tapas, ainda que os casos sejam raros.

Isso ocorreu em 2020 com o militar inglês Ewan Callender, que acidentalmente matou seu pai, Malcolm, após desferir tapas na cara dele durante uma brincadeira.

Uma situação tão bizarra quanto essa ocorreu em 2017, nos Estados Unidos, mas com uma combinação de fatores. Um homem que havia sido agredido com um golpe no rosto morreu após as artérias dessa região se romperem e provocarem em seguida uma hemorragia cerebral, segundo o site Futurism.

O experimento

A companhia norte-americana de software Ansys provou em um experimento que não se deve subestimar a seriedade dos danos que um tapa pode causar.

Na pesquisa, um computador utilizou a técnica de FEA (Análise de Elementos Finitos, em tradução livre) para simular um tapa em um frango cru inteiro, com uma velocidade de cerca de 6.000 km/h.

A intensidade do impacto provoca um aumento de temperatura grande, mostrando que seria possível cozinhar um frango dessa forma. Ou quase isso, já que o impacto potencialmente destruiria a peça, com risco de uma explosão.

Contudo, vale ressaltar que o resultado dependeu de uma série de fatores que vão além da capacidade humana. Em primeiro lugar, os pesquisadores usaram uma mão de aço para agredir o frango. Em segundo, a velocidade foi próxima de 6 mil km/h, o ideal para gerar uma quantidade de energia suficiente para cozinhar a carne.

Vale lembrar que, segundo o Futurism, um pugilista de boa qualidade consegue dar socos de cerca de 50 km/h.

O experimento com o frango inspirou até youtubers brasileiros a tentarem o mesmo. No caso deles, a força foi substituída por repetições, aos milhares.

Um deles chegou a contar cerca de 200 mil "tapas" na peça de frango. O grande problema foi que, diante de tantos e tão potentes tapas, ele começa a se despedaçar antes de ficar cozido.

Conclusão

Tapas de fato são perigosos, mas é preciso uma combinação de fatores para que eles acabem em morte, já que são raros os casos em que apenas o golpe é fatal.

O caso das competições de tapas tem um agravante: a repetição das agressões. Como se sabe, esportes como boxe e MMA podem levar lutadores a terem encefalopatia traumática crônica, que ficou conhecida como demência pugilística.

O hospital Oswaldo Cruz define esta condição como "o estágio final de uma doença cerebral crônica e progressiva, caracterizada por uma alteração neurológica que ocorre pelo efeito cumulativo de traumas cerebrais repetitivos". Entre os sintomas, nota-se alterações motoras, cognitivas ou psíquicas. Inicialmente podem surgir tremores e falta de coordenação, combinados com mudanças de humor e estágios de euforia ou depressão. Mais tarde, as alterações motoras podem se acentuar, "caracterizando um quadro parkinsoniano, além de um agravamento também na parte psiquiátrica, com impulsividade, inadequação do comportamento, inclusive sexual, e agressividade".