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Frio é capaz de congelar o pênis, como disse o esquiador Remi Lindholm?

REUTERS/Marko Djurica
Imagem: REUTERS/Marko Djurica

Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

22/02/2022 15h36

O esquiador Remi Lindholm, da Finlândia, disse que seu pênis congelou após terminar uma corrida de esqui cross-country, de 30 km, nas Olimpíadas de Inverno em Pequim: "É uma dor insuportável. Foi uma das piores competições em que participei", disse.

Segundo a Federação Internacional de Esqui, durante a corrida, o vento chegou a 28 km/h e a sensação térmica era de -26ºC. Mesmo assim, especialistas ouvidos por VivaBem não acreditam que o órgão realmente tenha "congelado de frio".

"Qualquer parte do nosso corpo pode congelar em decorrência do frio, mas as áreas de extremidades, como mãos, pés, orelhas e ponta do nariz são as mais comuns para que isso aconteça, devido à exposição", explica Renato Faria, urologista do Hospital São Vicente de Paulo (RJ) e membro da Sociedade Brasileira de Urologia.

Já a região peniana, embora também seja uma área de extremidade, que até pode ficar desprotegida, não sofre tanta influência do meio externo, como no caso do frio intenso. "Do ponto de vista genital, o pênis também pode congelar, mas isso é uma apresentação extremamente incomum", diz Faria.

Essa situação seria praticamente impossível de acontecer, porque o pênis tem um suporte vascular maior que outras regiões.

"E quando você está numa situação de frio, o pênis retrai. Então, você tem uma capacidade de deixar o sangue continuamente circulando, sem sofrer como aconteceria em outras extremidades", ressalta Alex Meller, professor de urologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

O que pode ter ocorrido com o pênis do atleta então?

Para Meller, a única possibilidade possível é que Lindholm tenha sentido o suor congelar, não o pênis, propriamente dito.

"Em uma competição assim é bem provável que ele tenha transpirado, por mais que estivesse frio. E, se isso aconteceu, essa transpiração pode ter congelado, não o pênis", diz o especialista, ressaltando que o atleta encostou no órgão e sentiu que estava duro, por isso achou que havia congelado.

"A única possibilidade seria essa, um congelamento do suor em volta do pênis", afirma Meller. E vale ressaltar que o congelamento de um órgão resulta no impedimento do fluxo sanguíneo. Nesses casos, há risco de perder o membro atingido, pois ele deixa de ser irrigado e acaba necrosando.

"Quando congela a região em volta do órgão, a necrose, teoricamente, não acontece, porque congela apenas a pele, que depois descama. É como se fosse uma queimadura de pele e dói bastante. Mas o órgão por dentro está preservado", conclui Meller.