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Espondilite anquilosante: entenda a doença dolorosa da atriz Dani Moreno

Reprodução/Instagram @dani_moreno
Imagem: Reprodução/Instagram @dani_moreno

Giulia Granchi

Do VivaBem, em São Paulo

22/09/2021 17h44

A atriz Dani Moreno, de 35 anos, conhecida por atuar em novelas da RecordTV, como "Gênesis" e "Amor Sem Igual", compartilhou com seus seguidores do Instagram que vive com espondilite anquilosante, uma doença autoimune e degenerativa.

"Tenho desprazer em conhecê-la tão intimamente, EA. Você já dava sinais de que estava por aqui desde que eu era muito pequena. Inflamações e infecções diversas e repetidas; dificuldade em me sentir bem com alguns alimentos, especialmente o glúten; cansaço avassalador sem porquê nem pra quê; dores que me travavam o pescoço a ponto de colocar colar cervical aos 7 anos etc... Como saberíamos? Como imaginaríamos que o marcador HLA B27 passaria de vó para mãe e de mãe para filha?", escreveu na rede social.

O que é e o que causa a espondilite anquilosante

A espondilite anquilosante é uma doença autoimune que pertence a um grupo de doenças chamadas de espondiloartrites.

O grupo inclui patologias como a artrite psoriásica (associada à psoríase) e a artrite enteropática (associada à doença inflamatória intestinal, como Crohn e retocolite ulcerativa).

"Essas doenças apresentam características em comum, como a inflamação em áreas como tornozelos, joelhos e calcanhar levando à dor crônica na região lombar e nas nádegas", explica Rodrigo Poubel, reumatologista na clínica Cobra Reumatologia, em São Paulo, e mestre em Ciências Médicas pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

A causa das espondiloartrites é desconhecida, explica o médico, porém acredita-se que a origem desse grupo de doenças deva-se a uma interação complexa entre fatores genéticos — estudos sugerem que o risco do quadro em parentes de primeiro grau varia de 5 a 16%— ambientais, como por exemplo o tabagismo.

Descobrir a doença em estágio inicial, como a atriz afirmou que foi seu caso, faz bastante diferença. "O retardo no diagnóstico pode levar à instalação de lesões articulares mais graves, como fusão óssea das sacroilíacas (local de comunicação entre a coluna vertebral e a bacia) e a formação da coluna do tipo "bambu", com a qual os pacientes geralmente apresentam dor e perda de mobilidade na bacia e na coluna vertebral", diz Poubel.

Sintomas

Normalmente, a dor lombar persistente por mais de três meses é o primeiro sinal da doença. Depois, o incômodo pode irradiar para pernas e causar rigidez na coluna e comprometer a mobilidade.

Se não for realizado o tratamento adequado, podem ocorrer algumas complicações:

  • Dores intensas na coluna e nas articulações;
  • Inflamação nos olhos, chamada de uveíte;
  • Inflamação do intestino, as vezes com formações de fistulas intestinais (estreitamentos);
  • Deformidades articulares no quadril e nos ombros;
  • Doenças de pele, principalmente casos de psoríase;
  • Problemas cardíacos, como inflamação de vasos do coração, doença valvar aórtica, distúrbios de condução, cardiomiopatia e doença cardíaca isquêmica;
  • Quanto à saúde mental, podem ocorrer alterações do humor e depressão.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico das espondiloartrites depende, inicialmente, da descrição detalhada dos sintomas pelo paciente. Assim, o médico consegue identificar as principais características clínicas comuns a esse grupo de doenças. "Havendo a queixa de dor na bacia e na coluna, o profissional deverá solicitar exames de imagem para ambas as regiões", afirma o reumatologista.

A ressonância magnética é utilizada principalmente nos casos em que os sintomas sejam relativamente recentes pois tem alta resolução para lesões inflamatórias agudas/ativas.

Já as radiografias, apontam o especialista, são especialmente úteis para a detecção de alterações estruturais nas articulações, sendo, portanto, mais úteis nos casos cujos sintomas sejam relativamente mais longos. "Também podem ser solicitados testes de marcadores inflamatórios no sangue como VHS e proteína C reativa, além do marcador genético conhecido para a doença, que leva o nome de HLA-B27", esclarece.

Qual é o tratamento?

Trata-se de uma doença crônica, portanto sem cura. O objetivo do tratamento é controlar os sintomas e retardar ou inibir a progressão da doença.

"O tratamento medicamentoso pode incluir anti-inflamatórios e drogas anti-reumáticas, como metotrexato, sulfassalazina e os ditos agentes imunobiológicos (medicamentos produzidos pela biologia celular de DNA humano), que revolucionaram o tratamento das espondiloartrites. Também devemos recomendar a realização de exercícios de reabilitação com profissionais experientes", informa Poubel.

O tratamento para doenças reumáticas é garantido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que disponibiliza tratamentos farmacológico (com o uso de medicamentos) e complementares (com a utilização de práticas integrativas e complementares, exercícios, terapia física, entre outros)

"O próximo passo, é tomar as injeções imunossupressoras. Elas custam mais de 10 mil cada. Preciso de 2 por mês. E quem vai me salvar? Ele mesmo, o SUS", disse a atriz no Instagram.