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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Estudo mostra que imunização de crianças reduz impactos da gripe no Brasil

Publicação, que tem brasileiro entre os pesquisadores, revela prevenção de mais de 407 mil casos sintomáticos com a adoção da vacina ampliada para o público infantil - Geber86/iStock
Publicação, que tem brasileiro entre os pesquisadores, revela prevenção de mais de 407 mil casos sintomáticos com a adoção da vacina ampliada para o público infantil Imagem: Geber86/iStock

Do VivaBem, em São Paulo

25/09/2020 10h58

Um estudo recente publicado no periódico britânico BMC Public Health, com a participação do infectologista brasileiro Expedito Luna, do Instituto de Medicina Tropical da USP (Universidade de São Paulo), revelou efeitos positivos da imunização infantil contra a influenza por meio da vacina quadrivalente.

Segundo o levantamento, patrocinado pela empresa farmacêutica Sanofi Pasteur, a adoção da vacina com proteção ampliada para o público infantil, que protege contra quatro tipos de vírus, poderia prevenir mais de 407 mil casos sintomáticos da doença, mais de 11 mil hospitalizações e quase 400 mortes por ano em relação à vacina disponível atualmente, com proteção trivalente.

Além disso, a cobertura poderia provocar uma economia incremental de mais de R$ 17 milhões ao ano ao sistema público de saúde, evitando custos diretos relacionados ao tratamento dos casos.

A pesquisa teve como foco a avaliação dos benefícios da vacina quadrivalente na população pediátrica de 6 meses a menores de 6 anos de idade, que tem risco aumentado para a influenza, além de serem agentes importantes na cadeia de transmissão do vírus.

A proteção das crianças, de acordo com a análise, contribui para reduzir o risco global da população contrair a doença, já que os pequenos não só aumentam a circulação do vírus, mas também o transmitem por mais tempo que os adultos — entre 7 e 10 dias — o que impacta diretamente na quantidade de casos.

O impacto da gripe

Embora nem sempre se manifeste de forma grave, a gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório com grande potencial de transmissão e responsável por altas taxas de hospitalização no país. As complicações mais comuns são quadros de bronquite e bronquiolite, pneumonias bacterianas secundárias e risco de ataque cardíaco, que aumenta em até 10 vezes com a infecção. Em casos mais severos, pode levar à morte.

Segundo estimativa da OMS (Organização Mundial de Saúde), anualmente há de 3 a 5 milhões de casos graves e 290.000 a 650.000 mortes por ano no mundo pela influenza. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2019, o país registrou mais de 1.100 óbitos causados pela doença. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra a influenza, além de reduzir em até 45% o risco de ataques cardíacos.

Por que é importante se vacinar anualmente?

As mutações sofridas pelo vírus da influenza fazem com que a composição da vacina para a doença passe por alterações anualmente, o que resulta na necessidade de imunização todos os anos contra o vírus. A partir do monitoramento das cepas em maior circulação ao redor do mundo, a OMS faz sua recomendação, definindo a composição da vacina para os Hemisférios Sul e Norte, priorizando combater as mutações mais frequentes e perigosas do vírus.

Para 2021, a OMS deve recomendar nos próximos dias as cepas que irão compor o imunizante. A rede pública, por meio do PNI (Programa Nacional de Imunização), disponibiliza a vacina trivalente, que conta com duas cepas A e uma B. Já a rede privada oferece a vacina quadrivalente, que contém uma cepa B adicional e oferece proteção ampliada contra mais um subtipo.

Apesar de ambas as vacinas serem seguras e eficazes de acordo com a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), a proteção quadrivalente proporciona ganho superior ao cobrir as duas linhagens B do vírus da gripe. Na versão trivalente, há o risco de contágio por linhagens que podem estar circulando em menor volume, já que não consideram a cepa da temporada.