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Cris Guerra: "A gente precisa aprender a ser feliz durante pandemia também"

Do VivaBem, em São Paulo

04/08/2020 11h00

No Conexão VivaBem desta quarta-feira (4), a escritora Cris Guerra disse que é importante tentar ser feliz durante esse momento provisório de pandemia. Segundo ela, mesmo com planos adiados, é preciso aprender a viver com o que se tem no período. "Ficamos refém dos planos adiados, mas é preciso fazer vida desse momento provisório", disse.

Cris contou que esse é um aprendizado que deve se ter sempre. "É uma ilusão essa ideia de que podemos controlar as coisas. Não é só agora que a gente não pode controlar, assim como também a possibilidade de morrer. A morte é tão presente na nossa vida, mas a gente vive fingindo que ela não vai acontecer. Quando a gente vivencia isso, quando alguém próximo morre, essa pessoa acaba sendo um mártir que nos faz lembrar sobre a urgência da vida".

A escritora não negou a tristeza da situação, mas disse que "também não se pode fazer a vida se tornar uma tristeza". "Outro dia me peguei dançando na cozinha e fiz uma playlist chamada 'Ser Feliz na Quarentena' e fiz essa pergunta: É possível ser feliz na quarentena?".

Cris comparou a reflexão a quando sua mãe adoeceu. Na mesma época, a escritora se apaixonou por alguém. "Comecei a namorar e minha mãe estava tratando um câncer superdifícil. Eu me sentia culpada por estar feliz quando minha mãe estava triste ou sofrendo. Eu também estava triste por ela. Mas eu pensei que não era a minha tristeza que iria poder ajudá-la. Talvez a minha alegria pudesse. Então eu acho que a gente precisa aceitar essas dualidades e aprender a viver com o que a gente tem".

A psicanalista Vera Iaconelli disse que a situação é mesmo ambivalente: "Convivem um aprendizado de que a gente sobrevive e uma profunda tristeza, que eu acho que tem que entrar na conta e ser reconhecida como tal. Mas não existe mesmo esse depois".

Ela disse que essa ideia de que o bom da vida ainda está por vir leva à infelicidade também. "É um platô. Quando eu chegar, quando fizer, quando tiver, quando eu perder quilos ou ganhar na loteria a vida vai ficar tão legal que aí eu vou curtir. Não, gente, é hoje, agora ou esquece. Não tem esse depois. Vejo pessoas de 50 anos que chegaram naqueles ícones que elas se propuseram, têm tudo e estão absolutamente deprimidas, porque durante o percurso não viveram nada. Uma coisa muito curiosa".