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Fabrício Carpinejar: "Solidão é gasolina; sem ela, não vamos muito longe"

Reprodução/Conexão VivaBem
Imagem: Reprodução/Conexão VivaBem

Do VivaBem, em São Paulo

01/09/2020 10h30

No Conexão VivaBem desta terça-feira (1), o escritor Fabrício Carpinejar revelou que considera a solidão como algo essencial para o autoconhecimento. Ele contou que aprender a ficar sozinho é uma habilidade social que deveria ser ensinada às crianças. "Ficar sozinho é sinônimo de falta de amigos e deveria ser sinônimo de 'Eu sou amigo de mim mesmo'".

Carpinejar comparou a solidão a um combustível para se conhecer e justamente ter o que agregar em relações interpessoais. "A pior violência não é a da retração, mas da exposição. Você acaba expondo sem ter o que oferecer, sem ter se abastecido. Solidão é gasolina. Você precisa dela para poder fazer caminhos mais longos", disse. Segundo o escritor, se você não consegue ficar sozinho por algum tempo, não terá gasolina para um diálogo depois.

O psicanalista Lucas Liedke contou que as pessoas confundem muito alguns transtornos com o aprender a se sentir confortável com a solitude. Ele explicou, por exemplo, que, por definição, antissocial é um comportamento violento e não necessariamente uma escolha de ficar só. A fobia social também é confundida, mas gera sofrimento, um incômodo desproporcional.

Em alguns cenários, entretanto, a solidão pode ser muito positiva. "Pode ser muito melhor do que você se ligar a relações tóxicas, abusivas ou codependentes, simplesmente porque você tem medo de ficar sozinho ou porque está impregnado por essa cultura que a gente tem do par, da família, do amor romântico, do casamento". Liekde contou que culturalmente a solidão e as formas de encará-la são questões que não se lida muito bem, não se fala muito sobre. Como Carpinejar sugeriu, essas mudanças deveriam vir desde a infância, "mas hoje as crianças não são incentivadas ou inspiradas a ficarem sozinhas".