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Cuidar da mente para uma vida mais harmônica


Métodos de relaxamento podem aumentar ansiedade em quem sofre com a doença

Meditação e yoga podem causar mais ansiedade em pessoas que sofrem com o transtorno, diz novo estudo - iStock
Meditação e yoga podem causar mais ansiedade em pessoas que sofrem com o transtorno, diz novo estudo Imagem: iStock

Do VivaBem, em São Paulo

16/10/2019 15h02

Meditação e yoga te deixam mais ansioso? Calma: você não está sozinho! Um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade do Estado da Pensilvânia mostrou que algumas pessoas tendem a evitar qualquer tipo de exercícios de relaxamento porque isso as deixam ainda mais ansiosas.

Na pesquisa, publicada no Journal of Affective Disorders, os pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia analisaram 96 estudantes e perceberam que os mais ansiosos evitavam relaxar em exercícios voltados para esse fim.

De acordo com os médicos, esse mecanismo é na verdade uma forma de defesa para impedir que eles "baixem a guarda" por um momento e acabem tendo que se preocupar novamente depois ao sofrer uma grande decepção, por exemplo.

Michelle Newman, uma das autoras do estudo, pesquisa há alguns anos a ansiedade induzida por relaxamento, conceito conhecido desde a década de 1980. Com a pesquisa, ela comprovou uma antiga suspeita: a de que a condição seja causada pela tentativa dos pacientes em evitar o contraste de emoções, ou seja, passar do estado de ansiedade para o de relaxamento e depois para um momento de estresse causado por algum acontecimento ruim.

Como o estudo foi feito

  • Os pesquisadores recrutaram 96 estudantes de universidade, dos quais 32 sofriam de transtorno de ansiedade generalizada, 34 têm depressão e 30 com nenhum transtorno.
  • Com eles no laboratório, os médicos fizeram exercícios de relaxamento antes de fazê-los assistir a vídeos que estimulavam sentimentos de medo ou tristeza.
  • Os participantes então responderam um questionário para relevar quão sensível eles eram às mudanças em seu estado emocional. Os médicos queriam saber se algum deles considerava que o exercício de relaxamento poderia ajudar a lidar com emoções negativas.
  • Então, os pesquisadores repetiram os exercícios de relaxamento e pediram que outro questionário fosse preenchido para medir o nível de ansiedade durante o segundo ciclo de relaxamento.
  • Depois de analisar as respostas, os médicos descobriram que pessoas com transtorno de ansiedade generalizado eram mais sensíveis aos picos acentuados de emoção, como ir de um momento de relaxamento para outro de susto ou estresse.
  • Essa sensibilidade foi ligada à ansiedade que eles sentiram durante as sessões de relaxamento.
  • O mesmo efeito foi observado nas pessoas com depressão, embora não tão forte.

Por que isso é importante?

Os autores do estudo esperam que, com essas informações, os médicos responsáveis por cuidar de pessoas com transtornos como ansiedade e depressão tenham um novo olhar nas formas de orientar os pacientes a lidarem com suas doenças.

Eles também acreditam que seria importante analisar esse mesmo efeito em outros transtornos, como síndrome do pânico e depressão persistente.

Como driblar os pensamentos ansiosos?

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: são 18,6 milhões de brasileiros convivendo com a doença, que pode causar preocupação excessiva e uma avalanche de pensamentos negativos em um curto espaço de tempo.

No dia a dia, existem alguns truques práticos para lidar com o que os médicos chamam de "ruminação mental" —um aspecto bastante comum da ansiedade em que os pensamentos negativos se acumulam e se repetem, causando um grande mal-estar e até desencadeando crises de ansiedade. Confira:

1. Pratique uma atividade manual

Cozinhar, tricotar ou fazer crochê, por exemplo, são atividades que desfocam a mente dos pensamentos negativos pois exigem atenção plena —ou seja, além de coordenação motora, é preciso ter habilidades como concentração e atenção durante a execução. Ao não alimentar o ciclo de ansiedade, os pensamentos perdem importância e se tornam inofensivos.

2. Dê uma pausa para caminhar

Assim como a atividade manual, caminhar por 10 minutos antes de explodir é suficiente para desanuviar os pensamentos e traz a mente para o presente, aliviando o mal-estar e a angústia causados pelo excesso de preocupação.

3. Escreva sobre o que te preocupa

Expressar no papel sentimentos, medos e angústias ajuda a materializar os pensamentos, trazendo-os para o mundo real - onde podem ser analisados e colocados em perspectiva. Além de aliviar a angústia, escrever também serve para entender padrões mentais e identificar gatilhos para a ansiedade.

4. Desconecte-se das redes sociais

A maioria do conteúdo desses sites mostra pessoas felizes e bem-sucedidas o tempo todo, algo impossível se ser alcançado na vida real. Esse estímulo incessante é um importante gatilho para a ansiedade. Por isso, evite ficar online durante uma crise para não se sentir ainda mais angustiado. Pense também se tudo que você segue te faz mesmo bem.

5. Evite a solidão

A recorrência de pensamentos negativos é maior quando nos isolamos das pessoas com quem temos relacionamentos saudáveis. Conversar com alguém de confiança sobre os sentimentos ruins ou mesmo procurar um terapeuta são formas de aliviar a preocupação e refletir sobre os sentimentos, colocando-os em perspectiva. Veja como transformar a solidão em algo positivo.

6. Pratique atividade física

Cerca de 40 minutos de atividades aeróbicas todos os dias são suficientes para liberar endorfina —um neurotransmissor que ajuda a relaxar o corpo. A prática também melhora o funcionamento da absorção de serotonina do cérebro, outro neurotransmissor que costuma estar em baixa em pessoas ansiosas. Aqui, é importante encontrar uma atividade que dê prazer: vale tentar dança, corrida, andar de bicicleta etc. O importante é manter a rotina de exercícios, pois os benefícios são colhidos em longo prazo.

* Informações retiradas de reportagem de Danielle Sanches publicada em 02/08/2019.