"Minha filha acordou sem sentir as pernas": entenda a artrite juvenil

Resumo da notícia
- Ana Luiza Frelik um dia acordou sem sentir as pernas e depois de 4 meses foi diagnosticada com artrite idiopática juvenil, doença autoimune e crônica
- Não se sabe a causa do problema, mas é uma doença incomum e que acomete jovens com menos de 16 anos
- 40% dos pacientes com essa artrite atingem a remissão sem remédio e não levam o problema para a fase adulta
- No entanto, pessoas com artrite idiopática juvenil sistêmica, como Ana Luiza, precisam de mais cuidados, por ser a manifestação mais grave do quadro
"Mamãe, não sinto minhas pernas". Essa foi a primeira manifestação da artrite idiopática juvenil na pequena Ana Luiza Frelik, à época com 2 anos. A história foi apresentada nesta quinta-feira (05), durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia em Fortaleza, no Ceará.
"Ela não tinha força nas pernas e reclamava de dor", conta Celiane Frelik, mãe da menina que hoje tem quatro anos. A doença é incomum, por isso foi difícil descobrir o que ela tinha. Enquanto isso, os sintomas e incômodo só pioravam: febre alta, manchas vermelhas pelo corpo, inchaço nos tornozelos, punho e joelhos.
Diversos exames foram feitos e os médicos acharam que poderia ser câncer e até síndrome de Guillain-Barré, já que a criança tinha muita dificuldade para andar e só queria ficar deitada. "Ela não conseguia segurar uma colher para comer de tanta dor", relata Celiane. Depois de quatro meses e muitas incertezas, Ana foi diagnosticada com artrite idiopática juvenil, uma doença crônica que atinge pessoas menores de 16 anos.
Depois do diagnóstico, dificuldades no tratamento
Embora fosse um alívio descobrir o que a filha tinha, a família sofria junto, já que precisava ficar o tempo todo com a menina no hospital. Em meio a isso, o pai da criança foi demitido e eles resolveram voltar para Santarém, no Pará, para tentar ficar mais próximos e ter ajuda dos familiares.
No entanto, ao chegar lá, se depararam com um cenário ainda pior e mais triste, já que não havia médicos especialistas para tratar a doença da filha. Além disso, por terem começado o tratamento com os remédios no Amazonas, não era possível retirar a medicação específica no SUS (Sistema Único de Saúde) de outro estado. Comprar também não era uma solução, já que é um medicamento de alto custo.
Celiane teve que pedir apoio de comunidades de pacientes e à imprensa para que tivesse direito aos remédios. Depois de algumas semanas, a família conseguiu retirá-los em Santarém. Ana então retomou o tratamento e começou a apresentar sintomas de melhora.
Hoje, ela ainda precisa se consultar com médicos em Manaus e, às vezes, por falta de recursos, ela e a mãe pegam um barco para ir de um local para o outro, numa viagem que demora três dias. As visitas acontecem de três em três meses e, atualmente, Ana está em remissão, não tendo mais crises e sintomas fortes da doença.
O que é artrite idiopática juvenil
É uma doença autoimune crônica que atinge crianças e adolescentes menores de 16 anos. Os sintomas precisam durar mais de seis semanas e, normalmente, os pacientes diagnosticados podem entrar em remissão e chegar à fase adulta sem os sinais do problema. "Em média, 40% dos pacientes atingem a remissão sem remédio e não levam o problema para a fase adulta", disse Eduardo Paiva, reumatologista e diretor cientifico da SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia).
Existem mais de cinco tipos de inflamações, mas a mais grave, assim como aconteceu com Ana Luiza, é a artrite reumatoide juvenil sistêmica, que provoca febre persistente e inflamação no corpo inteiro.
"A sistêmica é muito rara e acomete cerca de 10% dos pacientes. Mas como é mais agressiva, inflama as articulações e pode atingir até o coração", afirma Clovis Artur Almeida da Silva, presidente de reumatologia pediátrica na SBR e professor do departamento de pediatria na FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Sintomas
- Membros inchados
- Dores nas articulações, principalmente cotovelo, joelho e punho
- Articulação rígida durante a manhã
- Febre
No caso da inflamação sistêmica, outro sintoma são as manchas pelo corpo.
Tratamento da artrite idiopática juvenil
Normalmente, o tratamento para a doença é feito com anti-inflamatórios não hormonais, dependendo do nível do quadro do paciente. Quando não há resposta nesse tipo de terapia, os médicos utilizam agentes biológicos, que são drogas fortes e modificadoras da doença.
Durante o tratamento também deve ser feito acompanhamento com profissionais de fisioterapia e terapeutas ocupacionais, que auxiliam na diminuição da dor e mobilidade das articulações.
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