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Saúde

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Primeira morte ligada ao uso de cigarro eletrônico é reportada nos EUA

AFP
Imagem: AFP

Do VivaBem, em São Paulo

26/08/2019 12h10

Uma pessoa morreu após desenvolver uma grave doença respiratória ligada ao uso de cigarro eletrônico, em Illinois, nos Estados Unidos. A informação foi dada pelo CDC (Centros de Controle de Doenças e Prevenção) na sexta-feira (23).

De acordo com o órgão, há 193 potenciais casos em 22 estados americanos, a maioria deles envolvendo o uso de "vape", como o cigarro eletrônico é chamado popularmente, com THC, o principal composto ativo da maconha.

O que é essa doença?

Embora os problemas reportados pelos pacientes tenham ligação com o uso de cigarros eletrônicos, mais dados ainda são necessários para ter certeza sobre o que está causando a doença respiratória misteriosa.

De acordo com o jornal britânico The Independent, os sintomas descritos antes da hospitalização são dificuldade de respirar e dor no peito. Uma vez internados, os pacientes apresentaram febre, tosse, vômito e diarreia.

Um estudo publicado pelo periódico Thorax revelou que o vapor desses cigarros eletrônicos pode ser responsável por desativar as principais células do sistema imunológico no pulmão e aumentar as inflamações no organismo.

"O problema é que há poucos estudos sobre o que as substâncias que produzem o vapor do cigarro eletrônico causam na saúde", explica Stella Regina Martins, especialista em dependência química do Programa de Tratamento do Tabagismo do Incor (Instituto do coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP).

De acordo com a especialista, além da nicotina, os cigarros eletrônicos ainda podem conter aditivos para dar sabores de fruta, por exemplo, o que traz mais danos à saúde. "Cada aditivo tem uma composição diferente, não regulamentada, que vai mudar quando aquecida. É quase impossível saber em quais substâncias eles vão se transformar após o aquecimento e o que isso vai causar no corpo", acredita.

No Brasil, os DEFs (dispositivos eletrônicos para fumar), como são chamados os cigarros eletrônicos, são proibidos pela Anvisa por meio da resolução RDC 46/2009 justamente pela falta de evidências de que o uso desses produtos é seguro. O órgão recentemente realizou uma audiência pública para debater o tema.

Jovens veem o "vape" como produto seguro

Para o médico Paulo Corrêa, pneumologista da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), os aparelhos para o "vaping" são comercializados, ainda que proibidos, de forma livre e como um produto seguro --o que não é o caso. "Muitos jovens usam achando que a fumaça é apenas vapor de água, mas não é verdade", conta. "O líquido contém substâncias como glicerol e propileno glicol, que podem originar substâncias cancerígenas depois de aquecidas", alerta o médico.

Além disso, há ainda a adição de nicotina em muitos deles. A substância também está presente no cigarro comum e é conhecida por causar dependência. "Os usuários acreditam estar fumando algo moderno e personalizável, mas na verdade estão com um produto que pode fazer tanto mal quanto o cigarro comum", afirma Corrêa.

Para Stella Regina Martins, é importante que os novos usuários estejam avisados dos riscos que correm ao utilizar esse produto. "Não sabemos se trocamos seis por meia dúzia. Quem quiser usar precisa saber que pode entrar nessa moda e sair doente", afirma.

*Informações de matéria publicada no dia 19/08/2019.