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Kit único pode identificar patógenos causadores de infecções

Novo kit dará celeridade no processo de identificação de doenças - iStock
Novo kit dará celeridade no processo de identificação de doenças Imagem: iStock

Alana Gandra

Da Agência Brasil

18/08/2019 12h30

A disponibilização para laboratórios privados e hospitais públicos de um 'kit' único para identificação rápida de patógenos de relevância médica, como vírus, bactérias e fungos, poderá se tornar realidade já em 2021, facilitando identificar as causas de uma infecção. A estimativa é da pesquisadora Rosane Silva, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que desenvolve o projeto. Atualmente, para identificar o que provoca uma infecção, os 'kits' disponíveis no mercado são específicos para somente um microrganismo alvo.

Com financiamento da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro) e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Rosane Silva disse que a ideia é que o 'kit' que vem sendo testado em equipamentos de última geração possa ser usado também em outras plataformas de baixo custo.

"A ideia é tornar acessível para que qualquer laboratório possa utilizar o 'kit', entre os quais laboratórios de hospitais públicos. Queremos que seja seja o mais abrangente possível e aplicado em equipamentos de custo mais baixo". Silva pretende também fazer parcerias para oferecer serviços e treinamento de pessoal de hospitais públicos para melhor utilização dos 'kits'. Calculou que o custo desse teste pode evoluir de R$ 300 a até R$ 4 mil, dependendo do equipamento utilizado. "Vai depender muito do quanto a gente pode adequar o equipamento para diferentes plataformas", explicou.

Casos especiais

Silva esclareceu que esse 'kit' não é indicado para uso rotineiro, mas para casos especiais, como descobrir o que provoca uma infecção em pacientes com septicemia, contaminação alimentar e infecções em próteses ortopédicas de difícil tratamento. Pode fazer ainda o monitoramento ambiental em solos e águas que estejam contaminados por bactérias resistentes a antibióticos, além de detectar infecções no tecido cardíaco, como endocardites, e em pacientes pediátricos, incluindo neonatos e prematuros. O 'kit' ajuda a orientar na escolha da melhor conduta terapêutica a ser adotada em casa caso.

O resultado do 'kit' sai entre 48 e 72 horas, mas a pesquisadora pretende que ele seja dado o mais rápido possível. "Em menos de cinco dias", diz a especialista, que espera validar todos os testes em até 24 meses. Ela está adaptando o sistema para que possa ser usado por laboratórios mais distantes ou remotos e que não tenham muitos recursos. A fase atual de testes é a mais difícil, avaliou Silva, porque envolve amostras clínicas que necessitam da autorização prévia dos pacientes. De acordo com a pesquisadora, o 'kit' pode ser direcionado também para uma assinatura genômica dos ácidos nucleicos.

A detecção simultânea de microrganismos associados à saúde humana reduz as internações e, em consequência, diminui os custos hospitalares e a mortalidade. "A identificação rápida do patógeno permite ter o medicamento adequado para aquela situação. O paciente vai se recuperar mais rápido, com menos custos de internação", avalia. Ao mesmo tempo, isso reduz a mortalidade já que o paciente usufrui dessa informação para ter o medicamento correto, em vez de ser submetido a testes de diferentes drogas que acabam debilitando a pessoa.

O financiamento da Faperj para realização do projeto alcançou R$ 690 mil e o da Capes, R$ 100 mil. A Universidade do Texas, nos EUA, é parceira intelectual do projeto. Os resultados alcançados até agora geraram três artigos sobre o tema na revista científica PLOS One, e nos jornais 'Microbiologyopen' e Gene.