Como diferenciar a ansiedade comum de um transtorno de ansiedade?

Sentir o coração disparar antes de uma apresentação na escola ou no trabalho, suar frio antes de uma entrevista de emprego ou quando está andando sozinho em uma rua deserta e escura, são sintomas de ansiedade normais e que acontecem em vários momentos da nossa rotina, muitas vezes intensa e corrida. Mas sentir isso de vez em quando é normal. Como saber que a ansiedade está saindo do limite?

A ansiedade passa a ser um problema quando a pessoa começa a ter problemas físicos e emocionais e perdas funcionais: não consegue trabalhar da maneira habitual e começa a produzir menos; não consegue mais ter uma sensação de vida plena e de realização de suas potencialidades.

Ou seja, quando a sensação de ansiedade ocorre de forma desproporcional ao problema que é apresentado e com sintomas que se demoram por mais tempo (normalmente mais de seis meses), já pode ser um sinal de alguma patologia. No entanto, é um psiquiatra quem poderá dar o diagnóstico final de um transtorno de ansiedade. Se você desconfia do problema, procure por uma consulta e divida com o médico o que você sente.

Como se chega a esse ponto?

Se olharmos a evolução das espécies, a ansiedade é importante tanto para os predadores quanto para as presas. Na lei da selva, você tem que estar o tempo todo ligado para fugir de um possível predador, se você é, no caso, a presa. E se é o predador você também tem que estar o tempo todo ligado para conseguir um alimento, senão você morre de fome.

Esse mecanismo de defesa é o que garantiu que as espécies sobrevivessem. Hoje em dia, porém, o homem vive em um ambiente que, teoricamente, proporciona muito mais segurança do que quando o ser humano não vivia em civilizações, mas, no dia a dia, os disparos ainda acontecem.

Independentemente da situação, o sentimento de pânico e a reação de fuga é que gera as situações de ansiedade. Estar em um prédio em chamas faz com que o seu organismo dispare uma reação de alarme, o coração acelera e a pessoa começa a correr, em busca de sobrevivência. Essa mesma reação pode ocorrer, por exemplo, ao assistir a uma partida de futebol clássica em que seu time está ganhando do maior rival.

O problema é quando esse tipo de reação ocorre de forma desproporcional e por um longo período de tempo. Com isso, a ansiedade começa a gerar sintomas físicos também.

Os diferentes transtornos de ansiedade

A ansiedade patológica pode se manifestar de diversas formas. As mais comuns são:

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Fobias: fazem parte do grande grupo dos transtornos ansiosos, mas têm a característica de que o indivíduo consegue localizar aquilo que gera o desconforto. Quem tem medo de ratos, se colocado em um ambiente cheio desses animais, poderá desencadear uma crise de pânico. Do mesmo modo que, se uma pessoa não gosta de falar em público, por não gostar de estar exposta a pessoas desconhecidas e ter medo da reação dessas pessoas, outros indivíduos podem ter muito medo de estarem sozinhos em lugares fechados ou em lugares onde a fuga é mais difícil, ter uma crise e não ter como ser ajudado (agorafobia), que geralmente acontece após a pessoa ter algumas crises de pânico.

Transtorno de pânico: é um quadro em que a pessoa é tomada por ataques de medo súbitos, em que começa a ter taquicardia, sudorese, ondas de frio e calor, sensação de falta de ar, de opressão ou aperto no peito, mal-estar gástrico, vômitos, diarreia, vertigens e tonturas. Pode ainda ter a sensação de morte ou tragédia iminente.

TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada): é caracterizado por uma preocupação excessiva sobre situações rotineiras, mas, que a pessoa sempre antecipa com finais catastróficos. A pessoa vai dormir com a sensação que algo vai dar muito errado. Muitas vezes, ele nem sabe o porquê mas ele tem essa sensação: preocupações realistas ou excessivas, mas, principalmente incontroláveis. O TAG é acompanhado de sensações físicas como tensão muscular e os mesmos sintomas do transtorno do pânico só que em ondas não em crises.

Como a ansiedade é tratada?

Consumir pouco ou nenhum álcool, não utilizar tabaco, fazer exercícios físicos moderados ou intensos com regularidade, ter uma alimentação equilibrada, meditação e boas noites de sono, são os melhores hábitos para uma vida mais tranquila e equilibrada.

Já para os casos de ansiedade crônica e que colocam em risco a estabilidade emocional, a orientação é procurar ajuda de um médico generalista ou de profissionais de saúde mental como um psicólogo ou um psiquiatra. Após uma análise do profissional, uma medicação pode ser aplicada.

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Fontes: Amilton dos Santos Junior, médico psiquiatra e professor do departamento de psicologia médica e psiquiatria da Faculdade de Medicina da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); e Márcio Bernik, psiquiatra e coordenador do Programa de Ansiedade do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo)

*Com matéria publicada em 14/08/2019

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