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Primeira troca de órgãos diferentes para transplante é descrita em estudo

Doadoras, receptoras e os cirurgiões Nancy Ascher e John Roberts - Jessica Bernstein-Wax/UCSF Health
Doadoras, receptoras e os cirurgiões Nancy Ascher e John Roberts Imagem: Jessica Bernstein-Wax/UCSF Health

Do UOL VivaBem

11/05/2019 13h40

Resumo da notícia

  • Nos Estados Unidos houve o primeiro caso em que foram trocados órgãos diferentes de duas doadoras para suas parentes
  • Aliana Deveza doou parte do seu fígado para a irmã de Annie Simmons, enquanto Annie doou um rim para a mãe de Aliana
  • O caso foi importante, pois transplantes com doadores vivos são delicados e foi a primeira vez em que esse tipo de troca envolveu órgãos diferentes

Sabemos que as filas de transplantes são complicadas: muitas pessoas precisam de órgãos, mas poucos estão disponíveis e nem sempre são compatíveis. Alguns precisam ser doados por quem faleceu por morte cerebral, como o coração, mas outros podem ser transferidos por pessoas vivas, como os rins e o fígado.

No entanto, quem quer doar em vida precisa atender a alguns requisitos e nem sempre isso acontece. Em 2017, ocorreu nos Estados Unidos o primeiro caso em que dois doadores vivos que não podiam ajudar seus familiares trocaram doações de órgãos diferentes entre si. Aliana Deveza doou parte do seu fígado para a irmã de Annie Simmons, enquanto Annie doou um rim para a mãe de Aliana. O caso, inédito, foi descrito em um estudo na edição de abril de 2019 do American Journal of Transplantation.

Entenda melhor o caso

Tudo começou quando Aliana Deveza, da Califórnia (Estados Unidos), não pode doar um rim para sua mãe, que vivia em diálise devido a uma glomerulonefrite fibrilar. A filha, por questões genéticas, corria risco de ter a mesma condição no futuro. No entanto, ela decidiu que poderia doar uma parte de seu fígado para outro paciente, em troca de um rim para sua mãe. Esse tipo de situação havia sido descrita em um artigo científico naquele ano, mas nunca havia sido feita.

Aliana conversou com o médico John Roberts da Universidade da Califórnia e um dos autores do estudo. Ela foi avaliada e viu que seu fígado poderia sim ser doado, então foram em busca de alguém compatível. Após 18 meses encontraram Annie Simmons, de Idaho (Estados Unidos), que não poderia doar um fígado para a irmã, por não ter massa suficiente no lobo esquerdo de seu órgão.

Tendo duas doadoras dispostas a fazer a troca, a equipe médica entrou em um impasse ético: doar um rim e doar um fígado são processos diferentes, embora igualmente arriscados. Todo transplante que envolve doadores vivos são processos delicados e os médicos queriam entender se essa troca era justa. No entanto, os riscos e benefícios de ambas as doações eram equivalentes, o que levou a equipe a seguir com o plano.

Por fim, após conversarem com as duas doadoras e as transplantadas, e todas aceitarem esse acordo, as quatro cirurgias foram feitas com sucesso. Hoje, mais de um ano depois, as receptoras dos órgãos estão com a saúde estabilizada, enquanto as doadoras não apresentaram nenhum problema. Aliana, em entrevista ao site News Scientist, afirmou que ficou feliz de ter ajudado não só sua mãe, como outra pessoa também. "Espero ter estabelecido um precedente".

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