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Foram os cortes que causaram Guillain-Barré em Rochelle? Entenda a doença

A blogueira Rochelle terá a Síndrome de Guillain-Barré após um forte resfriado  - Reprodução/Globo
A blogueira Rochelle terá a Síndrome de Guillain-Barré após um forte resfriado Imagem: Reprodução/Globo

Maria Júlia Marques

Do UOL VivaBem, em São Paulo

29/09/2018 10h36

A personagem Rochelle, representada pela atriz Giovanna Lancellotti, será diagnosticada com a Síndrome de Guillain-Barré na novela O Segundo Sol. A doença pode prejudicar os movimentos do corpo, causando diminuição de força, alteração de sensibilidade e sensação de formigamento.

Nas últimas cenas, a blogueira foi parar no hospital após sofrer cortes profundos e, ao ser examinada por um médico, também reclamou de dor de garganta, dor nos braços e nas pernas, formigamento nos pés e nas mãos e de uma gripe forte que teve no mês passado. Mas entre todos esses sintomas, o que faz sentindo para o diagnóstico de Guilliain-Barré?

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“Os cortes não têm relação com a doença, pode ter sido só uma maneira que encontraram para personagem parar no hospital”, afirmou Edson Issamu, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo, em São Paulo. “Só a inflamação na garganta também não dá para afirmar que levaria ao quadro, mas a gripe forte cerca de 20 dias antes dos sintomas faz sentido”, completou.

Isso porque a síndrome se manifesta após uma infecção, como a tal gripe de Rochelle. O corpo produz anticorpos para matar o invasor, mas tem uma resposta exagerada e desmedida. Aí, acaba atacando também células dos nervos periféricos, responsáveis pelo movimento dos músculos e sensibilidade dos nossos membros superiores e inferiores. Em casos brandos, a doença agride só o “revestimento” do nervo, mas em casos mais agressivos os anticorpos danificam o nervo e trazem consequências mais graves.

Essa produção de anticorpos como mecanismo de defesa não é instantânea. Até que eles sejam produzidos de forma maciça e comecem a agir agredindo os nervos pode demorar de 14 a 30 dias, dependendo de cada organismo.

Com tudo explicado, podemos concluir que os cortes profundos só fariam sentido para o diagnóstico de Guilliain-Barré se eventualmente ficassem infeccionados, e mesmo assim os sintomas não seriam imediatos, demorariam ao menos 2 semanas.

“Com o passar do tempo, o paciente começa a sentir diminuição de força e alteração de sensibilidade, sensação de formigamento. Os sintomas começam nos pés e são ascendentes, podem subir para joelho, quadril, tórax e até músculos respiratórios”, explicou Issamu.

As sensações começam nos pés e progressivamente se espalham pelo corpo, o que difere do que houve com a blogueira, que sentiu formigamentos nos pés e nas mãos ao mesmo tempo logo de início. “Mas é claro que cada caso é um caso, só não é a forma clássica como a doença se manifesta”, afirmou o neurologista.

Quem sofre da resposta autoimune também pode ter paralisias temporárias durante a crise, o que resumos da novela mostram que acontecerá com Rochelle.

“De início é comum que o paciente com Guilliain-Barré tenha sensibilidade e não se assuste muito, acha que é algo pontual. Mas depois começa a sentir uma diminuição de força estranha nas pernas, dificuldade de andar, de subir escadas, e busca um hospital para entender o que está acontecendo”, comentou Issamu.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a síndrome de Guillain-Barré é uma condição rara e acomete pessoas de todas as idades, mas é mais comum em adultos do sexo masculino. Por estar vinculada a uma reposta a infecções, o número de diagnósticos da doença costuma subir no inverno.

Ainda não é claro porque algumas pessoas desenvolvem a resposta exagerada e outras não. A notícia otimista para quem sofre da síndrome é que a OMS afirma que a maioria dos pacientes com a doença se recupera totalmente até mesmo em casos mais graves.

Como tratamento, podem ser usados medicamentos para frear os anticorpos descontrolados, além de fisioterapia. Em casos mais graves, pode ser realizada até a filtração dos anticorpos que estão causando o mal, em um procedimento parecido com a hemodiálise. O tempo de recuperação varia de acordo com o estrago causado aos nervos, mas costuma ser lento e progressivo. 

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