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Colonoscopia rastreia câncer e retira pólipos; veja como funciona o exame

Colonoscopia é fundamental para rastrear precocemente câncer colorretal - iStock
Colonoscopia é fundamental para rastrear precocemente câncer colorretal Imagem: iStock

Luiza Vidal

De VivaBem, em São Paulo

10/06/2022 04h00

A colonoscopia é um exame fundamental para rastrear o câncer colorretal, o terceiro tipo mais comum no Brasil, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer). De forma rotineira, o procedimento é indicado a partir dos 45 anos (antes, a idade era 50), mas algumas pessoas podem (ou devem) realizá-lo antes por causa de histórico de câncer na família, além de suspeitas após a presença de sintomas, como mudança no hábito intestinal, sangue nas fezes, excesso de diarreia, perda de peso e dor abdominal.

O preparo pode ser mesmo chato, mas é um procedimento rápido e indolor, além de ser considerado um método terapêutico, uma vez que é possível retirar os pólipos (um acúmulo de células, que se reproduz rapidamente, e parece uma verruga) durante a própria colonoscopia.

Tudo sobre a colonoscopia

O que é a colonoscopia?

É um exame endoscópico realizado com um microtubo, com um câmera na ponta, que é introduzido pelo ânus e analisa o reto, intestino grosso e a porção final do intestino delgado (íleo). A partir disso, o médico consegue avaliar, pelas imagens, se há pólipos (que são como pequenas verrugas), diverticulite (inflamação do divertículo, que são pequenas bolsas na parede do intestino grosso), tumores ou sangramentos nas regiões por onde o tubo passa.

Para que serve o exame?

As principais funções da colonoscopia são investigar sintomas ou rastrear câncer colorretal ou possíveis doenças inflamatórias intestinais, como doença de Crohn ou retocolite ulcerativa. Os sinais que podem chamar atenção são: diarreia constante, sangramento nas fezes, dores abdominais, perda de peso e alteração dos hábitos intestinais (ora constipado, ora mais solto).

Além disso, o exame possui outros benefícios, segundo Henrique Perobelli, gastroproctologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. "A colonoscopia não só previne, mas também trata possíveis lesões que, no futuro, podem ser cancerígenas ao paciente", diz. "Os pólipos [pequenas verrugas], por exemplo, podem ser removidos durante o exame", explica.

Como é feito o preparo da colonoscopia?

Essa é a parte que os pacientes mais reclamam, segundo os médicos. Isso porque o preparo do exame pode ser chato. Envolve uma dieta pobre em fibras na véspera, com maior consumo de água e líquidos (chá, água de coco ou sucos coados), além do uso de laxantes, que promovem uma forte diarreia horas antes da colonoscopia. Esse preparo pode ser feito em casa ou no hospital ou clínica, dependendo do paciente.

A ideia, segundo Denise Priolli,coloproctologista e coordenadora do curso de medicina da Faculdade Pitágoras, em Codó (MA), é que ocorra uma limpeza total do intestino para que o médico consiga avaliar adequadamente as regiões.

"É no intestino grosso onde ficam as fezes, então, para enxergarmos a parede dele, precisamos tirar o conteúdo. É como se fosse uma casa cheia de móveis e, para olhar as paredes, se tem furos ou não, precisamos tirar todos os móveis", explica a médica, que também é especializada em gastroenterologia.

Segundo Priolli, o ideal é esperar até que as fezes saiam como um líquido amarelo, como se fosse xixi. "Assim, sabemos que o intestino está limpo e vamos conseguir enxergá-lo. Caso tenha fezes lá, pode passar algo que está escondido", esclarece.

A partir de qual idade ele deve ser feito?

De acordo com os especialistas consultados por VivaBem, a colonoscopia passa a ser um exame de rotina para pessoas de 45 anos —antes, a idade recomendada era de 50. Isso significa que, caso ela nunca tenha feito o procedimento antes, é a partir desta faixa etária que deve realizá-lo.

"É nesta idade que começamos a fazer o rastreio de câncer colorretal e a colonoscopia é um exame de excelência para o diagnóstico", explica Orcina Duarte, médica proctologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), da rede Ebserh.

Caso aponte normalidade, o exame pode ser feito a cada 10 anos, dependendo do paciente, ou a cada 5 anos —a recomendação pode mudar de acordo com orientação médica.

Quem mais deve fazer a colonoscopia?

Pessoas com histórico familiar de câncer colorretal ou doenças inflamatórias intestinais devem realizar a colonoscopia antes dos 45 anos, além de pacientes que apresentam sintomas, como alteração de hábito intestinal (ora constipado, ora com diarreia), perda de peso, sangue nas fezes, fortes dores abdominais.

"Se a mãe dessa pessoa, por exemplo, teve câncer colorretal aos 40 anos, ela deva fazer a colonoscopia aos 30, para pegar as lesões antes que virem câncer", explica Perobelli.

Além disso, pacientes que realizaram radioterapia de tumores na pelve, ovário ou próstata devem realizar o exame 3 anos após o término do tratamento. De acordo com a médica da UFPE, a radioterapia aumenta o risco de ter câncer no local. Por isso, é importante que este grupo tenha acompanhamento.

O que o exame pode identificar?

Pólipos (que podem ser retirados durante exame), sangramentos, inflamações, tumores e diverticulite (inflamação do divertículo, que são pequenas bolsas na parede do intestino grosso). Com qualquer suspeita de câncer colorretal, é recolhido um material que é encaminhado para a biópsia.

Quanto tempo dura?

Depende de cada paciente, mas a colonoscopia dura em média de 20 a 40 minutos.

"Existem intestinos mais difíceis, menos flexíveis e elásticos, e isso pode atrapalhar a passagem do aparelho (microtubo). Intestinos de pacientes que têm doenças repetidas, crises de inflamação, diverticulite ou tortuosidades, que é como se fosse um sanfonamento no intestino, deixam a passagem do aparelho até o íleo mais difícil", diz Alexandre Marsillac, coloproctologista do Hospital São Vicente de Paulo (RJ) e titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

A colonoscopia causa dor?

Não. Assim como ocorre na endoscopia, exame que analisa o aparelho digestivo, os pacientes são sedados e dormem. O máximo que pode ocorrer, segundo os especialistas, é o desconforto com gases após a colonoscopia, o que é resolvido com remédio (simeticona).

Apesar de ser um exame minimamente invasivo, há a necessidade de ser feito em um hospital ou clínica, com assistência de um anestesista. Já o profissional que realiza o exame deve ser um médico endoscopista ou coloproctologista.

Como funciona a anestesia antes do exame?

O paciente é sedado para dormir e não sentir nenhum desconforto durante o exame. Por isso que a colonoscopia deve ser realizada em clínicas ou hospitais (principalmente quando idosos), para que a pessoa seja monitorizada em todo o procedimento.

Após o exame, há um tempo de recuperação até que a pessoa acorde e possa voltar para a casa —isso sempre com um acompanhante maior de 18 anos.

Como o paciente fica depois do exame?

Bem. O que ele pode sentir é a sensação de gases, que pode ser resolvida com remédio. Também não é indicado tomar grandes decisões neste dia por causa dos efeitos dos sedativos, além de dirigir ou realizar qualquer atividade que ofereça riscos. É por isso que para realizar o exame, o paciente deve estar acompanhado por alguém maior de 18 anos.

Fontes

Alexandre Marsillac, coloproctologista do Hospital São Vicente de Paulo (RJ) e titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões; Denise Priolli, coloproctologista e coordenadora do curso de medicina da Faculdade Pitágoras, em Codó (MA); Henrique Perobelli, gastroproctologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo; e Orcina Duarte, médica proctologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), da rede Ebserh.