Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Como escolher uma maternidade?
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Essa é uma dúvida que sempre está presente no pré-natal e, embora não possua dados na literatura, a prática acaba levando a alguns pensamentos que resolvi compartilhar. Essa escolha não tem ponto certo, mas quanto antes conseguir pensar sobre ela, mais tranquilidade e possibilidade de troca você terá.
Em alguns casos, limitações podem ocorrer. Por exemplo: para quem está no SUS e possui maternidade de referência que não pode ser alterada, ou quem está pelo convênio e só possui uma opção. Diante deste cenário, em que as opções não são negociáveis, a minha dica é que vá até o hospital, se for possível, conheça a dinâmica do local, converse com pessoas que estiveram internadas, busque avaliações na internet e saiba filtrar as informações.
Em se tratando de saúde, é frequente encontrarmos mais relatos negativos, experiencias ruins ou ótimas, porque lidamos com um momento de muita expectativa —e algumas quebras nessa expectativa podem levar a uma mudança completa da experiência, assim como um mimo recebido pode fazer a pessoa esquecer todos os detalhes. Então olhe de forma ampla, pergunte o porquê de tal consideração e se algo específico chamou mais a atenção.
Já no cenário em que as restrições na escolha são pequenas ou de pouco impacto, vamos a algumas dicas:
- Localização: ter uma maternidade próxima ou de acesso fácil é bom tanto para quem interna quanto para os familiares e amigos que poderão visitar. Independente da via de parto escolhida, emergências podem acontecer e o deslocamento rápido poderá ser necessário. Por isso, saber o caminho, deixar salva a localização, ter noção de como chegar caso precise de um aplicativo ou carona é algo para deixar organizado.
- Acomodação: saber como é a estrutura, a distribuição dos quartos e número de pacientes em acomodações de enfermaria.
- Acompanhante: a presença do acompanhante é lei, mas infelizmente, por diversas questões, em alguns locais isso não se respeita ou é feito parcialmente, por exemplo, o acompanhante pode permanecer no parto, mas não pode ficar na recuperação pós-parto ou no quarto.
- Cuidados com o recém-nascido: saber se o hospital preza para presença do recém-nascido com a mãe na primeira hora e nas seguintes, sem necessidade de berçário caso tudo esteja bem. Nos casos de intercorrência, se existe UTI neonatal; caso não exista, saber qual a dinâmica se uma remoção for necessária.
- Valor: para quem irá pagar, é importante checar o valor e o que está incluso no pacote, geralmente, dois a três dias de internação, assistência ao parto, recém-nascido com mãe em alojamento conjunto e exames para a admissão (cardiotocografia, teste de HIV e Sífilis) são parte principal do pacote. Medicações extras e internação na UTI neonatal ou adulto não estão inclusas e não são necessárias geralmente, mas conhecer esse valor para o caso de uma eventualidade é importante.
- Visita antes do parto: a maioria das maternidades permite visita ao local, não perca essa oportunidade, essa é uma forma de se familiarizar com o local.
- Equipe: verifique com a equipe que irá acompanhar o parto se eles possuem disponibilidade para o hospital que você deseja ou se podem fazer algum ajuste para isso ser possível.
- Plano B: tenha uma segunda opção no caso de alguma eventualidade, considerando os pontos anteriores.
- Gestantes de alto risco: checar tanto a presença de UTI adulto quanto neonatal são formas de aumentar a segurança, bem como o suporte de outros especialistas e se o hospital dispõe de suporte das especialidades clínicas e cirúrgicas.
Para quem deseja o parto vaginal, prestar atenção nos percentuais de realização de parto vaginal e cesárea da instituição pode ajudar na definição do hospital. Verificar quais profissionais estão envolvidos no parto, se o hospital possui enfermeira obstétrica, se permite a entrada de doula, anestesista que realize analgesia de parto e a presença de itens como bola, banqueta, banheira também ajuda a entender se há estrutura para isso acontecer.
Por fim, vale ressaltar que o plano de parto (um documento elaborado pela gestante que informa como ela deseja que seu parto seja assistido pela equipe) é uma das maneiras de ter a sua vontade ouvida, independente do hospital ou da via de parto ele pode ser feito e entregue para que a equipe te acompanhe da forma mais respeitosa possível.
Nem sempre alinhar todos os desejos com estrutura da maternidade escolhida é possível, por inúmeros motivos, mas acredite que muito do parto está relacionado com a equipe e informação. Busque conhecimento e compreenda o que você deseja para esse momento tão especial.
Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br.
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